segunda-feira, 1 de dezembro de 2025


O amor constrói, o divórcio destrói

a guerra dos roses
Jaime Cimenti

A guerra dos Roses ( Editora Intrínseca, 288 páginas, R$ 59,90, tradução de André Czarnobai) romance consagrado de Warren Adler, aclamado autor, dramaturgo e poeta norte-americano, foi publicado pela primeira vez em 1981 . Em 1989  a narrativa foi levada ao cinema, com direção de Dany DeVito e estrelado por ela, Kathleen Turner e Michael Douglas.

O livro trata do divórcio de Jonathan , advogado bem sucedido e Barbara, dona de casa e mãe de filhos maravilhosos. Eles levavam a vida dos sonhos, morando em lindo casarão com os filhos adolescentes , animais de estimação , uma enorme coleção de antiguidades e uma bela Ferrari na garagem. Após um repentino (e suposto)  ataque cardíaco , que desperta em Barbara profundas reflexões sobre o casamento, inicia o divórcio e uma grande disputa em torno do casarão. Ela não se importa mais com o marido, quer liberdade,  passa a trabalhar com um novo negócio, um buffê promissor,  mas não quer abrir mão da casa de maneira alguma . Ele , como ela, é apaixonado pela casa e não quer ficar sem a propriedade.

Os dois se envolvem em ferrenha disputa, um querendo expulsar o outro de casa, custe o que custar, mesmo colocando em risco a própria casa e os ricos objetos de decoração. Só o amor constrói e apenas o divórcio destrói na mesma intensidade, é o que acontece por lá.  Alta disfunção conjugal rola, mas com risadas garantidas.

A guerra dos Roses ganhou este ano um remake para o telão, um sucesso dirigido por Jay Roach e  estrelado por Olivia Colman e Benedict Cumberbach , que convida a ler o livro, que com seu humor ácido , cruel e arrepiante é  considerado ainda mais perturbador do que o filme.  A nova adaptação honra a memória dos fãs da primeira versão  e propõe uma releitura moderna da trama. Jay Roach dirigiu Austin Powers – Um Agente Nada Discreto; Trumbo e O Escândalo.

lançamentos

Uma história de resultados (Critério, 280 páginas), de Nedimar Frattini, criador e CEO da consagrada Frattini Consultores Associados, editado por Mateus Colombo Mendes, traz os 25 anos da Frattini, contados através de cases inspiradores. A obra é um prático e útil manual com os princípios da Frattini, tratando de empreendedorismo, administração, fusões e incorporações e outros temas relevantes.

Café com Sócrates (Editora Planeta, 288 pág, R$ 58,00), best-seller internacional da holandesa Elke Wiss, palestrante, escritora e roteirista , num tempo de polarização, com base em Sócrates e outros pensadores, ensina a dialogar e não só debater, ouvir, saber perguntar, observar e criar novos modos de comunicação.

150 Anos da Imigração Italiana no Rio Grande do Sul (Oikos Editora, 392 pág), organizado pelos professores Antonio de Ruggiero e Vania Beatriz Merlotti Herédia, traz textos deles e de colaboradores como Leonor Baptista Schwartsmann e Vicente M. Dalla Chiesa sobre o legado histórico-cultural e novas perspectivas de pesquisa, com vistas a colaborar para o avanço historiográfico sobre tão relevante tema.

A revolução digital no mundo editorial

Nestas últimas décadas, o mundo passou por uma revolução tecnológica sem precedentes na história humana. Essa revolução está transformando o ambiente da informação e da comunicação e destruiu muitos setores que tiveram papel decisivo na configuração desse ambiente, antes e durante a maior parte do século XX.

Jornais, rádio, televisão, música e cinema foram lançados nas muitas e rápidas mudanças que trocaram as antigas tecnologias analógicas por novas tecnologias baseadas na codificação digital e na transmissão de conteúdo simbólico. Jornais impressos desapareceram ou diminuíram suas tiragens. Nosso mundo de mídias, informações e conteúdos é profundamente diferente daquele de cinquenta anos atrás.

A indústria do livro não foi exceção e foi tremendamente atingida pelas turbulências. A revolução digital no mundo editorial, mundo este que existe há quase quinhentos anos, colocou editores e varejistas diante de desafios, novos players, produtos e serviços. Os gigantes da tecnologia entraram com tudo nas "guerras do livro", objeto que resiste aos séculos.

As guerras do livro - A revolução digital no mundo editorial (Editora Unesp, 568 páginas, R$ 106,00), do experiente e consagrado sociólogo e professor John B. Thompson, mostra como é notório que a indústria e o mercado editorial enfrentam seu maior desafio desde Gutenberg. Thompson escreveu o alentado e bem fundamentado volume em meio ao calor dos acontecimentos.

Thompson é especialista no estudo da influência da mídia e da ideologia na formação das sociedades modernas. Entre outras obras, publicou Ideology and Mass Culture, A mídia e a Modernidade: Uma Teoria Social da Mídia e Mercadores da Cultura: O Mercado Editorial no Século XX.

Há quem pense que o livro impresso está com seus dias contados, mas a realidade aponta para a continuidade de uma das maiores invenções da humanidade, e que segue encantando milhões de pessoas pelo mundo afora. A verdade é que os livros, muito mais do que apenas objetos de consumo e fruição, ocupam um espaço central nas lógicas democrática e civilizacional.

O livro mostra como a digitalização tornou os processos de logística e gestão editorial mais céleres e baratos, os textos digitados e guardados em arquivos editáveis facilitaram etapas cruciais como a de revisão, e a impressão tornou-se mais acessível. O impacto maior, entretanto, se deu no varejo, sobretudo com o surgimento de livrarias virtuais, sendo a Amazon o maior dos exemplos.

Com base em pesquisas e anos de trabalho, o autor fala do avanço do livro digital, da reinvenção do livro, das guerras pelos fundos de catálogo, a questão do Google, a ascensão da Amazon, explosão da autopublicaçao, publicação por financiamento coletivo, nova oralidade, bookflix, contação de histórias nas mídias sociais, velhas e novas mídias, mundos instáveis, vendas de uma grande editora americana de interesse geral e, nas páginas finais, há nota sobre os métodos de pesquisa, referências bibliográfica e índice remissivo.

a propósito...

Ao final, conclui o autor que, apesar do potencial disruptivo da revolução digital e da turbulência que tem caracterizado a indústria editorial  desde o começo do terceiro milênio, ela tem se saído muito bem e muito melhor do que diversos setores da mídia e das indústrias criativas. As vendas de livros não despencaram, os livros impressos não desapareceram e até mesmo as livrarias físicas ensaiaram um tímido retorno, ao contrário das previsões de muitos profetas da desgraça. Apesar dos fascínios dos sons e das imagens dos meios eletrônicos, a leitura do livro impresso segue como experiência única para nossas inteligência, imaginação, informação, educação e diversão. 

Jaime Cimenti

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