quinta-feira, 18 de julho de 2024


18 DE JULHO DE 2024
AEROPORTO FECHADO

AEROPORTO FECHADO

Fiergs projeta queda de R$ 580 milhões no fluxo comercial do Salgado Filho - Jonathan Heckler

Via terrestre se torna principal alternativa

Além do transtorno para quem precisa se deslocar de e para Porto Alegre, a interrupção do funcionamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em razão da enchente de maio, causa impacto econômico e logístico às empresas gaúchas. De acordo com um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), a situação deve gerar uma queda de cerca de R$ 580 milhões (aproximadamente US$ 107 milhões) nas exportações e importações previstas para 2024 no terminal de cargas.

Conforme o levantamento, produzido pela Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da Fiergs, a expectativa era de que haveria um fluxo comercial de US$ 305 milhões entre janeiro e dezembro de 2024 no aeroporto da Capital, sendo US$ 43 milhões referente a exportações e US$ 262 milhões a importações.

Após a tragédia e o fechamento do aeroporto, essa projeção caiu para US$ 198 milhões, sendo US$ 17 milhões em exportações e US$ 181 milhões em importações - redução de aproximadamente 35%.

- O aeroporto é por onde passam principalmente cargas de alto valor agregado, tanto para exportação quanto para importação. São produtos que muitas vezes envolvem alto grau de tecnologia, e que a partir do aeroporto chegam e vão para os principais mercados que mantêm relação comercial com o Estado - afirma o ex-diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs), Luiz Afonso Senna.

Conexão

Até o final de abril, conforme a Fraport, concessionária que administra o Salgado Filho, o terminal de cargas havia movimentado 11,4 mil toneladas de mercadorias. Em 2023, foram 38,8 mil toneladas, o maior volume registrado desde a retomada do transporte aéreo de cargas no aeroporto da Capital, há seis anos.

- A recuperação do Salgado Filho é muito importante para a recuperação da economia do Estado como um todo. Cumpre papel fundamental para o transporte de cargas, mas também serve como o principal ponto de conexão do Rio Grande do Sul com o resto do mundo, por isso seu restabelecimento deve ser prioridade entre as obras de recuperação estrutural ainda pendentes - reforça o economista Marcos Lélis.

Retorno

Na terça-feira, o governo federal e a Fraport anunciaram para outubro a retomada dos voos no Salgado Filho, com uma oferta inicial de 50 voos diários, que deverá aumentar gradativamente até a volta da operação completa, prevista para dezembro. De acordo com a empresa, o transporte de cargas poderá voltar já em outubro, mas como ainda haverá uma limitação de utilização da pista, com capacidade reduzida para receber peso, caberá às companhias aéreas avaliar o ritmo de retorno.

Grande parte do transporte de mercadorias que passava normalmente pelo aeroporto ocorria nos chamados voos mistos, ou seja, que transportam passageiros e também produtos no porão, aumentando a rentabilidade. Essa modalidade não vem ocorrendo na Base Aérea de Canoas, em razão das limitações da operação emergencial no local. _

Além de algumas conexões eventuais, eram dois os voos diários exclusivos para o transporte de cargas no aeroporto da Capital, um deles operado pela Total Linhas Aéreas, que transportava ao Estado cargas dos Correios. O voo da Total transportava diariamente 19 toneladas e, após o fechamento do Salgado Filho, a empresa não enviou mais nenhuma aeronave ao Estado - desde a enchente, todas as entregas de cargas dos Correios em território gaúcho estão sendo realizadas exclusivamente por via terrestre, afetando também os prazos de entrega.

De acordo com o presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura e CEO do Grupo Intelog, Paulo Menzel, a via terrestre tem sido justamente a principal alternativa utilizada pelas empresas gaúchas para compensar a falta de operação do Salgado Filho.

- Por mais que alguns outros aeroportos menores tenham ganhado mais voos, a prioridade desses é para o transporte de passageiros, como em Canoas. Por isso, quase 100% das empresas voltaram a escoar suas cargas por via rodoviária, diretamente até Guarulhos e Viracopos - observa Menzel.

- Mesmo que o custo aumente, é uma situação temporária até que as coisas se normalizem, e essa opção é melhor do que perder o cliente - acrescenta.

Perda de competitividade

Segundo o ex-diretor da ANTT e da Agergs, Luiz Afonso Senna, esses custos adicionais afetam ainda mais a competitividade das empresas gaúchas, que já têm uma posição logística prejudicada em razão da localização geográfica do Estado, no extremo sul do país.

- Por isso a retomada da operação no Salgado Filho é tão importante - pondera. _

"A recuperação do aeroporto Salgado Filho é muito importante para a recuperação da economia do Estado como um todo."

Marcos Lélis

Economista

Base Aérea de Canoas: 49 voos semanais (já com autorização para chegar a até 87)

Aeroporto de Caxias do Sul: 39 voos semanais

Aeroporto de Passo Fundo: 21 voos semanais

Aeroporto de Santo Ângelo: seis voos semanais

Aeroporto de Pelotas: seis voos semanais

Aeroporto de Santa Maria: três voos semanais

Aeroporto de Uruguaiana: três voos semanais

Aeroporto de Florianópolis (SC): 14 voos semanais

Aeroporto de Jaguaruna (SC): sete voos semanais

Paralisação do terminal de cargas em Porto Alegre em razão da enchente de maio compromete movimentações de mercadorias e gera custos adicionais de logística para empresas de todo o Estado. Previsão da Fraport e governo é de que a estrutura volte a funcionar a partir do mês de outubro

Aeroporto fechado

Mathias Boni

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