domingo, 23 de março de 2025

Coachbots' ganham espaço e desafiam mercado de coaching profissional

Plataformas de IA treinam trabalhadores para situações difíceis no ambiente corporativo, mas levantam 

18.mar.2025 às 6h00
Emma Jacobs - Financial Times

Conversar com um colega masculino "difícil" que interrompia constantemente fazia Vrnda Boykin suar. Apesar do desconforto, a gerente sênior de programas da empresa de software HubSpot retornava repetidamente à discussão.

Mas seu interlocutor não era humano, e sim um chatbot —ou "coachbot"— que ela havia solicitado para agir como um colega de trabalho irritante, permitindo que ensaiasse conversas difíceis no ambiente profissional.

A imagem mostra uma mesa de madeira com um laptop aberto, uma caneca de café, um bloco de notas com uma caneta ao lado e um smartphone. A luz natural entra pela janela ao fundo, iluminando a cena.

Coaches virtuais baseados em IA podem fornecer conselhos para funcionários - Unsplash

"Consegui praticar a redução das minhas respostas, então foi construtivo", conta Boykin. Os ensaios permitiram que ela "pausasse e não fosse provocada; eu podia pensar antes de dizer: 'Isso é rude'." A experiência proporcionou uma oportunidade de cometer erros "em privado" e parecia muito melhor do que acabar "em uma disputa no RH".

Aimy, o chatbot representado por avatares e capaz de se comunicar por texto e voz, foi criado pela CoachHub, uma plataforma de coaching, e faz parte de um projeto-piloto na HubSpot. O bot repetia as palavras de Boykin para ela, sugerindo alternativas que a incentivavam a colaborar melhor com seu colega combativo.

Aimy, que será lançada ao público neste verão, integra uma nova geração de coachbots, incluindo Nadia, da Valence, e Cai, da Ezra. Esses sistemas utilizam inteligência artificial generativa para oferecer uma versão mais acessível de um serviço antes reservado a executivos seniores.

Coaches virtuais baseados em IA podem fornecer conselhos sobre negociações salariais, sugerir como hábitos individuais afetam o trabalho ou simular conversas desafiadoras. São apenas uma das formas pelas quais a IA está sendo usada nesse setor; outras incluem auxiliar coaches humanos na elaboração de resumos de sessões, na conexão entre clientes e mentores ou na cobrança do cumprimento de metas.

Diferentemente de modelos genéricos como o ChatGPT, os coachbots especializados são treinados em políticas específicas das empresas, metodologias testadas para desafios no ambiente de trabalho e informações sobre a experiência do usuário armazenadas nos sistemas corporativos.

A Valence promove seu serviço como um coach sempre disponível por "2% do custo tradicional". O CEO da empresa, Parker Mitchell, diz que a demanda está crescendo em setores como finanças e turismo, especialmente entre "líderes de linha de frente". Já o CEO da CoachHub, Matti Niebelschütz, afirma que esses mentores automatizados individuais estão "democratizando o crescimento profissional".

No entanto, a ascensão do coaching por IA também levanta questões éticas, e alguns profissionais do setor questionam seu propósito. Seria apenas uma estratégia de marketing para estimular a demanda por coaching humano, um complemento útil ou uma ameaça que pode canibalizar o mercado de profissionais reais?

O coaching envolve compartilhar desafios pessoais e profissionais, e as pessoas só fazem isso se confiarem que seu coach de IA preservará sua confidencialidade.

Essas preocupações foram detalhadas em um artigo recente de Tatiana Bachkirova, professora de psicologia do coaching na Universidade Oxford Brookes. Ela acredita que a "invasão do coaching por IA" representa uma "degradação" da prática e descreve as versões mais baratas como "um substituto" que não atende às necessidades daqueles em cargos mais altos.

"As ofertas de desenvolvimento das empresas para seus funcionários são degradadas, enquanto o coaching humano é mantido apenas para os clientes mais importantes", critica.

Por que suas qualidades mais atraentes podem decepcionar seu parceiro

Às vezes, nossos traços mais atraentes podem se tornar um motivo para um término

23.mar.2025 às 8h30
BBC News Brasil

Uma das palavras mais incomuns acrescentadas ao Dicionário Cambridge da Língua Inglesa em 2024 foi "ick".

Ela descreve a sensação de observar subitamente algo em um parceiro de um ângulo diferente e achar aquilo tão repugnante que não pode ser ignorado.

"Ick", infelizmente, é incurável.


As mesmas qualidades que nos tornam atraentes para os nossos parceiros podem se transformar em motivo de rompimento no futuro - Javier Hirschfeld/ Getty Images via BB

A imagem apresenta uma colagem com um fundo rosa. À esquerda, um homem musculoso em pose de exibição, vestindo uma sunga, e à direita, uma mulher com óculos escuros e cabelo preso, vestindo uma blusa listrada. Ao fundo, há uma forma geométrica amarela e um haltere na parte inferior esquerda.

As mesmas qualidades que nos tornam atraentes para os nossos parceiros podem se transformar em motivo de rompimento no futuro - Javier Hirschfeld/ Getty Images via BBC

Embora o termo possa ser usado de forma descontraída, ele mostra que um parceiro pode ter características desagradáveis, que não são imediatamente óbvias para nós.

Na verdade, talvez pudéssemos ter considerado essas qualidades muito atraentes no início do relacionamento. É a chamada "atração fatal", que ocorre quando uma pessoa começa a não gostar de aspectos do parceiro que antes a atraíam.

"Ela não significa 'fatal' no sentido de 'mortal', mas no sentido de 'profética'", explica a psicóloga social social Diane Felmlee, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

"Gosto de pensar no termo como indicando uma 'quantidade excessiva' de uma qualidade atraente", afirma ela. "O desencantamento com um parceiro pode ocorrer mesmo quando as pessoas conseguem o que elas querem —e, talvez, porque elas conseguem o que elas querem."

Durante sua pesquisa, Felmlee perguntou às pessoas quais os motivos que a atraíram inicialmente a um parceiro, por que elas ficaram insatisfeitas e por que seus relacionamentos passados terminaram.

A maioria das pessoas relacionou várias necessidades não atendidas pelo seu ex-parceiro como razões para o rompimento. Mas Felmlee percebeu que algumas daquelas necessidades se relacionavam aos motivos que as atraíram inicialmente àquelas pessoas.

"É uma interpretação diferente da mesma qualidade", explica ela. "É uma forma negativa de observar uma característica positiva."

"Tenho aqui um exemplo de alguém que disse ter sido atraído à sua parceira porque ela era atenciosa. E, depois, ele se queixou de que ela pedia desculpas demais. Bem, isso parece algo muito atencioso."

É possível se desapaixonar?

Outros exemplos identificados por Felmlee incluem alguém que é atraído por uma pessoa que ocupa um cargo de alto poder e descobre que ela passa tempo demais no trabalho; ou achar um parceiro engraçado e, depois, reclamar que ele não leva a vida a sério.

Parceiros descontraídos, de fácil relacionamento, não são confiáveis ou estão sempre atrasados. "O relacionamento fácil é ótimo, desde que você seja pontual", afirma Felmlee, rindo.

Da mesma forma, parceiros que são inicialmente considerados fortes ou poderosos se tornam arrogantes ou controladores após o rompimento. Pessoas agradáveis passam a ser influenciáveis. E os bem sucedidos se tornam workaholics.

A atração fatal faz com que, quanto mais forte for a atração inicial por uma característica específica, mais provavelmente ela se tornará o motivo de um eventual rompimento.

Mas por que os grandes pontos positivos acabam sendo o pomo da discórdia?

Em primeiro lugar, talvez aquilo que observamos inicialmente nos nossos novos ou possíveis parceiros são as qualidades excepcionais que fazem com que eles se sobressaiam dos demais.

"Nós não descrevemos um parceiro como 'meio prestativo' ou 'um pouco trabalhador'", explica Felmlee. "E, quanto mais extraordinário ele for, mais provavelmente as pessoas terão aversão por essas qualidades no futuro."

