sexta-feira, 4 de novembro de 2016


Jaime Cimenti

Grande clássico do romantismo inglês

Jane Eyre (Landmark,656 páginas, tradução de Doris Goettems), romance de Charlotte Brontë, originalmente publicado em 1847, é considerada sua obra mais importante e ocupa posição de destaque no romantismo inglês. Uma das grandes escritoras do século XIX, a mais velha das irmãs Brontë nasceu em 1816 e faleceu em 1855, grávida de seu único filho, de tuberculose e grávida, como suas irmãs.

A importância da autora ganhou relevo numa época em que mulheres eram consideradas adornos e na qual significativas mudanças políticas, sociais e econômicas aconteciam. Sem ser propriamente feminista, Charlotte com suas personagens deu expressão à mulher e elas não se mostravam submissas como as personagens de Jane Austen, por exemplo.

Esta edição bilíngue (português-inglês), encadernada, com cuidados editoriais especiais, prefácio de Currer Bell, traz este romance clássico em que grande parte da narrativa se aproxima do drama. O leitor se depara com a protagonista mudando o rumo dos acontecimentos a partir de sua ação, conduzindo, desta forma, o eixo da narrativa.

Jane Eyre é a autobiografia ficcional da personagem principal, órfã de pai e mãe, vivendo infeliz em companhia de parentes que a detestam. Depois de muitos confrontos, é enviada para um colégio interno, onde conhece os primeiros momentos de felicidade. Forma-se professora e será tutora da jovem Adèle, pupila de Lorde Rochester, na casa de quem descobre um terrível mistério.

Charlotte mostra que, mesmo naqueles tempos, as mulheres podiam muito bem trabalhar e lutarem pela vida, casando ou não. Os trabalhos artísticos de Charlotte Brontë a caracterizam, com toda a justiça, como uma das primeiras mulheres modernas e contribuíram para imprimir uma nova visão do papel da mulher.

Um trecho do romance: "Os domingos eram dias melancólicos naquela estação gelada. Tínhamos que caminhar duas milhas até a igreja de Brocklebridge, onde oficiava nosso patrono. Saíamos com o frio e chegávamos com mais frio ainda: durante o serviço ficávamos quase paralisadas. Como era muito longe para retornar para o almoço, um pedaço de pão e carne fria era servido nas mesmas miseráveis proporções das nossas refeições diárias. Ao fim do serviço da tarde nós retornávamos por uma estrada aberta e montanhosa, onde o amargo vento do inverno, que soprava de uma cadeia de montanhas nevadas ao norte, quase nos arrancava a pele de nossos rostos."

Italo Calvino, o grande escritor e professor italiano, escreveu um livro sobre por que ler os clássicos. Neste caso, forma, conteúdo e importância histórica e alguns outros motivos que os leitores encontrarão são as respostas.

lançamentos

Não com um estrondo, mas com um gemido - A política e a cultura do declínio (É Realizações, 256 páginas, R$ 49,90, tradução de Hugo Langone), de Theodore Dalrymple, ensaísta e psiquiatra, faz a crítica da classe intelectual, analisa a cultura de massas de nosso tempo e, especialmente, a decadente Grã-Bretanha.

O homem unidimensional (Edipro, 246 páginas, R$ 75,00), do grande filósofo Herbert Marcuse (1898-1979), um dos livros mais importantes da década de 1960 e ainda bem atual, analisa a sociedade acima de comunismo ou capitalismo e aposta na liberdade, na felicidade e no individuo para o desenvolvimento social.

Italiano imigrante (Editora CRV, 428 páginas), do jornalista, escritor e contador Ivanor Ferronato, é um grande, belo e caudaloso romance histórico que narra a saga da família Berto, percorrendo caminhos de 1875 a 1980. Enfoca acontecimentos da Itália, do Brasil, e os valores dos imigrantes, que tanto colaboraram para desenvolver o Brasil.

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