04 DE JULHO DE 2019
FINALISTA INESPERADO
GUERREIROS INCAS
Peru de Guerrero surpreende o Chile na Arena, bate os atuais bicampeões da Copa América por 3 a 0 e será o adversário da Seleção brasileira na decisão, no domingo
Surpresa na Copa América. O adversário do Brasil na final será o Peru. Na fria noite de ontem em Porto Alegre, a equipe de Paolo Guerreo, que só se classificou para o mata-mata por ter sido uma das melhores terceiras colocadas na fase de grupos, superou o Chile por 3 a 0 e irá ao Maracanã no domingo em busca de seu terceiro título continental. Os chilenos, no sábado, disputam o terceiro lugar contra a Argentina, na Arena do Corinthians.
Antes do torneio, era consenso geral de que o Grupo A seria o mais fraco. Pois dois representantes da chave farão a decisão (na primeira fase, o Brasil goleou por 5 a 0). E o Peru fez por merecer a viagem ao Rio. Já aos dois minutos, faltou a Cueva um pouco mais de calma, precisão, ou até qualidade mesmo. O lance começou no meio e chegou até Guerrero, nas costas da defesa. O centroavante do Inter foi marcado por Medel e, com um drible, passou pelo adversário. Percebeu Cueva entrando pelo meio e entregou ao santista, que pegou mal e jogou para fora.
Também poderia ter saído o gol pelo lado do Chile. Aos sete, foi Aránguiz quem iniciou a jogada. Ele arrancou pelo meio, entregou na esquerda para Sánchez, que fechava para a área. Inteligente, o atacante esperou a passagem de Beausejour, que rolou para trás, onde entrava Aránguiz. Na área pequena, porém, sua conclusão foi ruim.
O centro da seleção peruana era Guerrero. Aos 19, ele fez uma jogada de pivô e passou para Flores, que avançou pelo lado esquerdo, invadiu a área e chutou cruzado. A bola desviou na defesa e saiu para escanteio. Um minuto mais tarde, Flores se redimiu. Após cruzamento da direita, Carrillo cabeceou mal, mas mandou exatamente onde estava o camisa 20, que bateu de primeira e venceu Arias: Peru 1 a 0.
Para piorar ainda mais a situação chilena, a desvantagem no placar veio acompanhada de uma lesão em Vidal. No lance do gol, ele sentiu dores na perna e ficou visivelmente descontado, sem força de arranque, burocrático. Permaneceu em campo apenas porque era semifinal e porque é um dos líderes do time. Só que sua queda sobrecarregou Aránguiz e Pulgar. Com isso, o Peru tinha superioridade na faixa central.
Se não bastassem todos esses problemas, o goleiro Arias resolveu dar uma força aos peruanos. Um lançamento para Carrillo pela direita, aos 38 minutos, parecia despretensioso. O camisa 1 chileno, porém, resolveu sair do gol. Lento, foi vencido na velocidade pelo atacante, que chegou à linha de fundo e cruzou alto e forte, para trás. Da meia-lua, Yotún amorteceu a bola no peito e bateu de pé esquerdo para o gol vazio. O azarão Peru abria 2 a 0 sobre o Chile.
Feito de Guerrero no fim
Os chilenos ainda tentaram descontar antes do intervalo. Tiveram duas chances. Na primeira, Aránguiz apareceu na área, ajeitou com a direita e girou com a esquerda, mas o chute saiu por cima. Na segunda, após cobrança de escanteio, a bola ficou quicando no meio da área e Fuenzalida chegou batendo. Gallese fez grande defesa.
Foi, aliás, a última participação de Fuenzalida, que saiu no intervalo para a entrada de Sagal. A ordem era fortalecer ataque. Antes que o segundo tempo esquentasse, Flores saiu machucado no Peru, dando lugar a Cristofer González. Aos cinco, o empate do Chile não chegou por um capricho da trave. Após falta cobrada da direita, Vargas antecipou a defesa e desviou. A bola encobriu Gallese e bateu no poste. No rebote, ninguém conseguiu aproveitar.
Aos 13, o Peru deixou de matar o jogo no contra-ataque. Eram quatro peruanos partindo em velocidade. Guerrero recebeu pelo lado direito e serviu Cueva, que entrou livre pela esquerda. De primeira, em vez de chutar, ele ajeitou para o meio, onde Yotún penetrava, mas sua conclusão foi ruim, por cima do travessão.
A resposta chilena veio com Aránguiz. Aos 19, ele recebeu com espaço na intermediária e arriscou. A bola fez uma curva e quase entrou no ângulo. Gallese só assistiu. Pouco depois, novamente Aránguiz apareceu. Ele descolou um lançamento da direita para a esquerda na direção de Beausejour, que talvez tenha tentado cruzar e pegou mal - ou talvez queria fazer isso mesmo -, mas seu chute quase encobriu o goleiro peruano, que fez mais uma grande defesa.
Não parecia mesmo ser a noite chilena. Trauco errou passe no meio do campo e Vargas disparou em direção ao gol. Até houve uma tentativa de segurá-lo, mas ele teve vantagem e, frente a frente com Gallese, chutou em cima do goleiro. Na força, o Chile se atirava ao ataque. Teve outra oportunidade em chute de Sagal, ao lado da trave. Depois, Vidal tentou de cabeça e Gallese defendeu firme. O goleiro voltou a brilhar quando Sánchez bateu forte, rasteiro, e ele saltou para espalmar.
Depois de minutos finais de olé peruano e correria chilena, Guerrero decretou a goleada. O centroavante colorado recebeu no meio da área e teve calma e habilidade para driblar Arias e fazer 3 a 0. Assim, tornou-se o maior artilheiro em atividade da Copa América, com 13 gols - quatro a menos do que o argentino Méndez e o brasileiro Zizinho, os goleadores máximos da história da competição.
Eduardo Vargas ainda poderia ter descontado para o Chile e se igualado a Guerrero, mas o atacante desperdiçou de forma bisonha a cobrança de pênalti no último minuto de jogo, ao tentar uma cavadinha que parou nas mãos de Gallese.
Assim foi a tônica dos minutos finais. Sobrou coração aos peruanos. Eles estão na final da Copa América depois de 44 anos.
rafael.diverio@zerohora.com.br - RAFAEL DIVERIO
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