11 DE MAIO DE 2020
OPINIÃO DA RBS
MODELO A SER REPLICADO
Enquanto o mundo ainda tenta compreender melhor o novo coronavírus, encontrar as formas mais eficientes de combater a sua disseminação e traçar planos seguros para a reabertura da economia, o Rio Grande do Sul apresenta um planejamento robusto que tem o potencial de ser replicado em outros Estados e ajudar o país a fazer esta travessia. O modelo de distanciamento controlado, que leva em consideração especificidades regionais, disponibilidade de leitos de UTI e o nível de risco de atividades, também pode muito bem ser incorporado pelo governo federal. Como até agora se desconhece a estratégia nacional, a absorção dos conceitos por Brasília e a recomendação de aplicação, respeitando as adaptações necessárias, preencheriam a ausência de uma coordenação propondo soluções que deveria partir da União.
As informações disponíveis até agora são de que os conceitos empregados no modelo gaúcho tiveram boa acolhida por autoridades federais, que tentam conhecer melhor os detalhes de sua implementação. Espécie de braço direito do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, João Gabbardo dos Reis, que ocupava o cargo de secretário-executivo na pasta, se manifestou no fim de semana em uma rede social considerando o plano elaborado pelo Piratini como o mais detalhado, inteligente e racional de todos os que acompanhou até agora.
No momento em que o Brasil amarga a triste marca de mais de 10 mil mortes e começa a chegar às primeiras posições no funesto ranking de vítimas fatais no mundo, ao mesmo tempo que a economia parece mergulhar em uma nova recessão, é preciso acreditar em saí- das baseadas em evidências científicas e que possam responder aos dois grandes anseios, os de preservar vidas e liberar atividades, dentro do possível.
Em função de uma realidade socioeconômica distinta, o Rio Grande do Sul e o Brasil não têm condições de copiar modelos como o da Coreia do Sul, um dos países que melhor têm se saído até agora no combate à pandemia. A fórmula consiste em testagem em massa, rastreamento de infectados e seus contatos, isolamentos pontuais e distanciamento social. A dificuldade para obter testes em um período de grande demanda por todas as nações é só um dos entraves que gaúchos e brasileiros teriam agora para seguir a estratégia.
Com disciplina da população, ajuda da tecnologia e coordenação única, a Coreia do Sul, próxima da China e densamente povoada, conseguiu uma verdadeira façanha. Com um quarto da população do Brasil, teve até agora pouco mais de 250 mortes e está na fase da reabertura gradual de atividades, embora no fim de semana tenha dado um passo atrás, ordenando o fechamento de bares após novo aumento de casos.
O modelo do Rio Grande do Sul de distanciamento controlado, que também prevê constante reavaliação do cenário para possíveis calibragens, surge ainda como opção até mesmo para outros paí- ses em desenvolvimento. Mas o mais importante, agora, é que dê certo no Rio Grande do Sul. Nenhum plano, por melhor que seja na teoria, consegue funcionar sozinho. Os resultados positivos esperados virão apenas se for possível contar com o engajamento e a responsabilidade de todos os gaúchos - cidadãos, empresários, gestores da área de saúde e administradores públicos.
OPINIÃO DA RBS
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