quinta-feira, 23 de maio de 2024


23 DE MAIO DE 2024
VEÍCULOS

Enchente impacta cerca de 42% das revendas no Estado

As enchentes registradas desde o início de maio provocaram o alagamento de 300 das 720 concessionárias de veículos em atividade no Rio Grande do Sul, o que equivale a danos em cerca de 42% da rede de revendas autorizadas do Estado.

Somente no 4º Distrito, em Porto Alegre, estão 43 dessas empresas submersas, assim como dezenas de outras lojas de carros usados.

Todas ainda têm dificuldade de acesso às estruturas tomadas pela água e precisam enfrentar um problema adicional ao da perda dos automóveis em estoque: estão há 16 dias sem realizar novas vendas, em razão da impossibilidade de emissão de notas fiscais e novos licenciamentos.

Prejuízos

Projeções extraoficiais apontam para 2 mil carros novos danificados nos pátios das unidades de comercialização e mais de 100 mil usados e seminovos. O presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado (Sincodiv-RS/Fenabrave), Jefferson Furstenau, afirma que é difícil confirmar o dado. Ele informa que as entidades farão assembleia hoje para fechar números concretos. Porém, assegura que os prejuízos devem superar a marca de R$ 1 bilhão.

Com base nessa perspectiva, o segmento se prepara para elaborar pedidos de linhas de crédito emergencial, com prazos alongados e juros baixos. De acordo com Furstenau, em uma de suas revendas, onde só foi possível ingressar na noite da última terça-feira, dos 28 carros em mostruário, 20 foram retirados em tempo. Dentre os oito remanescentes, dois serão repostos pela própria montadora e o restante estava protegido por apólices de seguro.

O mesmo amparo das seguradoras não estava no radar de Jefferson Severino, proprietário da Gavos Motors. No último dia 10, ele monitorava a situação na Rua Souza Reis, no bairro São João, quando foi avisado por um vizinho de que as águas estavam avançando em direção à empresa.

Às 22h30min, se deslocou de sua casa, no bairro Jardim Lindoia, para dar início à retirada dos 48 seminovos que estavam na loja. Conseguiu remover 47 em tempo de largá-los estacionados às margens da Avenida Dom Pedro.

Fechaduras

Não houve como retirar uma BMW-X5, que, a exemplo dos demais, estava sem seguro. No dia seguinte, já com a água à altura da cintura, ele retornou e precisou procurar as fechaduras dos escritórios abaixo do lodo que tomava conta do local, para abrir as portas e resgatar documentos, computadores e as chaves eletrônicas reservas - uma delas importada e cujo custo médio é de R$ 8 mil.

Ontem, quando a água retrocedeu, ele realizou a primeira limpeza. Ao olhar desolado para os entulhos, projetava, pelo menos, 30 dias e prejuízo de R$ 400 mil para retomar as atividades.

RAFAEL VIGNA

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