quinta-feira, 7 de março de 2019



07 DE MARÇO DE 2019
OPINIÃO DA RBS

O DESAFIO DO DÉFICIT

O que mais choca no balanço dos números das contas do setor público gaúcho não é apenas o tamanho do déficit orçamentário despesas acima das receitas , que no ano passado atingiu R$ 2,74 bilhões. Surpreende também o percentual ínfimo de investimentos que, nos últimos quatro governos, nunca chegou a se situar acima de 5% da receita. É um percentual inconcebível diante da elevada carga de tributos a que são submetidos os contribuintes gaúchos.

Não foi por falta de esforço e comprometimento que a administração anterior, de José Ivo Sartori, registrou o segundo maior déficit da história. O ex-governador, que assumiu no auge da recessão e encerrou o primeiro ano com uma defasagem ainda maior, tomou uma série de medidas emergenciais.

O governo anterior cortou despesas, criou a previdência complementar, elevou a alíquota de contribuição do funcionalismo, sancionou a lei de responsabilidade fiscal estadual e concluiu a renegociação da dívida. Ainda assim, essas e outras providências não foram suficientes para que o déficit, ao final do mandato, ficasse sob controle. E seria ainda maior se o pagamento da dívida não tivesse sido suspenso temporariamente, por decisão judicial em caráter liminar.

O descompasso entre receita e despesa herdado pela administração Eduardo Leite evidencia que não adianta o atual governo insistir em medidas tópicas para colocar o Rio Grande do Sul no rumo do desenvolvimento para todos. Os três poderes precisam se unir e aplicar uma profunda correção em seus gastos, inclusive de pessoal, por mais difícil e duro que possa ser. Permanecer à espera de uma solução mágica, baseada na falácia da "falta de vontade política", é adiar mais uma vez a chegada de um futuro melhor para o Estado.

ATITUDE REPROVÁVEL

Faltou mais do que orientação de comunicação ao presidente Jair Bolsonaro no caso da postagem, em rede social, de vídeo com atos obscenos associados ao Carnaval de rua: faltaram-lhe também senso crítico e compromisso com a relevância do cargo que ocupa. Como chefe de Estado de um país às voltas com uma grave crise do setor público, o presidente da República teria outras prioridades com as quais se preocupar.

Um grupo mais fanatizado de apoiadores, que aplaude as posturas extremadas do presidente da República, ajuda a isolar ainda mais o chefe da nação. Esse tipo de comportamento, até admissível numa campanha eleitoral, não faz qualquer sentido depois da posse, pois a autoridade máxima do país precisa se preocupar com o decoro e com a liturgia do cargo. O presidente deveria estar empenhado agora em ampliar seu arco de apoio para aprovar no Congresso reformas que se constituem de fato em questões relevantes para o país, como a da Previdência.

Espera-se que o episódio sirva pelo menos para uma reflexão e uma correção de rumos. É preciso evitar que o presidente do Brasil transforme-se em motivo de perplexidade ou deboche aos olhos do mundo e das pessoas sensatas que o cercam.

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