Ela destaca que também pode haver um elemento de ingenuidade. Nossa paixão inicial nos cega temporariamente para os possíveis pontos negativos de uma característica excepcional.

Mas, depois que a empolgação inicial diminui, ficamos mais conscientes de como essas características podem trazer efeitos negativos.

Esta reavaliação pode acontecer de forma sutil ao longo do tempo. A atração fatal pode ser uma percepção que desperta lentamente, não uma inversão drástica de julgamento.

Casais que ficam juntos por 10 a 21 anos apresentam os menores níveis de ajuste do relacionamento.

Isso significa que, nessa fase, eles têm mais dificuldade de resolver conflitos e se ajustar a novas dificuldades, ou alterar suas expectativas em relação ao parceiro.


Seu parceiro talvez goste de fazer surpresas, mas pode ser difícil e frustrante fazer planos com ele - Javier Hirschfeld/ Getty Images via BBC

A imagem mostra um casal em preto e branco, com a mulher à esquerda vestindo um vestido claro e o homem à direita usando um terno escuro. Eles estão em uma pose de interação, com a mulher com as mãos juntas e sorrindo, enquanto o homem sorri de volta. O fundo é de uma cor vermelha vibrante, com uma forma amarela ao fundo, criando um contraste marcante.

Seu parceiro talvez goste de fazer surpresas, mas pode ser difícil e frustrante fazer planos com ele - Javier Hirschfeld/ Getty Images via BBC

Reavaliar a satisfação no relacionamento é importante porque prevê muitos aspectos da vida, segundo a psicóloga Samantha Joel, da Universidade Western em Ontário, no Canadá.

Pessoas em relacionamentos infelizes têm saúde física mais fraca, pressão sanguínea mais alta, maior risco de prejuízos à saúde mental e maior desequilíbrio entre a vida e o trabalho, entre muitos outros problemas.

Uma medida simples da satisfação com o relacionamento é a chamada teoria da troca social.

Ela consiste em comparar as recompensas que recebemos por estarmos com um parceiro, como a quantidade de alegria, se nos sentimos valorizados, sua beleza ou dinheiro, com os custos, como os conflitos, possíveis sofrimentos ou investimentos financeiros.

As pessoas empregam a teoria da troca social de duas formas.

A primeira é comparar o relacionamento atual com os anteriores. Nós consideramos que um relacionamento é menos satisfatório se ele ficar abaixo do padrão que esperamos atingir com base nas nossas experiências anteriores.

A outra comparação que podemos fazer é com as opções disponíveis para nós atualmente. Podemos rejeitar possíveis parceiros, mesmo se acharmos que os sinais são promissores, se percebermos que podemos ter melhores possibilidades com outras pessoas.

Estes cálculos irão variar de pessoa para pessoa. Casais do mesmo sexo, por exemplo, provavelmente enfrentam custos de relacionamento mais altos devido à discriminação e à homofobia. E, dependendo de onde você morar, pode haver menos opções de encontros disponíveis para você.

Então, a melhor opção é sermos atraídos por um parceiro mais comum e com qualidades intermediárias?

"Não acredito nisso", responde Felmlee. "Provavelmente, a melhor aposta é procurar alguém com características excepcionais similares às nossas, não com qualidades medianas."

Casais que possuem alguns traços fundamentais parecidos têm maior possibilidade de serem bem sucedidos.

Examinando um conjunto de 79 mil casais britânicos, o indicador mais forte da satisfação no relacionamento é ter idade similar. Mas outros fatores demográficos, incluindo o grau de formação, crenças políticas ou religiosas e o uso de substâncias, são fatores importantes para o sucesso do relacionamento.

Existem também correlações menores, mas ainda significativas, entre fatores biológicos, como altura e índice de massa corporal similares.

"Encontramos correlações particularmente altas em questões como crenças e valores, grau de educação e, com certeza, uso de substâncias", afirma a estudante de doutorado Tanya Horwitz, da Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos.

A similaridade parece ser um fator de fortalecimento, mas a dissimilitude aparentemente só é problema em algumas circunstâncias. "Uma pequena minoria demonstrou algum sinal de correlação negativa", segundo ela.

Um exemplo que realmente parece importar é que as pessoas madrugadoras, de fato, não parecem ser compatíveis com os notívagos e vice-versa.


A atração fatal pode trazer dificuldades, mas não significa necessariamente o fim do relacionamento - Javier Hirschfeld/ Getty Images via BBC

A imagem apresenta duas mulheres em um estilo artístico. As mulheres estão em preto e branco, com expressões faciais que se voltam uma para a outra. O fundo é colorido, predominantemente em tons de rosa, com formas geométricas amarelas. As mulheres têm cabelos estilizados e estão vestidas com roupas da moda dos anos 60.

Horwitz afirma que duas pessoas muito diferentes ainda poderão ser atraídas entre si inicialmente, mas têm menos possibilidade de permanecer juntas a longo prazo.

Os casais do seu estudo eram mais velhos, casados, moravam juntos ou tinham filhos.

"Foram, de forma geral, pessoas em relacionamentos bastante sérios ou de longo prazo e acho que isso realmente diz mais sobre o que compõe uma união longa e não sobre o que forma a atração inicial", explica ela.

Felmlee alerta que a atração fatal não precisa determinar o fim do relacionamento. Parceiros que compartilham fortes características similares podem continuar juntos.

"Estudando a atração fatal, observamos que é menos comum que as pessoas se queixem das mesmas características que elas próprias também têm, segundo elas."

Um dos seus entrevistados era um homem mais velho. Ele contou que foi atraído inicialmente pela sua esposa devido à força do seu caráter e sua confiança. O lado negativo, segundo ele, é que, às vezes, ela pode ser teimosa.

"Mas eles ainda estão casados", afirma Felmlee. "O que acontece aqui? Ele demonstrou consciência de si próprio e admitiu que também pode ser teimoso. Realmente, foi muito simpático."

Texto publicado originalmente aqui.

sábado, 22 de março de 2025

21/03/2025 - 13h05min
Martha Medeiros 

Seria pedir demais que voltássemos a ter uma vida amena, ponderada, sem tanta ansiedade? 

Resta saber se o outono, tão admirado por suas temperaturas que não fritam neurônios nem congelam corações, resistirá. Não tem jeito, morrerei torcendo pelo equilíbrio e a elegância.

Gilmar Fraga / Agencia RBS

O outono acaba de estrear e não desapontou na largada. Neste instante, os termômetros marcam 22 graus. O céu está nublado, um dia perfeito para flanar, em vez de buscar sombra atrás de um poste. Que saudade de uma temperatura que não faz o suor escorrer, nem a pele arrepiar. Ninguém se desintegra ou espirra. Civilidade climática já quase não existe, convém aproveitar a oferta por 24 horas.

No outono passado, as águas do Guaíba invadiram a cidade em que moro e foi trágico. No último verão, as pessoas por pouco não desabavam na rua pelo calor asfixiante. No mundo inteiro, ou se está congelando, ou derretendo, ou fugindo de tornados, enchentes e deslizamentos. Quando temos um dia coerente com a estação, a gente até estranha. O extremo é o novo normal.

Venero as estações de transição. O dia começa com uma leve friagem matinal, seguida de uma tarde aquecida, mas não cruel, e à noite, pode-se buscar uma jaqueta – ou um abraço.

Pois é, até daria vontade de namorar, caso o amor não tivesse virado outra catástrofe extrema. Se não rolar beijo no primeiro encontro, esquece. Você tem que ir para os dates disposta a beijar, transar, amar, odiar e romper, tudo antes da meia-noite – Cinderela volta para casa com o serviço concluído, viveu em poucas horas o que costuma levar uns três anos. Uma aula de otimização do tempo.

No extremo oposto, tem gente ainda querendo se casar e ser feliz pra sempre. Tão anos 50. Alguém avisa? Sobre política, só vou lembrar que enquanto parte das Excelências tentam acabar com o mundo em prazo recorde, a outra mantém-se apática. Ninguém vai alcançar uma camisa de força para os patrocinadores da guerra? Continuaremos assistindo ao show de horrores pelo Instagram?

