28 de novembro de 2016 | N° 18700
SEM BARREIRA | David Coimbra
OS SES DO INTER
Valdívia havia corrido já uns 30 ou 40 metros com a bola nos pés. Estava na intermediária de ataque. Levantou a cabeça e, para seu desespero, viu seus companheiros de time mal posicionados. Não tinha opção de passe, não sabia o que fazer. Abriu os braços, demonstrando irritação. Então, decidiu arriscar. Enquadrou o corpo para bater com o pé direito.
Bateu. E não é que a bola entrou?
Foi uma dessas espetaculares ironias do futebol. Se o Inter estivesse bem treinado e organizado, Valdívia teria para quem dar o passe e talvez o Cruzeiro se fechasse a tempo e impedisse o gol. Como o contra-ataque foi obra de um homem só, uma iniciativa pessoal meio atrevida, acabou dando certo.
O gol de Valdívia demonstrou o que tem sido o Inter no Campeonato Brasileiro de 2016: um time que conta mais com as individualidades e com a eventualidade do que com a coordenação.
No jogo de ontem, essas individualidades até apareceram. Anderson, sem nenhuma dúvida, é o jogador com mais condições técnicas do grupo. Foi ele quem temperou o meio-campo e conseguiu, até certo ponto, fazer o que fazia D’Alessandro: dar ritmo ao time.
O Cruzeiro, que não tinha mais nada a fazer no Campeonato, jogou uma partida protocolar, esperando o erro do Inter para dar uma espetada e vencer. Poderia ter vencido, se o Inter não tivesse um goleiro diferenciado. Danilo, mais uma vez, salvou o time. Se o Inter se salvar, será por causa dele.
Poderá se salvar?
Continua difícil. Os “ses” ainda pesam sobre o Beira-Rio. Se o Vitória, se o Sport... Quer dizer: o gol de Valdívia não significa nada. Mas pode significar tudo.
VONTADE DE FAZER GOL A vantagem do Grêmio sobre o Atlético Mineiro, na decisão da Copa do Brasil, significa tudo.
Mas pode não significar nada. Basta o Grêmio levar um gol, e os 15 anos sem conquistas relevantes desabarão sobre os ombros dos jogadores na Arena, a torcida ficará apreensiva, o ar ficará mais denso.
O Grêmio terá de jogar, basicamente, como jogou no primeiro tempo da partida de Belo Horizonte: com calma e sabedoria, mas também com agressividade. Se é verdade que não há necessidade de se arriscar parta marcar um gol, também é verdade que um time que espera demais o adversário acaba encontrando-o.
O Grêmio tem que atacar. Sem loucuras, sem dar espaço para o contragolpe. Mas com vontade de fazer o gol, com vontade de vencer. Time que não tem vontade de vencer não vence.
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