quarta-feira, 9 de dezembro de 2015


09 de dezembro de 2015 | N° 18380 
MOISÉS MENDES

Cartas e perguntas


O que há de errado com a democracia brasileira, que não dá chance de vitória à direita? Ou o que a direita tem de errado, que não respeita a democracia no Brasil? Se a direita vence eleições na Argentina, na França, na Venezuela e até na Suíça, por que no Brasil o que sobra para a direita é a opção dos golpes? Ou os líderes golpistas não são de direita?

Seriam de centro? Há quanto tempo não se fala de gente de centro no Brasil. O líder dito de centro geralmente revela sua face oculta nessas circunstâncias. O certo é que a direita brasileira deve estar com muito ciúme das direitas da vizinhança.

Por que o agente Newton Ishii, o famoso japonês da Polícia Federal, ainda é apresentado como a imagem do caçador de corruptos nas fotos com prisioneiros da Lava-Jato? Como pode, se Ishii também é processado por corrupção e está agora sob suspeita de vazar informações de depoimentos de delatores?

Quem na Polícia Federal cuida da imagem da instituição? Quem escolheu esse agente como a cara da PF na escolta do vaivém de grandes corruptos?

É de espantar aprendiz de marqueteiro.

Há dois meses, Ciro Gomes desafia os valentes para que o insultem na rua, em aeroportos e restaurantes. Ninguém o insulta. Onde se enfiaram os valentes que atacaram Mantega, Suplicy, Maria do Rosário?

A aparição do cearense da peixeira na cena do impeachment é o movimento mais instigante da patética política brasileira. Os agressores recolheram suas petulâncias. Quem tem medo de Ciro Gomes?

O Brasil está comovido com o tom lamurioso infantojuvenil, quase O Pequeno Príncipe, da carta de Michel Temer para Dilma. Eu tento entender.

No segundo turno de 2010, quando eu e o David Coimbra fomos escalados na Zero para escrever os perfis dos candidatos a vice-presidente, a Dione Kuhn me avisou: o David já pegou o Temer, já telefonou para o Temer e já combinou um passeio de carro com o Temer por São Paulo.

Eu fiquei sem escolha e fiz o perfil de Índio da Costa, o vice de Serra. David borboleteou uma tarde com Temer. Voltou dizendo: o homem parece que não quer nada, mas é uma raposa pronta para comer as uvas dos cachos mais altos.

Em agosto, quando a coisa ficou feia para o lado de Dilma, Temer começou a aparecer mais, conversar com políticos e empresários e defender o governo. David escreveu: “É possível que ele esteja salvando o governo”. Salvar que nada. Temer já conspirava para se adonar do parreiral. E começava a escrever a carta.

Depois dessa, quem aguenta esperar pela carta de Eduardo Cunha?

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