Ah, as redes. De um lado, os haters e sua violência verbal direcionada a estranhos, e na outra ponta, os bajuladores de plantão. Ora, ninguém ama ou odeia desconhecidos, essas exibições virtuais não passam de tentativas de validação. É muita carência. De tudo. Quanto maior a overdose de informações dúbias e conexões múltiplas, mais o vazio se expande. Procura-se um tutorial que nos ensine a bailar na beira do precipício.

Seria pedir demais que voltássemos a ter uma vida amena, ponderada, sem tanta ansiedade? O que a adoração pelo dinheiro e o consumismo fizeram com a gente? A natureza, sim, tem motivo para surtar: árvores estão sendo substituídas por concreto, o mar está impregnado de plástico e o oxigênio está perdendo para o dióxido de carbono. 

Resta saber se o outono, tão admirado por suas temperaturas que não fritam neurônios nem congelam corações, resistirá. Não tem jeito, morrerei torcendo pelo equilíbrio e a elegância. 

21/03/2025 - 16h00min
Sara Bodowsky

Minha vida mudou depois que apliquei técnicas de Feng shui em casa e os resultados começaram a fluir

Outro destaque da coluna: a festa Baila Comigo comemora o primeiro aniversário no Ocidente no sábado, dia 29 de março

As emoções podem "invadir" nossos ambientes em períodos de Mercúrio retrógado.

Hikmet / stock.adobe.com

Minha vida mudou muito nos últimos anos. Foi quando passei a buscar pequenos movimentos para manter a energia e a mente em equilíbrio. Taurina nata, meu lar sempre foi ninho para recuperar o fôlego e aninhar a alma. Aplico várias técnicas do Feng Shui em casa e curto os resultados.

No período de Mercúrio retrógrado (de 28/02 a 15/03) que estamos vivendo, pedi para minha amiga e consultora no tema, Marilda Romero, me explicar um pouco sobre as emoções que parecem “invadir” nossos ambientes nessa época.

Marilda conta que podem ocorrer vazamentos de água aparentemente inexplicáveis (no meu prédio simplesmente o cano principal da caixa d’água quebrou), panes elétricas nos aparelhos da casa ou até infestação de insetos. 

No Feng Shui, cada tipo de manifestação está ligada a uma emoção humana – especialmente em períodos retrógrados essas emoções, quando mal resolvidas, se manifestam nos ambientes para nos oferecer uma oportunidade para ressignificar, resolver e reestruturar. Como diz a Marilda: “a casa se expressa e acolhe o seu cuidado. A vida flui”.

Por isso, esse é um momento de aprendizado, mais do que qualquer outra coisa. Aproveite para reelaborar as mágoas e ressentimentos, as explosões de raiva e a dor da ausência de limites nos relacionamentos amorosos, familiares ou profissionais. Porque há boas notícias: no período de 6 a 26 de abril, você ganhará um novo impulso e uma nova oportunidade para recompor os afetos, reescrever sua história e aplicar as mudanças que deseja.

Para acompanhar mais o trabalho dela, acesse o perfil no Instagram @marildaromero.fengshui.

A festa Baila Comigo comemora o primeiro aniversário no sábado, dia 29, no Ocidente (João Telles 960 – Bom Fim). O evento foi pensado para o público 50+, mas agrada também muita gente que curte um espaço com lugar para sentar, música boa e horário mais cedo. 

São duas pistas comandadas por Katia Suman e o filho, Bruno Suman, nas quais rola muita música dos anos 1970, 1980 e 1990. Na edição de aniversário, o DJ convidado é Eduardo Peninha Bueno. A Baila Comigo vai das 19h às 23h. Ingressos à venda no Sympla.


22 de Março de 2025
CARPINEJAR

Três gerações

Meu pai estava assistindo à primeira partida da final do Gauchão - o Gre-Nal na Arena -, a imagem tremeu, a transmissão saiu do ar por alguns minutos. Ele não parava de bater no controle remoto. Foi um ato falho insano do seu passado.

Já testemunhei essa cena algumas vezes. Ele mantém essa mania esquisita. No lugar de trocar as pilhas, inventa de chacoalhar o comando e golpeá-lo contra o braço do sofá. Acredita que a instabilidade será resolvida com um tapa.

Meu pai faz parte de uma época em que os eletrodomésticos ressuscitavam na base do tapinha.

Radinho chiava, tapinha.

Televisão perdia foco, tapinha.

Liquidificador enguiçava, tapinha.

Máquina de lavar não se mexia, tapinha.

Aspirador de pó desacelerava, tapinha.

Os produtos chegavam espancados à assistência técnica. Inclusive, na hora de me abraçar, meu pai me dá tapinhas nas costas. Vá que eu não esteja funcionando. Seus compadres vêm ficando cada vez mais nervosos diante da tecnologia, porque os objetos não duram. Compra-se celular de dois em dois anos, por exemplo.

Sentem-se ameaçados pela natureza descartável e volátil do consumo. Construíram uma existência alicerçada na estabilidade - do único emprego para se aposentar, da casa própria, do casamento para sempre - e de repente nada mais é seguro e definitivo, nem em termos de relacionamento, muito menos de carreira, sequer de patrimônio e bens dentro do lar.

Antes, máquina de lavar era para toda a vida, fogão era para toda a vida, geladeira era para toda a vida. Enferrujando, descascando, pifando, eles continuavam sendo repintados e arrumados.

Hoje você não manda nenhum utensílio para o conserto. Procura outro. Sua substituição é previsível e imediata. A aquisição é mais barata do que qualquer orçamento. As garantias são pouco executadas.

Eu, diferentemente, sou da geração que, se acontece algum problema, liga e desliga o aparelho. Isso pode ter também suas consequências no meu comportamento. Parto do princípio de que, tirando da tomada ou reiniciando o sistema, restabelecerei a normalidade. O que explica o quanto eu e meus xarás dos anos 1980 sofremos dos vaivéns amorosos. Trata-se de um condicionamento mental. Não deu certo, desliga o laço, e liga de novo. A tendência é terminar e voltar para os mesmos romances, jurando que a reconciliação será capaz de corrigir os erros e antecedentes.

A geração de meus filhos é mais desencanada. Num bug, apenas se distanciam. Vão realizar novas atividades. Não esquentam a cabeça com uma pendência. Sabem que tudo está salvo na nuvem. Adaptam-se às soluções provisórias da atualidade. Acostumaram-se a mudar de trabalho, de casa, de envolvimento. Descobriram a paciência do acaso. Aprenderam a se despedir do mundo material. Não se martirizam com o apego. E, no amor, valorizam essencialmente a amizade. A liberdade é maior do que estar junto. _

CARPINEJAR


22 de Março de 2025
COM A PALAVRA

Pneumologista, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e membro titular da Academia Nacional de Medicina (ANM)

"O maior risco hoje é uma epidemia pelo vírus H5N1"

Ao longo dos três anos mais críticos da pandemia de covid-19, a pneumologista Margareth Dalcolmo foi uma das principais vozes da ciência e do enfrentamento ao coronavírus no Brasil. Nesta entrevista, ela analisa temas como o legado da crise sanitária para o sistema de saúde brasileiro, os motivos para a hesitação vacinal e os caminhos para reverter os baixos índices de imunização.

Jhully Costa

Qual seria o risco de uma nova pandemia da mesma dimensão que tivemos com a covid a curto e médio prazo? Existe alguma forma de visualizar isso?

Sim. Uma das conquistas que a pandemia da covid-19 trouxe, inclusive, foi melhorar os mecanismos de precisão com os quais, através da vigilância genômica e da vigilância epidemiológica, se possa prever a emergência de novos surtos, epidemias ou mesmo pandemias. Não há dúvida de que pandemias poderão ocorrer ainda. Nós estamos verificando que o maior risco hoje é uma nova epidemia de influenza, pelo vírus H5N1, nascido nos Estados Unidos e que já contamina um número muito grande de animais domésticos, como as vacas leiteiras nas fazendas naquele país. Não há dúvida de que já há transmissão desse vírus, que é eliminado pelo leite das vacas e já contaminou animais domésticos e pessoas. Também há aproximadamente 80 casos em humanos que já houve transmissão. O que não aconteceu até o momento foi uma transmissão de uma pessoa para outra. E o vírus tem potencial para que isso ocorra, é um vírus influenza.

