18 de novembro de 2016 | N° 18691
ARTIGO | LÉO PEIXOTO RODRIGUES
POPULISMOS... À ESQUERDA E À DIREITA
Se tomarmos dois acontecimentos no espaço de um ano envolvendo o Brasil e a Argentina: a eleição de Mauricio Macri e o impeachment de Dilma Rousseff, mesmo com disparidades importantes, eles marcam uma notável semelhança quando vistos da perspectiva do povo-eleitor.
Macri se fez presidente com 51,42% dos votos válidos, opondo-se ao estilo kirchnerista, que, para alguns, não dialogava, não ouvia opiniões contraditórias, tinha viés populista, pouco transparente com as contas públicas etc. Dilma também se fez presidente do Brasil com margem de votos mínima (51,64%), e seu governo foi impedido por razões, se tomarmos somente as de cunho político, muito semelhantes às que derrotaram o kirchnerismo.
Outros dois eventos políticos de relevância mundial foram o Brexit, plebiscito pela saída do Reino Unido da UE e a polêmica eleição de Donald Trump. Esses dois eventos democráticos, de novo, surpreenderam a esquerda, o mercado e a mídia. Os números também foram apertados: o Reino Unido decidiu sair da UE por 52% dos votos, e Trump lutou até o último instante para obter maioria no Colégio Eleitoral.
Para onde apontam esses quatro eventos políticos, todos democráticos, que pasmaram atores distintos como a esquerda, o mercado e a mídia? Por certo que eles não estão isolados nem são coincidência.
Indicam um viés político que pode assim ser resumido: a) a esquerda precisa se modernizar na sua proposta de “inclusão social”, devendo deixar de ser mera moeda eleitoreira; tal inclusão tem de ser mais eficiente, com menos custo, incluindo o cidadão também no processo produtivo; b) o mercado tem de entender que existe racionalidade para além de sua “lógica”, dada a complexidade do sistema global; e c) a direita tem aprendido (com a esquerda?) práticas populistas para vencer eleições.
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