12
de dezembro de 2013 | N° 17642
FÁBIO
PRIKLADNICKI
Quatro discos
A
tecnologia nos oferece muitas oportunidades para conhecer músicas que se
enquadrem no nosso gosto. Sites que mostram opções de bandas parecidas com
aquelas que escutamos, por exemplo. Mas e quando queremos ser surpreendidos? E
quando não sabemos que vamos gostar daquilo que vamos gostar? Você pode
recorrer a livros como 1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer. E você pode
recorrer a amigos. Nada substitui a boa e velha dica de mesa de bar. Por isso,
compartilho sugestões de alguns dos discos que mais ouvi na vida e que gostaria
de ter conhecido ainda antes:
O
Poeta e o Violão (1975), de Toquinho e Vinicius – Gravado em um estúdio em
Milão, este álbum é tão informal que você pode ouvir o som do isqueiro sendo
aceso durante as músicas. Entre uma canção e outra, Toquinho e Vinicius trocam
alguns comentários. E o violão de Toquinho nunca soou tão bem. Foi o disco que
me fez gostar de bossa nova. A versão em CD omite duas músicas que estavam no
LP (Rosa Desfolhada e O Velho e a Flor). Mesmo assim, é uma obra-prima.
Minha
História (1994), de Baden Powell – Admiro jovens virtuoses que gostam de
destruir rodas de música, sobressaindo-se aos demais. Mas eles têm muito a
aprender com Baden Powell, que soube dosar, como ninguém, técnica e espírito de
grupo. Repare na maneira como seu violão acompanha a flauta em Carinhoso. E
repare em como seu virtuosismo voa – sempre a serviço da música – em uma
imbatível versão de Canto de Ossanha. E como ginga em Deve Ser Amor. Esta
coletânea reúne o fino da bossa. E do choro.
Shoki
Shoki (1998), de Femi Kuti – Foi paixão à primeira audição. Filho do grande
Fela Kuti, Femi canta as belezas e as mazelas da Nigéria e, por extensão, da
África. Enquanto o pai passeava pelo jazz e pelo funk, o filho vai por uma
trilha mais pop, mas não menos interessante, tudo abençoado pelo afrobeat. A
banda que o acompanha inclui cantores de apoio e naipe de metais. As letras
políticas, cantadas em inglês com sotaque especial, são uma atração à parte.
Re-Animation
Live! (2000), de Hagans e Belden – Este disco ao vivo inacreditável do
trompetista Tim Hagans e do saxofonista Bob Belden foi uma dica de um atendente
de uma loja especializada em CDs, na época em que elas ainda existiam em grande
número. Nunca pude abraçá-lo em agradecimento. Com uma banda que inclui baixo
elétrico, bateria, sintetizador e mesa de DJ, esses caras misturam jazz e
música eletrônica de uma forma que fica... legal. Se você ainda está
desconfiado, cabe dizer que o álbum tem a garantia do tradicional selo de jazz
Blue Note.
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