O que a senhora tem a dizer sobre o novo coronavírus descoberto na China?

Por enquanto, só foi detectada a presença desse vírus nos morcegos, que são animais muito especiais, de temperatura muito alta, que albergam uma população viral enorme.

Já se sabe se esse novo coronavírus teria o mesmo potencial de contaminação do Sars-Cov-2?

É cedo para dizer porque não houve transmissão nem mesmo para outros animais. Esse vírus só foi, até o momento, descoberto em população de morcegos, que são grupos monitorados. Mas tem capacidade, sim, porque ele, inclusive, usa o mesmo mecanismo enzimático de se acoplar à célula humana que o Sars-Cov-2. Ele tem a chamada enzima inibidora da angiotensina (ECA-2), como nós chamamos, que é a mesma enzima, o mesmo mecanismo que seria usado para fixar o vírus na célula humana.

Qual o maior legado que a pandemia deixou para o sistema de saúde brasileiro? A senhora considera que saímos melhores dessa crise sanitária?

Os grupos de pesquisa criaram muitas redes de cooperação, o que foi uma coisa extremamente positiva, inclusive no Brasil. O Brasil, a despeito de todas as dificuldades que nós passamos, é o 10º país em publicações científicas sobre a covid-19, o que é bastante coisa. Entendemos também que era preciso que os médicos, os pesquisadores, os virologistas e todo mundo que trabalhava nessa área saísse dos seus casulos, digamos assim, e viesse a público para dar informação. E é preciso verificar que a comunidade científica brasileira resistiu a várias dificuldades, sendo a primeira delas uma retórica oficial e governamental, que sempre foi extremamente nociva, inclusive ao nosso trabalho.

Conseguimos superar essa retórica?

Nós passamos a desenvolver o que eu chamaria de uma certa expertise de trabalhar sem nos deixarmos contaminar por aquela retórica tão nociva, inclusive oficial, e fazer as nossas recomendações. O Brasil teve esse paradoxo e foi um celeiro de desenvolvimento de grandes estudos de vacina: desenvolveu estudos de fase 3 das vacinas da Pfizer, da Janssen e da Coronavac. Ou seja, foi um local onde, apesar das dificuldades, se desenvolveram grandes trabalhos. Com isso, estou reconhecendo que os grupos brasileiros aprenderam muita coisa, sem dúvida.

A senhora acredita que o Brasil demorou para ter uma resposta adequada à pandemia?

A retórica oficial governamental, que era contra tudo, dizia que não precisava de lockdown, que o importante era manter a economia. Nós sabíamos que precisávamos proteger as pessoas, e a melhor maneira de proteger as pessoas era confiná-las em casa. Mas esse tipo de medida já desde o início foi muito contestado. E nós temos o maior exemplo pedagógico no Brasil, que foi o que aconteceu em Manaus. Manaus foi o primeiro polo epidêmico da covid-19 no Brasil. Morriam 30 pessoas por dia, passaram a morrer 180, e nada foi feito. 

E o que aconteceu? Sete meses depois, a nova cepa foi descoberta em Manaus, com uma disseminação enorme e foi aquela tragédia que nós vimos, com falta de oxigênio e pessoas recebendo de maneira totalmente equivocada cloroquina. Houve exemplos que mostram que as medidas foram disseminadas de forma confusa e havia já, desde esse momento, gente dizendo que não precisava fazer isolamento social, que tinha que ter uma vida normal e usando conceitos totalmente errados de que nós teríamos que adquirir imunidade de rebanho. Nós sabemos que esse termo inclusive é equívoco. Imunidade de rebanho se adquire com vacina e não com transmissão de doença.

Na sua visão, o que motivou a hesitação vacinal no Brasil, apesar da vacinação ter sido fundamental para a redução das internações e mortes pela doença?

A primeira observação que cabe é que os fenômenos de anti-vax são completamente novos no Brasil. Foi uma contaminação nova que entrou na cultura brasileira, porque tínhamos uma adesão ao processo de vacinação muito grande desde o nascimento do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

E quais seriam os caminhos para reverter essa situação e os baixos índices de vacinação?

Como isso seria um resgate de algo que já era muito incorporado na nossa população, acho que está ligado a uma qualidade da comunicação. É preciso que nós, em primeiro lugar, digamos a verdade: mostrar os casos, a diferença que faz, os resultados positivos, como a nova eliminação do sarampo, a mudança que houve recentemente na questão da vacinação contra a poliomielite, onde o Brasil adota a mesma conduta dos países desenvolvidos, deixando de usar as gotinhas e passando a usar agora a vacina injetável, o controle de doença, e como nós conseguimos praticamente erradicar a poliomielite. 

Além disso, há um outro fator que eu acho importante e que o Ministério da Saúde tem feito, que é a descentralização das modalidades de vacinação. São usadas modalidades específicas para microrregiões. Essa microrregionalização que tem sido usada pelo Programa Nacional de Imunizações me parece bastante correta e acho que isso será capaz de modificar esse cenário.

Como a senhora apontou, a ciência foi muito questionada durante a pandemia. A senhora acredita que isso modificou a relação entre a população e os pesquisadores?

Acho que houve e há ainda essa (atitude) deliberada, infelizmente, inclusive através de grupos de médicos. E eu considero um fenômeno muito triste que médicos se disponham a dizer ou a disseminar um temor para as pessoas, porque é muito deletério. Mas acho que aumentou a confiança. Eu somei durante três anos quase 700 entrevistas na imprensa. 

Foram muitas vezes em que eu me manifestei, e cada vez que eu estou em um lugar alguém vem falar comigo e me agradecer. Acho que, de modo geral, nós tivemos um aumento de confiança na ciência, apesar desse esforço pelo outro lado de colocar em xeque de maneira muito maliciosa tudo aquilo que nós temos sido capazes de fazer. 



22 de Março de 2025
OPINIAO DA RBS

O deboche do orçamento

O orçamento da União para 2025, aprovado na quinta-feira no Congresso, com três meses de atraso, é uma síntese da composição de forças que reina em Brasília e um triste retrato de um país em que as conveniências políticas se sobrepõem aos interesses dos brasileiros. Do impasse que postergou a votação até o conteúdo em si, a peça expressa a dominância do centrão diante de um Executivo desarticulado e sem capacidade para equilibrar o jogo no Legislativo, além da desfaçatez de um cálculo eivado de irrealismos que prevê um superávit de R$ 15 bilhões.

Indiferente às verdadeiras prioridades nacionais, o Congresso não abriu mão de pulverizar R$ 50,4 bilhões em emendas. Enquanto isso, faltam recursos para iniciativas estruturantes, como as de infraestrutura, essenciais para competitividade da economia brasileira. É dinheiro que acaba drenado para obras paroquiais e projetos inconsistentes, muitas vezes pessimamente executados. Isso quando não viram assunto de polícia. Os cerca de 80 inquéritos abertos para investigar malfeitos com o dinheiro alocado por congressistas que tramitam no STF são bastante ilustrativos.

O poder desse bloco de siglas que, sem linha programática firme, aderem a qualquer governo, desde que bem recompensadas, se materializa também no direcionamento das verbas para os ministérios. Das quatro pastas que mais foram vitaminadas com recursos em relação ao exercício anterior, três - Esportes (270% de crescimento), Turismo (180%) e Integração e Desenvolvimento Regional (79%) - são comandadas por membros do centrão. À gestão Luiz Inácio Lula da Silva, com a popularidade em queda livre, resta aceitar as chantagens para assegurar vitórias em votações essenciais ao Executivo e, com mais verbas, tentar garantir o aluguel de ao menos parte das siglas fisiológicas na campanha eleitoral de 2026.



