01 DE MARÇO DE 2019
+ ECONOMIA
COLOCAR GUIZO EM BODES NÃO É PAPEL DO PLANALTO
Identificar os pontos incluídos na proposta de reforma da Previdência para serem derrubados no Congresso os chamados bodes pode ser útil para separar a legítima defesa dos interesses dos cidadãos de eventuais chantagens parlamentares. A coluna defende essa ideia. Mas a tarefa, definitivamente, não cabe ao Palácio do Planalto. A admissão do presidente Jair Bolsonaro de que a idade mínima para aposentadoria das mulheres pode cair de 62 anos, como está proposto, para 60 anos, provocou celeuma nos mais entusiasmados defensores da reforma.
Primeiro porque mexe em um pilar das mudanças, a idade mínima, e pode causar impacto considerável nas projeções da economia obtida em 10 anos. Essas estimativas são importantes não só para dar sustentabilidade à Previdência, mas às contas públicas brasileiras. Despesas com aposentadorias e benefícios representam o segundo maior gasto da União, atrás apenas do pagamento do serviço da dívida pública. Sinalizar que serão reduzidas substancialmente ao longo do tempo tem impacto na avaliação do Brasil com bom pagador.
Segundo, porque essa questão sequer havia sido citada entre os bodes preferidos do Congresso até agora. Estavam escalados como protagonistas a redução de R$ 998 para R$ 400 no pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para brasileiros entre 65 a 70 anos sem outra renda - também citado por Bolsonaro - e as idades mínimas iguais para homens e mulheres no campo.
A declaração do presidente elevou a tensão no mercado financeiro, com queda de 1,77% na bolsa de valores e alta de 0,6% no dólar. O resultado do PIB de 2018, especialmente no quarto trimestre (leia mais ao lado) também contribuiu para o mau humor nacional. Pesou ainda o encerramento sem acordo da conversa entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Coreia do Norte, Kim Jong-un. Mas a fala de Bolsonaro ressou mais.
PERDEU EMBALO
Apesar de o resultado do crescimento da economia em 2018 ter vindo dentro do esperado, provocou uma onda de reduções de expectativa para este ano. O principal motivo foi a virtual estagnação da economia entre outubro e dezembro do ano passado, com variação positiva quase invisível, de 0,1%. Completam o quadro os primeiros indicadores de 2019, que registraram avanços igualmente tímidos. Cristiano Oliveira, economista-chefe do banco Fibra, que costuma ser otimista, foi um dos que reduziram a estimativa para este ano. No seu caso, de 2,5% para 1,7%.
Oliveira explica que a travada do último trimestre de 2018 faz com que o crescimento perca o embalo em 2019. É o que os economistas chamam de "carry over" (carregamento é a palavra em português, mas não ajuda muito). Mas fica fácil de entender quando aplicada ao trânsito: é como se o carro desacelerasse antes de subir uma lomba. O resultado é a perda de velocidade na subida.
Outro sinal inquietante foi a queda de 2,5%, também no último trimestre, no indicador chamado Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), principal sinalizador de futuro no cálculo de PIB. Entram nessa conta o desempenho da construção civil e a compra de máquinas e equipamentos para a indústria.
Esse mau desempenho é relativizado pela alta acumulada no ano, de 4,1%. Acentua, porém, o fato de que as engrenagens do crescimento ainda estão desconectadas. Falta transformar expectativa e confiança em mudança de cenário, com a reforma da Previdência.
Paulo Afonso Ferreira será presidente interino da Confederação Nacional da Indústria (CNI) enquanto o titular, Robson Andrade, estiver impedido por ser investigado em suspeita de fraudes no Sistema S. A eleição foi ontem, por unanimidade, no Conselho de Representantes. Goiano, Ferreira é vice-presidente executivo da CNI para a região Centro-Oeste.
Dados de CNDL e SPC mostram que, em janeiro, subiu 11,5% o número de inadimplentes pessoa física que saíram do cadastro de devedores.
CARLOS ZARLENGA, ATUAL PRESIDENTE DA GM MERCOSUL (BRASIL E ARGENTINA) ASSUMIRÁ O COMANDO DA NA AMÉRICA DO SUL. MOSTRA APROVAÇÃO DA GM À ATUAÇÃO DE ZARLENGA, QUE INCLUI O EPISÓDIO DA AMEAÇA DE SAIR DO BRASIL.
MARTA SFREDO
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