sábado, 9 de fevereiro de 2019


09 DE FEVEREIRO DE 2019
DUAS VISÕES

O MAR NÃO ESTÁ PARA CACHORRO


Com a elevação do número de cães que afloram em nossa orla marítima, voltam as discussões sobre a permissão ou não da presença do nosso melhor amigo à beira-mar. São animais de várias raças, tamanhos e índoles, acompanhando seus donos nas ondas e nas brincadeiras na areia com bolas, discos e outros brinquedos.

Cachorreiro de nascença, confesso me contagiar pela alegria dos bichos, soltos e livres e em contato com o mar. Vê-los correr e brincar é um deleite para os olhos. Mas existe um denso aglomerado de pessoas por onde o cão brinca e passeia e existem leis municipais proibindo o acesso de cães na beira-mar.

Confrontados por alguns banhistas, os proprietários alegam que seus mascotes estão vacinados, vermifugados, contidos de forma segura e que a legislação municipal proibindo a presença dos bichos é retrógada e desatualizada. Alguns alegam até o direito de ir e vir dos seus amiguinhos.

Eu prefiro olhar de outro ângulo: o da segurança das pessoas e dos animais.

Num dia cheio de gente, com crianças correndo e gritando, o ruído do mar, cornetas e chamadas de vendedores, calor escaldante, música alta, tudo isso cria um ambiente excitante para os cães, que pode levá-los a um comportamento imprevisto, como um ataque a uma criança.

Pense, veranista: Quantos cães com guia e focinheira você viu neste ano no mar?

Além disso, há o risco de contágio de doenças causadas ao homem, transmitidas por fezes e urina dos animais, sem contar vetores como pulgas e carrapatos, fatos esses já debatidos e discutidos há décadas.

"Ah, mas meu pet é supervacinado", pode alguém argumentar. Ora, num país como o nosso, em que as condições sanitárias e a saúde das pessoas são comumente negligenciadas, difícil acreditar que com os cães isso será diferente, que todos estejam com vacinas e vermífugos em dia e que haverá fiscalização suficiente dos órgãos de vigilância sanitária.

Isso sem falar dos cachorros de praia, aqueles abandonados, que não possuem nenhuma cobertura sanitária e que transmitem doenças tanto aos homens quanto aos outros cães.

Além disso, o que observo é que os próprios animais estão em risco à beira-mar. Alguns passam correndo - quase arrastados - amarrados ao dono atleta, sob um sol escaldante, sedentos e, não raro, há relatos de morte súbita dos animais devido ao estresse físico.

Sem contar a falta de proteção contra os efeitos do sol, do vento, da areia (que penetra na boca, nos olhos e nas narinas dos cães), que acabam por provocar doenças no animal. Aliás, alguns donos, incautos, nem água dão aos bichinhos.

O cão, repito, é o melhor amigo do homem. Aquele acompanha este por séculos. Nas caçadas, em casa, nos passeios, em restaurantes, em hotéis. Para alegria dos amigões, criaram-se até cachorródromos. São vários ambientes que acolhem o cão e seu dono e que permitem a integração com o público sem maiores complicações.

Mas eu não levaria, por exemplo, meu gato para brincar no cachorródromo, apesar do direito dele de ir e vir. O ambiente não é propício a ele, assim como uma praia lotada não é ambiente propício a um cão.

MARCOS COSTA DA SILVA Administrador cocopoa@gmail.com

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