22 de Março de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Juro alto é ameaça para dívida pública

Na quinta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Banco Central (BC) vai cumprir a missão de levar a inflação para a meta, mas terá de fazer isso de maneira "inteligente". A expressão deixou economistas intrigados, mas é bom lembrar que, além de frear a atividade econômica, a alta do juro - única ferramenta que o BC tem para barrar repasses - pressiona a já pesada dívida pública do Brasil.

Conforme projeção do próprio BC feita em novembro passado, cada ponto percentual de aumento no juro básico eleva a já pesada dívida pública do Brasil em cerca de R$ 55 bilhões. Isso significa que só o choque monetário iniciado em dezembro vai adicionar R$ 165 bilhões aos R$ 7,3 trilhões de pendências acumulados até o final do ano passado.

É também por isso que há necessidade de graduar a elevação da taxa básica com cuidado, com atenção à máxima de que a diferença entre remédio e veneno é a dosagem. O aumento da dívida provoca o mesmo efeito que o aumento do juro pretende anular: pressiona a inflação.

Esse é princípio básico do temor de dominância fiscal que inquieta um número crescente de economistas. E é o motivo pelo qual o melhor, a essa altura, é que o juro alto faça o efeito esperado: esfrie a atividade econômica. Caso contrário, o governo estaria gastando dinheiro com maior remuneração dos credores sem resultado.

E é por isso, também, que agora o mercado questiona de maneira mais incisiva medidas do governo Lula que resultam no efeito contrário, seja por aumento da renda disponível ou incentivo ao consumo. Ao neutralizar ao menos em parte o resultado desejado do juro alto, elevam o risco da tal de dominância fiscal. No início do ano, Haddad falou em "calibrar o crescimento". É disso que o país precisa agora.

O que é dominância fiscal

Situação em que o desequilíbrio das contas públicas é tão grande que torna sem efeito a política monetária - executada por meio da graduação do juro. Mais ainda, significa que os aumentos da taxa básica adotados para frear a atividade econômica e, assim, tentar controlar a alta de preços, produzem consequência oposta: aumentam a inflação. _

RS vai receber R$ 400 milhões em apoio via operação do Itaú

Uma operação internacional de R$ 1,4 bilhão do Itaú Unibanco, em parceria com a IFC (International Finance Corporation, integrante do sistema do Banco Mundial) e o IDB Invest vai destinar R$ 400 milhões ao financiamento de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) do Rio Grande do Sul para a reconstrução econômica depois da enchente de maio de 2024.

- Estamos comprometidos em apoiar nossos clientes na transição para uma economia de baixo carbono, fornecendo o capital necessário para impulsionar o desenvolvimento sustentável e enfrentar os desafios climáticos cada vez mais presentes - afirma Daniel Goretti, diretor da Tesouraria do Itaú Unibanco.

Os recursos para o Estado são parte do maior volume, de R$ 1 bilhão, que será destinado a MPMEs de todo o Brasil. Outros R$ 400 milhões serão aplicados em projetos de preservação da biodiversidade dentro do Programa Reverte, iniciativa da Syngenta da qual o Itaú BBA é o parceiro financeiro.

O objetivo é dar condições técnicas e financeiras para a conversão de áreas de pastagens degradadas em áreas agriculturáveis. O Reverte é considerado a maior iniciativa privada de apoio à conversão de áreas degradadas, contribuindo para o crescimento da produção agropecuária sem expansão da fronteira agrícola sobre áreas de vegetação nativa.

O Itaú Unibanco lançou títulos que seguem os critérios de finanças sustentáveis do banco, alinhados aos princípios de títulos verdes e sociais da International Capital Market Association (ICMA) e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. _

R$ 5,717

foi fechamento do dólar na sexta-feira, resultado de alta de 0,72%. Depois de sete quedas em sequência, a cotação voltou a subir sob temor de imposição de tarifas por Donald Trump, com início previsto para abril.

Gaúcha no rumo da internacionalização

Um acordo vai conectar uma empresa gaúcha à gigante da tecnologia HP. Com sede em Porto Alegre, a Trinca fez parceria com a agência espanhola Nacar Design, que desenha produtos da HP. Focada em tecnologia e design, vai entrar com a parte digital e de desenvolvimento na cooperação com a Nacar. Para a empresa gaúcha, que tem escritório em Barcelona, na Espanha, o acordo é mais um passo em sua internacionalização. Neste ano, pretende expandir no mercado americano, também com escritório próprio. Prevê crescer 20% em 2025. _

Conforme a bolsa de valores, a B3, em 16 de dezembro, a posição comprada em dólar (aposta contra o real) de investidores estrangeiros era de US$ 77,6 bilhões. Na quarta-feira, havia recuado para US$ 42,2 bi. Caiu US$ 35 bi.

GPS DA ECONOMIA


22 de Março de 2025
ACERTO DAS TUAS CONTAS - Giane Guerra

Rendas isentas de IR em caso de doença

Como muitos aposentados seguem trabalhando, surge a dúvida se há isenção ou não de Imposto de Renda no caso de doenças graves também para esta renda extra.

O superintendente da Receita Federal no Rio Grande do Sul, Altemir Melo, esclarece que somente rendimentos de aposentadoria, pensão ou reserva/reforma (militares), inclusive o 13º, das pessoas portadoras de doenças graves têm direito à isenção. Ou seja, as demais rendas, como aluguéis ou remunerações, são tributáveis.

Segundo ele, havia discussão jurídica sobre o assunto. Porém, o tema foi pacificado por uma decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) em uma ação direta de inconstitucionalidade.

As doenças precisam ser comprovadas por atestados, laudos ou documentos médicos. O pedido de isenção do IR é gratuito, pode ser realizado pela internet e o segurado só precisa comparecer ao INSS caso seja chamado para uma perícia médica. _

As que são aceitas

Moléstia profissional

Tuberculose ativa

Alienação mental

Esclerose múltipla

Neoplasia maligna (câncer)

Cegueira

Hanseníase

Paralisia irreversível e incapacitante

Cardiopatia grave

Doença de Parkinson

Espondiloartrose anquilosante

Nefropatia grave

Hepatopatia grave

Estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante)

Contaminação por radiação

Síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids)

Juro alto deixa o financiamento caro e retrai a venda de imóveis. Lembre-se: mercado enfraquecido abre brecha para quem guardou dinheiro e pode dar uma entrada maior ou comprar à vista. Aproveite esta vantagem na negociação.

13º do INSS

Antecipar novamente o pagamento do 13º salário de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) será, sim, avaliado pelo governo em 2025. À coluna, o Ministério da Previdência informou que o assunto será debatido - portanto, não há definição no momento. A nota reforça que depende de decreto. Quem decide é a presidência da República e a Casa Civil. A votação do Orçamento da União para 2025 abriu o espaço para o assunto andar. A dúvida começa novamente a ser enviada por leitores, já que a primeira metade do benefício, em 2024, foi depositada em abril e a segunda em maio. O pagamento do 13º pelo INSS tradicionalmente ocorria no segundo semestre. Porém, desde 2020 - início da pandemia -, vem sendo antecipado para a primeira metade do ano. _

Coelhinho pesou a mão

Supermercados gaúchos receberam das indústrias ovos de Páscoa, em média, 25% mais caros do que no ano passado. O repasse ao consumidor depende da estratégia de cada loja. O aumento é seis vezes a inflação do período e supera até o salto do chocolate, que é o principal motivo para este aumento. O doce está mais caro devido à alta no preço do cacau.

Como a coluna explicou no sábado passado, há uma escassez global do fruto nos últimos quatro anos, provocando recorde nas cotações internacionais. Doenças e mau tempo afetaram colheitas na Costa do Marfim e em Gana, que respondem por mais de 60% da produção mundial. Além disso, muitos produtores foram para cultivos mais rentáveis. O preço maior fez vários voltarem, mas o cacaueiro demora três anos para produzir, ou seja, deve melhorar o preço em 2027 apenas. _

A moda de 2ª mão Consumidor verde

O contrário do fast fashion (moda rápida, com peças de pouco uso) são os produtos que duram bastante tempo, utilizados por anos, doados em boas condições ou revendidos. Brechós ganham espaço lentamente, inclusive entre jovens que querem economizar e/ou ter um consumo mais sustentável. Ainda são mais comuns em bairros, lojas de rua, mas recentemente abriu um no Shopping Total. Na internet, plataformas também tornaram mais fácil vender e comprar usados.

