05 DE JULHO DE 2018
ECONOMIA
Greve derruba produção industrial
RETRAÇÃO DE 10,9% em maio é a maior em quase 10 anos e afetou 24 dos 26 setores analisados
A greve dos caminhoneiros derrubou com força a produção industrial no país em maio. A queda de 10,9% é a maior em quase 10 anos - em dezembro de 2008 foi de 11,2%, indicou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A paralisação de 11 dias levou à interrupção do transporte de matéria-prima e de produtos, fazendo com que fábricas chegassem a dispensar trabalhadores por falta de condições de produzir. Em relação a maio de 2017, a produção caiu 6,6%.
O recuo foi observado em 24 dos 26 ramos pesquisados. As principais influências negativas foram de veículos automotores, reboques e carrocerias (-29,8%) e produtos alimentícios (-17,1%). No setor de bebidas, a retração de 18,1% é a maior já registrada desde 2002, quando começou a série histórica. Apenas produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,3%), impulsionado pelo óleo diesel, e indústrias extrativas (2,3%) tiveram avanços.
- Se não tem chegada de matéria-prima para a produção de veículos, tem de paralisar a produção. Se tem dificuldade de escoar e não tem mais capacidade para estocar no pátio industrial das montadoras, tem de paralisar ou diminuir a produção. Isso afeta de forma importante o setor de automóveis - explica André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
O tombo de 10,9% fez crescer a distância entre o patamar de produção atual e o ponto mais elevado já registrado pelo órgão. Em abril, a indústria operava 14,5% abaixo do pico de produção registrado em maio de 2011. Em maio, esse patamar de produção ficou 23,8% mais baixo que o ápice já registrado, em nível semelhante ao de dezembro de 2003.
No ano, a indústria tem alta de 2%. No acumulado em 12 meses, o avanço é de 3%. Após a divulgação dos números do IBGE, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, disse que a greve dos caminhoneiros deve ter impacto na recuperação econômica, mas ponderou que é preciso esperar pela divulgação de mais indicadores para se ter melhor ideia da dimensão do choque provocado pela paralisação no transporte de cargas:
- Em decorrência do prejuízo do mês de maio, com certeza há impacto no exercício. Agora, qual será o tamanho disso temos de observar mais adiante.
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