01 DE FEVEREIRO DE 2023
CAMPO E LAVOURA
Famurs amplia perdas para mais de R$ 56 bi Custo do leite cai, mas desafio segue Saiba mais
No ano passado, a deflação registrada resultou de fatores como a queda nos valores de fertilizantes, a variação nos combustíveis e a menor volatilidade nos grãos, com o último semestre com os preços reagindo em razão das estimativas da safra a ser colhida.
Com a premissa de que a manutenção do quadro de estiagem no Estado amplia, diariamente, as perdas dentro (e fora das lavouras), a Famurs apresentou uma estimativa que amplia para R$ 56,17 bilhões os prejuízos até o momento. A cifra vai bem além dos R$ 5,6 bilhões divulgados na segunda-feira. Presidente da entidade, Paulinho Salerno explica que a diferença está na atualização e nos dados considerados. Houve um aumento do número de municípios que informaram prejuízos à Defesa Civil, de 123 para 126. Além disso, essa quantia é a informada quando do decreto de emergência, ou seja, vai crescendo à medida que o quadro se mantém.
O dirigente cita o exemplo de Tupanciretã, que decretou emergência em 1º de dezembro do ano passado. De lá para cá, a situação e os impactos financeiros pioraram.
A nova previsão inclui efeitos estendidos, a partir dos dados de safra e pecuária do IBGE.
- Se o mês de fevereiro seguir no mesmo ritmo de janeiro, podemos ter estiagem e perdas maiores do que as do ano passado - avalia Salerno, prefeito de Restinga Sêca.
A preocupação com o quatro atual também foi tema de reunião de representantes da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) com o secretário de Agricultura, Giovani Feltes, ontem pela manhã. A entidade aponta mais de R$ 200 milhões em prejuízos nos 16 municípios associados.
Segundo a entidade, foi sinalizado que o edital para a construção de poços, via Avançar RS, deve sair em até 10 dias. Além disso, o secretário pontuou que pelo menos 11 municípios da região devem ser beneficiados com microaçudes - Charqueadas já tendo recebido o recurso.
A pressão sobre os custos ficou menor em 2022, com o Índice de Insumos para a Produção de Leite Cru no Estado (IILC) fechando o ano com deflação de 1,49%, segundo levantamento da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Esse "refresco", no entanto, está longe de representar um alívio. Primeiro, porque o percentual é pequeno quando comparado à alta acumulada entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022, que foi de 115%. Segundo, em razão da receita não ter registrado uma melhora.
- O leite é realmente uma das atividades mais desafiadoras para 2023. Será cercado muito fortemente pela estiagem, com perda de desempenho animal, encarecimento de insumos. E é uma atividade que vem passando por desafios enormes desde que começou a pandemia - avalia Ruy Silveira Neto, economista da Farsul e coordenador do IILC.
Ele acrescenta que enquanto não houver melhora significativa da receita para os produtores, "a maioria vai seguir com a estratégia de 2022 que é cortar custos, trabalhar com animais cada vez mais novos e produtivos e descartar animais mais velhos. Seguirá havendo um enxugamento da produção, observa o economista.
- O pior da pressão inflacionária parece ter dado um alívio, ainda assim, está muito difícil produzir leite - reforça Silveira Neto.
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