A Confederação Nacional do Comércio perguntou aos moradores do Sul sobre como escolhem entre produto novo e usado. _

Moradores do Sul

As respostas %

Compra o novo, mesmo que mais caro 44

Compra o usado, principal- mente por ser mais barato 28

Compra o usado, pelos impactos ambientais da produção do novo 22

Não sabe 6

ACERTO DAS TUAS CONTAS

22 de Março de 2025
INFORME ESPECIAL -Rodrigo Lopes

Corte, surpresa e garantia de repasse ao setor cultural

Foi com surpresa que o Ministério da Cultura recebeu a informação do corte de 84% no orçamento da Política Nacional Aldir Blanc, de apoio ao setor cultural. Inicialmente, estavam previstos R$ 3 bilhões para a execução do mecanismo de incentivo à cultura. No novo texto do projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2025, aprovado no Congresso na quinta-feira, o valor caiu para R$ 478 milhões.

- Fomos surpreendidos com esse corte realizado pelo relator, mas, rapidamente, fomos entender quais eram os mecanismos possíveis que tínhamos para fazer essa recomposição - afirmou à coluna o secretário-executivo do ministério, o gaúcho Márcio Tavares.

O secretário contou que a ministra Margareth Menezes já discutiu com Rui Costa, da Casa Civil, formas de recuperar o recurso. A promessa é de que o governo federal vai garantir, a despeito do valor que está na rubrica hoje, o montante necessário.

Conforme Tavares, o governo está comprometido em suplementar os recursos, mesmo que tenha havido esse corte na rubrica pelo Congresso. A Lei Aldir Blanc é uma despesa de caráter obrigatório.

- Por isso, nós, imediatamente, saímos com um comunicado não só do Ministério da Cultura, mas do Ministério da Cultura e da Casa Civil, a ministra Margareth e o ministro Rui se falaram, garantindo a integralidade do repasse. Você pode ter certeza, esse ano, mesmo com o Congresso tendo feito uma modificação na lei, o governo federal vai garantir a integralidade do repasse, conforme o regramento que estabelecemos - afirmou.

Alcance de até 97% dos municípios

Tavares avalia que será possível chegar aos R$ 3 bilhões que a lei determina.

- Vamos precisar fazer uma aferição, ver todo mundo que for executar, mas podemos chegar - disse.

Os recursos fomentam as atividades de pequenos produtores, grupos culturais e artistas, atingindo 97% dos municípios brasileiros. Ou seja, a redução, se confirmada, tem forte impacto no setor cultural como um todo. _

Doutor em Relações Internacionais, o professor gaúcho Ricardo Seitenfus doou sua rica biblioteca ao Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo (USP). São 61 caixas, com quase uma tonelada em obras, que incluem o acervo sobre o Haiti, o mais completo da América Latina.

"Tour comunista" na UFRGS

O coletivo Faísca Revolucionária, grupo nacional que conta com participantes na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), planeja realizar neste sábado um "tour comunista" pela instituição.

A ideia é recepcionar os novos alunos e "convidar pra conhecer a UFRGS através de uma perspectiva marxista", além de contar histórias de lutas dos estudantes e trabalhadores da universidade.

Conforme Giovana Pozzi, estudante de História na UFRGS e membro da Faísca Revolucionária, essa será a terceira edição do evento em Porto Alegre. Segundo a estudante, mostrar "a perspectiva marxista" significa apresentar o olhar dos trabalhadores e dos estudantes, que fazem a universidade funcionar todos os dias. A organização do tour explica que o coletivo é totalmente independente da reitoria, sem ligações políticas.

À coluna, o setor de comunicação da universidade informou em nota que "a UFRGS não tem participação institucional nessa atividade. O corpo estudantil possui autonomia para realizar eventos, desde que respeite os princípios da universidade". _

Falcão discursa na ONU

Ídolo do Inter e eterno "Rei de Roma", Paulo Roberto Falcão discursou na quinta-feira em um dos lugares mais importantes do mundo, o plenário da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

O ex-jogador falou sobre sua experiência, trajetória vitoriosa e carreira no programa Change the World - New York Model United Nations.

O evento é organizado pela Academia de Embaixadores para Mudar o Mundo (Diplomatic and Change the World Academy), formada por estudantes de todos os continentes.

No primeiro dia do encontro, na quinta-feira, mais de 4 mil jovens de 140 países estiveram reunidos para pensar como transformar o planeta em um lugar melhor. Falcão falou sobre o futebol como um elemento capaz de propagar lições de liderança, resiliência e paixão.

- Fiquei emocionado de poder ser escutado por uma geração que está preocupada em se preparar para melhorar o mundo. Também fiquei muito feliz em poder contribuir com as lições que o futebol pode dar. Liderança, resiliência, união, o que a gente vive dentro de campo com vitórias e derrotas deixa muitos ensinamentos - disse Falcão à coluna, direto de Nova York.

O evento ocorre há 25 anos. Além de estudantes, reúne pesquisadores, embaixadores, ex-ministros de Estado, personalidades do esporte e funcionários do alto secretariado da ONU. O ex-presidente dos EUA Bill Clinton, por exemplo, abriu as conferências de 2018 e de 2022.

Falcão participou da cerimônia na sede das Nações Unidas acompanhado da esposa, a comunicadora, apresentadora do Jornal do Almoço e colega Cristina Ranzolin. _

Dia Mundial das Geleiras

Para aumentar a conscientização sobre o papel que as geleiras, a neve e o gelo desempenham no sistema climático, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2025 o Ano Internacional da Preservação das Geleiras. A entidade também estabeleceu o 21 de março como o Dia Mundial das Geleiras. Na sexta-feira, foi a primeira vez que em que a data foi comemorada.

Em comunicado, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) - órgão ligado à ONU - afirmou que a data serve para alertar "que o derretimento acelerado das geleiras corre o risco de desencadear uma avalanche de impactos em cascata nas economias, ecossistemas e comunidades".

Segundo a instituição, cinco dos últimos seis anos registraram o recuo mais rápido das geleiras já observado na história - entre 2022 e 2023, ocorreu a maior perda de massa de geleiras. Conforme dados da OMM e do Serviço Mundial de Monitoramento de Geleiras (WGMS), atualmente há mais de 275 mil geleiras no mundo, cobrindo cerca de 700 mil quilômetros quadrados. Elas armazenam 70% dos recursos globais de água doce. 

INFORME ESPECIAL

sexta-feira, 21 de março de 2025


21 de Março de 2025
CARPINEJAR

Comida caseira

Ter é não valorizar. Não ter é correr atrás. Esse é o mais comum paradoxo da existência. Quando pequenos, não damos atenção para a comida de casa. Depois, adultos, o que mais desejamos é a comida caseira de volta.

Viramos caçadores da alimentação simples, da porcelana com esmalte amarelo nas bordas, do copo lagoinha e da toalha plastificada. Aventuramo-nos em muquifos com fachadas menos abençoadas para descobrir aquele lugarzinho sagrado: onde o fogão reina mais do que a aparência.

Os talheres não são de prata, os copos não são de cristal, mas o sabor é do ouro da saudade. Eu não resisto a uma a la minuta na estrada. Se no letreiro aparece "bife acebolado", eu babo, eu me afogo na própria saliva.

Logo vêm à mente as lascas de carne douradas e crocantes, preparadas na chapa, que eu tinha que disputar no garfo com os irmãos. O cheiro se mantém ileso na memória. O olfato da memória se faz mais forte do que a respiração do momento. Outro gatilho para a gula é o pão com salsichão. Se algum estabelecimento tem coragem de anunciá-lo, entro sem pestanejar.

