sexta-feira, 4 de novembro de 2016


Jaime Cimenti

Guia essencial, compacto e simples, do vinho

Quem não sabe que garrafas de bons vinhos, muitas vezes, sabem mais do que bibliotecas inteiras? Mesmo quem não teve a suprema felicidade de ter nascido na inenarrável e inadjetivável Bento Gonçalves, a capital brasileira do vinho, sabe que a milenar bebida, ligada ao teatro, à sabedoria, à saúde e a um infinito de coisas, é uma das grandes criações humanas.

O guia essencial do vinho: Wine Folly (Editora Intrínseca, 240 páginas,

R$ 49,90, tradução de Lucas Cordeiro e Renato Ferreira Pires), da sommelière, designer e blogueira Madeline Puckette e de Justin Hammack, criador do site Wine Folly, livro que teve origem no site, acima de tudo é um guia compacto, simples, enxuto e, principalmente, esteticamente atrativo.

Sem aquele linguagem chata, pedante e empolada de tantos enochatos que andam por aí, este guia serve para novatos e veteranos e desbrava o fascinante mundo do vinho, que tem mais de mil variedades à escolha e, em média, 600 novos rótulos lançados diariamente. Sem tecnicismos, excessos de palavras e textos e com desenho e gráficos criativos, o guia ajuda os leitores a não se perder com tantas opções.

Uvas, regiões, vinhos, nomes e como pronunciá-los, formas de degustação e harmonização estão nas páginas leves e saborosas, para que ninguém se engane na hora de impressionar o chefe, os sogros, a nova conquista amorosa (ou flerte, para os antigos), os amigos e os parentes ou simplesmente para quem deseje entender melhor as cartas de vinhos dos restaurantes. Escolher o vinho certo para a pessoa certa, não há dúvida, é um ato de afeto e gentileza dos mais simpáticos, num mundo carente dessas delicadezas.

Brancos, tintos, rosés e espumantes, vindos de regiões mais tradicionais como a Europa e Argentina, ou de novas áreas produtoras como a África do Sul, a Nova Zelândia, a Austrália e a Califórnia, os vinhos são apresentados no guia com seus fundamentos, seus estilos e relacionados com suas regiões. Tudo de maneira rápida, clara e objetiva. Às páginas 222 e 223, por exemplo, em poucas linhas, o leitor terá um panorama sobre os vinhos da velha Itália.

Sem exagero, o Washington Post considerou o guia como o melhor livro introdutório sobre vinhos publicado em anos, e o The Seattle Times caracterizou o volume como "influente e divertido, leva vida nova à indústria do vinho".

Em síntese, o site winefolly.com, que é uma das maiores referências mundiais em termos de vinho, com seus gráficos e foco no acesso à informação e soluções engenhosas para atrair novos apaixonados e que espanou a poeira que cobria o assunto e abriu as portas para os novatos, ganhou agora plataformas de livro impresso e e-book. Bom para o vinho, para a indústria, o turismo e para uma visão democrática e acessível de uma bebida que proporciona caminhos e histórias infinitos. Saúde!

a propósito...

Por questões culturais, de clima, econômicas, tributárias e tantas outras, no Brasil o consumo de vinhos ainda não é o que poderia ser. Em países europeus, o consumo anual per capita é algo em torno de 40, 50 ou 70 litros (especialmente no Vaticano, claro) e no Brasil, perto de dois litros. Com nossos ótimos espumantes e vinhos melhorando, nossos números tendem a ficar mais animadores. 

Nossos restaurantes, bares e similares podem colaborar, com preços melhores. Nós podemos também trocar um pouco a cerveja, a caipira e outras bebidas pelo vinho, o que, aliás, vai acontecendo aos poucos. Utilizar mais "clericot", "sangria" e outros drinques com vinhos também é interessante. Salute! 

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