sexta-feira, 26 de maio de 2017



26/05/2017  02h00  
vinicius torres freire 
   
Eleição 2017: mais nomes que programas
  
POLÍTICA POLITIQUEIRA é discussão de quem vai mandar e quem vai levar o quê. Mas governo não se faz assim, apenas. 

Nestes dias de transição transada no caos, ainda sabe-se mais das discussões do arranjo do governo pós-Temer do que dos meios de evitar bagunça econômica que tende a complicar o mandato do presidente de 2019. 

Nesta quinta (25), os tucanos maiores discutiram em São Paulo nomes para a chapa das indiretas e conversavam com donos do dinheiro. O tucanato paulista não quer que o presidente indireto dispute as diretas de 2018. Até agora, conversa-se quase nada a respeito de como evitar o esboroamento da economia. 

Saiu-se, por exemplo, com a ideia de lançar o senador Tasso Jereissati para presidente, com o homem dos Três Poderes, Nelson Jobim, como vice ou, mais provável, ministro da Justiça. 

Jobim foi ministro do STF, deputado e ministro de Lula e FHC. Conversa bem com a elite econômica, com dissidências do PMDB e com o PT. 

Muita gente no Congresso, graúda e miúda, vê Jobim como um possível negociador de um acordão que separe os políticos entre podres e recuperáveis, o grande articulador de um arranjo qualquer de anistia, como aquele que alivia a pena para "mero" caixa dois. Não quer dizer que ele seja assim. Mas parte do eleitorado das indiretas o vê dessa maneira. 

Sabe-se algo sobre como vai ficar a administração da economia? Henrique Meirelles poderia ficar no cargo, em vez do por ora rumor Armínio Fraga, dizem. Mas o buraco é mais em baixo; os tucanos sabem disso. 

Há duas questões essenciais nessa transição transada bananeira. 

Primeiro, como fica a reforma previdenciária e a contenção geral de deficit e dívida. 

Segundo, o presidenciável das indiretas terá de discutir algum jeitinho para aliviar o futuro penal do núcleo do governo Temer e um jeitão de atenuar as penas dos pendurados na Lava Jato. É quase um quinto do Congresso, fora os que ainda vão rodar; é esse o eleitorado que vai escolher o próximo presidente. 

Sem reforma da Previdência, as contas de cobrir o deficit e rolar a dívida do governo vão ficar mais caras. Não arrebenta necessariamente uma recuperação econômica miúda no ano que vem, por exemplo. Mas, sem reforma agora, se coloca na sala da campanha de 2018 ou do governo de 2019 uma manada de rinocerontes. 

Primeiro, o país iria para a campanha em crise social feia, com baixo crescimento, depois de quatro anos de recuo do PIB per capita. Segundo, o governo estará em uma pindaíba letal. Será preciso aprovar um pacotão de impostos E reforma previdenciária. Será preciso amargar a pílula. 

Caso proponha reformas na campanha eleitoral, o candidato a presidente terá chances reduzidas de vencer. 

Caso aceite reformas, mas escamoteie o assunto, haverá estelionato eleitoral em 2019, como em 2015, com os efeitos conhecidos, mais ou menos piores. 

Caso se eleja um candidato contrário a mudanças, vamos pelo menos para uma longa estagnação econômica. 

Quede o programa para a eleição 2017? 

Ah, convém não esquecer: é preciso que Temer caia. As articulações para cassar a chapa Dilma-Temer 2014 no TSE mal começaram. Depois, é preciso que o Supremo seja convencido, digamos, a derrubar os recursos de Temer. 

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