Meu Deus, cedo à tentação com orgulho. Cachorro-quente é para criança, pão com salsichão é para adulto com nostalgia dos churrascos pobres da infância. A pobreza era a nossa riqueza: nada poderia ser melhor do que abrir com a mão um cacetinho novinho e ajeitar o embutido fumegante em seu miolo. Comia-se caminhando, para retornar em seguida e repetir.

O que você mais quer encontrar nos restaurantes é o básico com capricho. Não é nenhum prato sofisticado. Não é nenhum prato extravagante. Tenta reprisar os bons tempos da família reunida.

Há um apelo afetivo, um regresso a um útero gastronômico, em que nos víamos protegidos, aquecidos e alimentados. A carência para ser novamente cuidado, recebido e acolhido grita na maturidade. É um berro da alma por espaços modestos que reproduzam nossa plena aceitação, à revelia das formalidades.

Mais do que quando enfrentava febres na cama, eu me sentia amado quando era servido na mesa. Nenhuma estrela Michelin supera o feijão mexido, a lentilha, a couve, as fritas, a polenta, o galeto, o guisado com batatas, a carne de panela, a abóbora caramelizada, o estrogonofe, o carreteiro.

Recentemente, no meu bairro, abriu um restaurante. Ele apresentava em sua tabuleta: "feijãozinho de mãe". Foi um sucesso. Filas se formavam ao meio-dia, engolfadas pelo vapor perfumado dos temperos no caldo escuro. O fiador materno é arrebatador. Eu me tornei assíduo. Pensei que não haveria local melhor para as refeições diárias pelo resto da vida.

Só que surgiu um concorrente na esquina da mesma quadra oferecendo "feijãozinho de vó". Daí quebrou a banca. A mãe da mãe sempre ganha. Comida de vó é o upgrade da nostalgia, o colo da saciedade. 

CARPINEJAR


21 de Março de 2025
MARCO MATOS

Desistir antes de começar

Não há nada que identifique mais uma autossabotagem do que desistir antes de começar. A sensação é horrível. Mas o que faz uma pessoa chegar perto de começar a realizar algo e, de repente, perder o interesse?

São muitas as perguntas que surgem nesse momento. Tente imaginar o tamanho da frustração de abandonar um plano, um objetivo, um sonho. É difícil abrir mão do que se quer. Mas o que fazer quando falta motivação? Ou será que é algo que vai além de vontade?

Eu arrisco dizer - até mesmo por já ter tido experiência própria - que o empurrãozinho que nos leva à desistência é a falta de convicção que o fim do processo vá valer a pena. Por muito tempo caí nessa armadilha.

Já quis realizar muitas coisas que, simplesmente, ficaram pelo caminho sem que sequer eu tenha tentado conseguir. Deixei de aprender a tocar instrumentos, aprender mais idiomas, ler alguns livros que comprei e ficaram de enfeite de estante.

Já quis ir em lugares que eram novidade, mas que depois de anos abertos fecharam sem eu ter conhecido. Ouvi por anos discos da Gal Costa e ela morreu sem eu ter ido a um show dela. Meu entusiasmo, muitas vezes, morreu na véspera.

Trouxe aqui alguns exemplos triviais, mas pode acreditar que já renunciei a muitas outras coisas, algumas bem mais importantes. Buscar tranquilidade pode ser um erro.

Mas, afinal, como insistir num sonho? Estou descobrindo que pode ser bem mais simples do que eu imaginava na adolescência: basta começar sem ter a pressão de chegar lá. Curtir a jornada é fundamental para criar coragem de arriscar.

Um outro ponto importante de sabotar a si mesmo é que, em muitos casos, isso está relacionado a priorizar os outros e não o "eu". Eu gosto de agradar - e sei que muita gente que está lendo esse texto se identifica com isso. Mas será mesmo que fazer o que a gente quer é egoísmo?

Realizar algo por nós mesmos é estranhamente prazeroso. E isso pode começar nas pequenas coisas. Ninguém pode cuidar melhor de mim do que eu. Todos nós deveríamos nos orgulhar de comprar um presente que não precisa de embrulho.

É um longo processo. Autoestima? Talvez, sim. Está chegando aí mais um fim de semana. Que bela oportunidade de ir em frente. _

MARCO MATOS


21 de Março de 2025
OPINIÃO RBS

Fim do ciclo mais perto

A leitura das entrelinhas do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) indica que o atual ciclo de alta do juro está mais perto do fim. Na quarta-feira, o colegiado confirmou, de acordo com o script anteriormente anunciado, a elevação da Selic em um ponto percentual, levando o aperto monetário ao patamar obsceno de 14,25% ao ano, nível em que permaneceu de setembro 2015 a outubro 2016, quando a inflação chegou a dois dígitos, o dobro do acumulado em 12 meses até fevereiro. 

A surpresa foi a indicação para a próxima reunião, em maio, de "um ajuste de menor magnitude" caso nenhuma surpresa apareça. Se vier um acréscimo de 0,75 ponto, o juro atinge 15% ao ano, a aposta majoritária do mercado para o encerramento do ano.

É frustrante que o BC se veja obrigado a conduzir o juro a um degrau tão alto. Alcançar 15% significa voltar a um custo de capital que não era visto há quase duas décadas. A última vez que a Selic chegou a uma escala mais alta foi em 2006, no governo Lula 1. Trata-se de um nível que, muito além de desestimular o consumo, o que não deixa de ser o objetivo, para frear a inflação, traz efeitos nefastos como a inibição do investimento produtivo, a piora das condições financeiras das famílias e das empresas endividadas e a elevação da própria dívida pública. É o círculo vicioso do qual os brasileiros não conseguem se livrar.

Espera-se que novos sobressaltos internos e externos não surjam e o torniquete monetário pare de apertar em breve. Mas o desejável, o início de um afrouxamento, segue distante. Colabora, neste momento, a descompressão do dólar, que chegou a tocar nos R$ 6,30 em dezembro, mas ontem já era negociado a R$ 5,66. Outro fator positivo é a boa safra que o país está colhendo, que tende a segurar o preço da comida, a vilã inflacionária do momento.

Mas também há fatores que preocupam. Ao concluir que "persiste uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação", o Copom quer dizer, trocando em miúdos, que as informações disponíveis indicam maior chance de a pressão nos preços persistir. Além da economia ainda aquecida e do mercado de trabalho forte, há as incertezas externas puxadas pela guerra tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump. No âmbito doméstico, a preocupação reside na política fiscal frouxa do governo, o que contribui para as expectativas de inflação permanecerem elevadas.

Entre os fatores que podem levar a inflação e as projeções dos preços para cima ou para baixo, o que está nas mãos do Planalto é o controle das contas públicas. Devem ser renovados, assim, os alertas e os apelos para que as políticas fiscal e monetária puxem para o mesmo lado. A preocupação reside na propensão do governo a dar novos impulsos ao crescimento via consumo, ainda mais em um momento de popularidade baixa e com a eleição de 2026 se aproximando. Mas deixar o trabalho de segurar a inflação apenas para o BC significa, no mínimo, manter o juro em um patamar estratosférico e prejudicial ao país por maior tempo. _

Opinião do leitor

"Carnificina nas estradas"

Muito oportuna a coluna de Carpinejar (ZH, 19/3) sobre acidentes de trânsito e cobrança de mais agilidade ao governador nas obras de recuperação das estradas. Mas além dos estragos climáticos, é bom também se lembrar de outras influências nefastas sobre os maus motoristas. A retirada de radares das estradas, os perigosos grupos de jet sky na praia e as acintosas motociatas sem capacete promovidas no mandato do ex-presidente Bolsonaro certamente servem de estímulo aos amantes da velocidade que almejam mais "liberdade" e até fizeram Pix para pagar as vultosas e merecidas multas do capitão. _

Astor Francisco Hauschild - Agrônomo - Estrela - Tabela do IR

A tabela esta defasada uns 120% e o governo, para aplicar a isenção para até R$ 5 mil de renda, comunica que custará R$ 27 bilhões. Como assim? Este dinheiro arrecadado é uma extorsão do trabalhador assalariado. O correto seria fazer uma tabela progressiva para correção nos próximos cinco anos! Seria honesto e movimentaria mais a economia! _

Marcelo Rosa - Engenheiro - Porto Alegre - Eduardo Bolsonaro

Rosane de Oliveira (ZH, 19/3) acerta na mosca ao descrever que Eduardo Bolsonaro, imitando o pai, foge para os Estados Unidos. Lá, o parlamentar tem se manifestado a políticos de ultradireita para descrever a "ditadura" que vive o Brasil. Se ele aponta o Estado brasileiro como totalitário, como seu pai, que está inelegível, promoveu um ato público e político em Copacabana no último domingo! _

João Carlos Stona Heberle - Médico - Cruz Alta - Viaduto Otávio Rocha

A propósito da reportagem "Revitalização do Viaduto Otávio Rocha só deverá ficar pronta no final do ano" (ZH, 18/3), complemento que, da sacada do prédio onde moro, assisto diariamente, como espectador privilegiado, ao que está sendo feito ali. E asseguro que, desde o final de 2023, a construtora não mantém mais do que três ou quatro operários trabalhando. Por isso o atraso de 10 meses para a conclusão. 

