19 DE MARÇO DE 2019
ECONOMIA
IBOVESPA SUPERA PELA 1ª VEZ OS 100 MIL PONTOS
MARCA FOI ALCANÇADA em sessão de ontem, em meio a otimismo com reforma. No fechamento, ficou em 99.993 pontos
Pela primeira vez na história, a bolsa de valores de São Paulo (B3) rompeu na tarde de ontem a barreira simbólica dos 100 mil pontos durante uma sessão e, por pouco, não conseguiu manter o nível ao final do dia. No fechamento, o índice Ibovespa, o principal da B3, confirmou alta de 0,86%, a 99.993 pontos. Mesmo abaixo dos 100 mil, a pontuação representa o novo recorde de encerramento de um pregão.
Embora não tenha efeitos práticos por si só, o rompimento dos 100 mil pontos na sessão ilustra o otimismo do mercado financeiro com a condução da política econômica do governo federal, especialmente em relação à proposta de reforma da Previdência.
Ontem, o Ibovespa alcançou a marca dos 100 mil pontos às 14h44min. Na máxima da sessão, chegou a 100.037 pontos.
- A marca é simbólica. E o que o cidadão ganha com isso? A bolsa acima dos 100 mil pontos mostra que há expectativa de que a economia ganhará mais tração. As empresas brasileiras estão valendo mais na bolsa. Ou seja, espera-se que tenham melhores resultados daqui para frente - afirma o economista Silvio Campos Neto, sócio da consultoria Tendências.
Entregue ao Congresso em 20 de fevereiro, a proposta de reforma da Previdência agrada ao mercado financeiro porque, segundo a visão de analistas, poderá aliviar as contas públicas, abrindo mais espaço para o país atrair investimentos. Ontem, o presidente da República em exercício, Hamilton Mourão, afirmou que o governo espera a aprovação da medida até o início do segundo semestre.
Apesar do otimismo do mercado, a reforma ainda desperta incertezas em pontos como a inclusão dos militares. A categoria, que não foi contemplada pelo projeto enviado ao Congresso, deverá ser alvo de nova proposta. Espera-se que o governo apresente o texto amanhã.
- A reforma da Previdência é parte da resolução do grande problema fiscal do país. Com o ajuste nas contas, a percepção de risco cairá no Brasil, deixando, por exemplo, o juro baixo. Melhores condições de crédito beneficiam empresas e consumidores - pontua o analista Valter Bianchi Filho, sócio-diretor da Fundamenta Investimentos.
Além das mudanças ventiladas para o sistema de aposentadorias, Campos Neto observa que o aceno do governo de que pretende fazer concessões e privatizar estatais entusiasma o mercado financeiro. O economista sublinha que, na última sexta-feira, o leilão de 12 aeroportos do país atraiu investidores, especialmente estrangeiros, gerando arrecadação à vista de quase R$ 2,4 bilhões à União.
- Isso também pesa na bolsa. O leilão foi um teste. Mediu o interesse e a confiança dos investidores de que o Brasil fará a lição de casa - aponta Campos Neto.
DESEMPENHO AINDA ESTÁ ABAIXO DO ANO DE 2008
A expectativa de que a bolsa atingisse os 100 mil pontos cresceu desde o começo deste ano. Mas a tragédia causada pelo rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho (MG), em 25 de janeiro, postergou o recorde. Na primeira sessão após o desastre, as ações da empresa despencaram 24%, com impacto sobre o Ibovespa. No começo de fevereiro, houve freio no ritmo da bolsa por causa de rumores de que o estado de saúde do presidente Jair Bolsonaro, internado após cirurgia, pudesse diminuir a velocidade de avanço da reforma da Previdência. Em seguida, no início de março, falas de Bolsonaro nas redes sociais provocaram polêmica, respingando no humor do mercado.
Bianchi Filho pondera que, se corrigidos pela inflação, os 100 mil pontos atingidos pelo Ibovespa ontem ainda ficariam abaixo dos 73 mil registrados em 2008. A comparação leva em conta o quanto subiram, em termos percentuais, os preços e os valores das ações das empresas na bolsa. Conforme o especialista, segundo essa análise, o Ibovespa teria de alcançar 136 mil pontos para superar o desempenho da década passada.
LEONARDO VIECELI
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