30 DE MARÇO DE 2019
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Onde vai morar o seu dinheiro
Em apenas uma semana, vi três usos diferentes do dinheiro: estava em Boston quando li que a comunidade da Filadélfia quer uma lei que obrigue as lojas a aceitar dinheiro, pois só aceitam cartão de crédito. Em SP, fiz um curso de e-commerce com os chineses do Alibaba (maior empresa de vendas online do mundo). A China pulou do dinheiro, direto para pagamentos digitais, sem passar pelo cartão de crédito. Em POA, me surpreendo com um amigo pagando uma conta com cheque!
Me lembrei de quando estudei no Japão, há 30 anos, ninguém usava cheque. A morte do cheque, do dinheiro em papel e do cartão está próxima. Todos substituídos por pagamentos digitais. A corrupção vai sofrer mais um golpe. Não vai dar mais para guardar dinheiro em apartamentos ou malas, como faz a turma do Temer. Não vai dar para assaltar bancos, caixas eletrônicos, lojas, postos de gasolina, motoristas de táxi. A desmaterialização do dinheiro avança. Mesmo para aqueles que não têm conta em bancos, os "desbancarizados". Não precisam mais ter conta em banco para ter acesso ao sistema financeiro. Tudo está mudando: quem processa o pagamento, como fazemos o pagamento e a moeda utilizada.
É muito caro lidar com o dinheiro físico (segurança, transporte, onde armazenar, manuseio, transferências). Plataformas digitais, como Google, Facebook e WeChat (uma mistura chinesa de Face, Google, WhatApp, banco digital, IFoods), estão virando agentes financeiros e vão desafiar os bancos. Débito em conta ou cartão de crédito vão ser substituídos por autorizações biométricas (comando de voz ou reconhecimento facial, que lê o rosto e transfere para a loja onde a pessoa está). Ou pré-autorização de pagamento, como fazemos quando usamos o Uber. Na Dinamarca já se paga com o dedo! As lojas AmazonGo registram a entrada do cliente pelo celular, ele pega o que quiser, sem passar no caixa. Já pagamos contas cedendo nossos dados ou usando pontos em programas de fidelidade. Com as criptomoedas, como o bitcoin, a digitalização de pagamentos vai aumentar. São suficientemente transparentes e confiáveis?
A situação dos meios de pagamento vai mudar ainda mais, com a Economia Colaborativa (onde a moeda é a permuta), o ApplePay, o Pila (carteira digital que vai ser lançada segunda-feira em Passo Fundo), o MaxMilhas (onde se compra e vende milhas para comprar passagens) e as milhares de fintechs (empresas de tecnologia, focadas em finanças), que fazem tudo sem dinheiro. Muitas novas opções para decidirmos quem vai cuidar do nosso dinheiro.
Alfredo Fedrizzi escreve aos fins de semana, a cada 15 dias - ALFREDO FEDRIZZI
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