sábado, 28 de março de 2020


28 DE MARÇO DE 2020
+ ECONOMIA

Socorro tem pulo do gato e uma falha

Veio mais curto do que se esperava o programa de socorro do Banco Central (BC) e do Tesouro Nacional para financiar folha de pagamento. Havia expectativa de que cobrisse até quatro meses de salário, alcançará dois. O pulo do gato é o fato de o Tesouro Nacional assumir 85% do risco desse crédito. Isso significa, em bom português, que se quem tomou emprestado não pagar, quem banca é o caixa da União. Serão R$ 36 bilhões de dinheiro público. Essa é a maior virtude do socorro, sobretudo quando há dificuldades nos bancos devido ao aumento do risco no mercado financeiro (leia abaixo). Como descreveu o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, é o Tesouro que "arca com os ganhos e as perdas da operação".

Também são positivos a taxa de juro, igual à Selic, de 3,75% ao ano, o prazo de carência de seis meses - quando se imagina que a crise terá ficado para trás - e pagamento em até 36 meses.

No entanto, o maior problema do anúncio é sua concepção: ao que tudo indica, será a resposta para o impasse na suspensão dos contratos de trabalho por até quatro meses - daí a expectativa de que o tempo coberto pelo financiamento fosse de igual duração. Outra preocupação veio da resposta do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre o tempo de implementação: "algumas semanas". 

O pagamento de salários tem de ser feito até 7 de abril. Como cumprir esse prazo se a liberação levar "algumas semanas"? Havia chance de injetar dinheiro público na veia do sistema produtivo, Responder com financiamento a uma situação de calamidade, como decretada pela União, é endividar mais as empresas em momento de interrupção de receita, cancelamento de pedidos e extrema incerteza sobre o futuro.

Telentrega para os pequenos


Para ajudar pequenos estabelecimentos, a agência de tecnologia Be220 Digital lançou o aplicativo Delivery para Todos. Permite que os comerciantes exibam seus produtos e serviços de forma gratuita, e o consumidor também não paga pelo serviço. Pagamento e entrega, porém, têm de ser feitos por conta: o usuário deve entrar em contato com o fornecedor e combinar os detalhes.

Diretor-executivo da agência, Diego Vilela relata que a ideia surgiu há pouco mais de uma semana. Ele e os sócios Rafael Abreu e Rodney Silva focaram no desenvolvimento da plataforma e no cadastro dos empreendedores.

Até sexta-feira, a agência havia registrado 30 estabelecimentos. A prioridade foi colocar no ar, por isso a solução ainda não é completa, mas pode avançar com o tempo.

Já está na loja da Apple e em uma semana deve estar disponível para dispositivos que usam Android.

Nos bares, happy hour virtual e combo

Para tentar manter o caixa enquanto as portas estão fechadas, cervejarias de Porto Alegre inventam. A Distrito Brewpub (foto), na Avenida Amazonas, criou um happy hour virtual. Os interessados reservam uma mesa virtual, com ao menos mais três pessoas. Fazem seu pedido e recebem, cada um no seu endereço, na mesma hora.

O custo da entrega é revertido em créditos para consumir no bar depois de passado o período de isolamento social.

A cervejaria Macuco, no Centro Histórico, montou um combo com a vizinha Praia Burger PoA. Fazem entrega conjunta de cervejas e hambúrgueres. Deu tão certo que vai continuar quando tudo voltar ao normal.

MARTA SFREDO

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