sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Jaime Cimenti

Romance sobre preconceitos

Sociedade dos meninos gênios, do jovem escritor nova-iorquino Lev AC Rosen é, acima de tudo, um grande romance sobre preconceitos de qualquer espécie e, em especial, uma reflexão bem-humorada sobre a questão do gênero. Lev cresceu em Manhattan, é mestre em redação criativa pelo Sarah Lawrence College e tem sido destaque na revista Esopus e em vários blogs internacionais.

Continua morando em Manhattan, onde leciona escrita criativa. Sociedade dos meninos gênios tem como cenário a austera Londres do século XIX, mas com um clima futurista. Ambientado no passado, mas fortemente ligado à tecnologia, é considerado um romance do gênero steampunk.

O texto nos transporta para um mundo no qual a ciência torna possível o impossível: perfumes que só são sentidos quando o usuário transpira; bolsas de mão que se tornam carrinhos de bebê; transplantes de órgãos entre animais e seres humanos; um portão macabro cheio de monstros, e isto tudo no século passado, em uma conhecida - e machista - escola de cientistas fundada por um parente do famoso Lord Byron: a Academia de Ciências de Illyria. Violet Adams é uma menina. Em Illyria, só podem ingressar meninos.

Seu pai, um astrônomo viúvo, viaja para uma convenção científica na América. Violet resolve se disfarçar de menino, trocando de lugar com seu irmão gêmeo, Ashton, e se inscreve na respeitável Universidade de Illyria, frequentada por meninos geniais. Manter segredo sobre sua identidade sexual é complicado, ainda mais quando Cecily, jovem protegida pelo duque e reitor de Illyria, se apaixona por ela.

Sociedade dos meninos gênios é uma comédia vitoriana sobre boas maneiras e uma crítica ardilosa aos preconceitos de gênero, que se somam a uma grande dose de divertimento. É uma história de garotos em uma escola onde tudo acontece. Violet passa a ser vítima de chantagem e a ser atacada por misteriosos autômatos assassinos e, ainda por cima, ela sente sua pulsação acelerar quando vê o jovem duque-reitor.

A obra foi inspirada em clássicos como Noite de reis, de Shakespeare, e A importância de ser honesto, de Oscar Wilde. Com sua linguagem elaborada, o autor construiu um mundo de sonhos, totalmente original, mas misteriosamente familiar. A obra é um retrato pitoresco e provocativo da aristocracia vitoriana e coloca o autor como um dos escritores mais brilhantes e emocionantes de sua geração.  Novo Conceito Editora, 544 páginas, tradução de Henrique Monteiro,


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