11 DE MAIO DE 2020
RBS BRASÍLIA
Bolsonaro e a falta de empatia
Falta empatia ao presidente da República com a população brasileira em meio à pandemia do coronavírus. Enquanto convivemos com a triste marca de mais de 11 mil mortes e 162 mil contaminados, Bolsonaro afirmou que iria fazer churrasco para umas 30 pessoas - e falou ironicamente que seria acusado de um crime -, depois, nova ironia, ao dizer que seriam 3 mil convidados e, por fim, bradou que era uma fake news.
Notícia falsa que foi criada pelo próprio presidente, é bom ressaltar. Virou "fake news" quando a repercussão negativa, inclusive em um reduto caro ao presidente, as redes sociais, ficou maior do que o esperado, a ponto de ser um dos assuntos mais comentados no Twitter no sábado. No mesmo dia, Bolsonaro passeou de jet ski pelo Lago Paranoá. Sim, cada um faz o que quer em seus dias de descanso. Mas me pergunto se este é o momento.
Estamos enfrentando uma grave crise de saúde e precisamos, sim, de um presidente preocupado com a economia, mas especialmente com a vida dos brasileiros. Que vá a público com o seu novo ministro da Saúde para explicar o que está sendo feito para salvar vidas, que apresente um plano concreto de combate à doença e que se reúna com governadores para que, juntos, pensem o que se pode fazer hoje e discutam também o futuro, que não será fácil. Mas, acima de tudo, que mostre aos brasileiros que está tão estarrecido quanto nós ao assistir aos números subindo dia a dia desastrosamente. É inamissível que o presidente não tenha falado sobre as mortes nem do seu Estado. O Rio de Janeiro, em uma semana, passou de 1.019 mortes para 1.714 - um aumento de cerca de 70%.
O que não precisamos neste momento, presidente, é de frases como "e daí?", "quer que eu faça o quê?" e "não sou coveiro". Seu papel durante à pandemia deveria ser o de liderar o país para o qual foi eleito, passar confiança à população com atitudes claras e objetivas e, finalmente, descer do palanque.
SILVANA PIRES - INTERINA
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