Auber Lopes de Almeida - Editor literário - Porto Alegre

OPINIÃO RBS

21 de Março de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

É melhor esperar que o juro alto faça efeito

O juro básico perto de 15% vai, sim, encolher a economia, como advertem economistas e empresários. Mas o melhor, dadas as circunstâncias, é esperar que faça exatamente esse efeito. Com inflação acumulada em 12 meses de 5,06%, a alta de preços corrói o poder de compra dos salários e todos os brasileiros empobrecem.

Embora exista um debate legítimo sobre a capacidade de o juro alto controlar uma alta de preços cuja origem não é apenas aumento de demanda, esse fator tem peso na aceleração dos reajustes. E elevar o juro é o remédio amargo que o Banco Central (BC) receita para evitar doença mais grave: o descontrole da inflação. Então, aumento do juro é, sim, um problema. Encarece o crédito, adia investimentos e ainda pesa no bolso do consumidor por ser custo, também repassado. Uma vez administrado, o melhor é que cumpra seu papel. Dificuldade maior seria se não funcionasse, ou seja, se nem apertando o crédito a inflação cedesse e o crescimento desacelerasse.

Nesse caso, o Brasil experimentaria um fenômeno econômico descrito por um palavrão: dominância fiscal. Para lembrar, é uma situação em que o desequilíbrio das contas públicas é tão grande que torna a política monetária - feita por meio do juro - sem efeito. Mais ainda, quando altas adotadas para frear a atividade econômica e, assim, tentar controlar a alta de preços, fazem efeito contrário: aumentam a inflação.

Remédio ou veneno

O Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu positivamente o mercado e negativamente o setor produtivo ao avisar que haverá nova alta do juro na reunião de maio. Ontem, day after da decisão, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, disse não descartar que o resultado do PIB do segundo trimestre seja negativo, assim como o terceiro. Estaria caracterizada uma recessão técnica. Pouco antes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia dito no programa Bom Dia, Ministro, da EBC:

- Não acredito que você precisa de uma recessão para baixar a inflação no Brasil. Você consegue administrar a economia de maneira a crescer de forma sustentável, sem que a inflação saia do controle.

Também fez um mea-culpa raro de ouvir de integrantes do governo:

- Temos de admitir que governos erram, muitas vezes. Governos erram. E, às vezes, a coisa descalibra um pouquinho. Se não for um erro grave, você consegue corrigir rapidamente.

O melhor cenário seria uma correção rápida da política fiscal, mas quase todo o universo econômico jogou a toalha e não aposta na possibilidade. Por isso, o melhor a esperar é que o juro alto ajude a "calibrar" o crescimento, como afirmou Haddad em uma das primeiras manifestações neste ano. O BC só tem de lembrar da máxima que a diferença entre remédio e veneno é a dosagem. _

Retomada de cargo na Randoncorp

Pouco mais de dois anos depois de deixar de ser CEO para ficar apenas na presidência da Randoncorp, Daniel Randon vai retomar o cargo a partir de setembro. O atual CEO, Sérgio Carvalho, voltará a residir nos Estados Unidos, onde já mora a sua família, e passará a atuar como senior executive advisor, com função de consultoria externa independente.

Conforme a empresa, foi um movimento planejado e transitório. A coluna quis saber detalhes, e a empresa afirmou que "a alta gestão da empresa está em constante revisão" e, com isso, "pode, futuramente, reformular sua estrutura para outras composições que correspondam às necessidades do negócio".

Daniel, que já acumulara as posições de presidente e CEO entre 2019 e 2021, retorna à gestão em um momento de maior maturidade da governança.

- Estamos seguros de que será mais uma etapa relevante para nossa estratégia de crescimento sustentável, com foco no mercado externo. Sérgio deixa o legado de uma gestão marcada pela simplicidade, autenticidade, ética, valorização das pessoas e inovação - afirma Daniel.

Como Sérgio Carvalho também ocupa os cargos de presidente e CEO da Frasle Mobility, a partir de setembro Daniel Randon também passa à presidência dessa unidade de negócios, uma das que mais crescem no grupo, com Anderson Pontalti, atual COO, assumindo como CEO, responsável por toda a operação tanto no Brasil quanto no Exterior. _

Bom resultado em 2024 e adaptação para 2025

O ano marcado pela enchente, que paralisou as vendas da empresa no segundo trimestre, terminou bem para a Melnick. As vendas alcançaram R$ 837 milhões líquidos, 3% a mais do que as do ano anterior. Com isso, a incorporadora gaúcha fechou 2024 com R$ 71 milhões de geração de caixa, 37% acima de 2023, conforme balanço apresentado ontem.

- É um resultado importante não só para a Melnick como empresa isolada, mas como integrante da economia gaúcha, porque a produção imobiliária é fator de desempenho. Havia o temor de que as consequências da enchente desacelerassem a economia gaúcha por longo tempo, mas isso parece não ter ocorrido. Estamos satisfeitos por contribuir com uma recuperação mais rápida - diz Leandro Melnick, CEO da empresa.

Conforme o empresário, um dos fatores que permitiram esse resultado foi o ganho de participação de mercado da incorporadora, graças à posição conservadora, que se traduz em não ter dívida na hora em que o juro alto causa estresse em empresas com endividamento elevado.

Como em 2024 a Melnick aumentou em 49% seus lançamentos, o empresário afirma que isso é sinal de que manterá emprego e renda nos próximos quatro anos. Isso não significa, porém, que a Melnick não seja afetada pela alta da Selic, admite Leandro:

- Estamos diminuindo os lançamentos nos segmentos mais afetados pelo juro alto, classes média e média alta, em que sentimos violenta redução de compra. _

Expansão e "jardim das xícaras"

O número 1.700 da Avenida das Hortênsias, em Gramado, vai ganhar uma unidade da rede gaúcha Quiero Café de R$ 3 milhões. A loja será em formato conceito, ou seja, pretende aproximar o cliente da marca. A previsão é de começar a funcionar ainda neste mês.

Conforme Matheus Fell, sócio-fundador do Quiero Café, será um dos projetos mais importantes da história da empresa dos "guris do Interior". Criada em 2015, em Teutônia, no Vale do Taquari, a rede teve faturamento de R$ 195 milhões em 2024. Pretende crescer 28% em 2025, para R$ 250 milhões.

- Diversas vezes sonhamos e avaliamos opções em Gramado. No início de 2024, retomamos o sonho e começamos a estruturar o projeto - relata Fell.

Decoração temática

A loja de Gramado terá café, restaurante e bar, além de parte externa com decoração temática chamada de "jardim das xícaras". Ficará aberta ao longo de todo o dia. Vão compor a unidade um torrador e um espaço dedicado à venda de cafés, xícaras e outros itens em referência à cidade.

A unidade de Gramado será a 48ª do Quiero Café no Estado. No total, a rede tem 69 lojas, distribuídas por Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. _