03
de junho de 2015 | N° 18182
MOISÉS
MENDES
A Coluna Kataguiri
Kim
Patroca Kataguiri perdeu pontos como o líder jovem que a nova direita idealiza
para o Brasil. Eduardo Cunha é o líder da velha direita. A nova direita
apostava muito no estudante paulista de 20 anos, que brilhou nas manifestações
de rua contra o governo.
Mas
Kim pode ser apenas mais um anticomunista. Não basta ser anticomunista e
antipetista para assumir a liderança dos jovens da direita. O rapaz, ainda
imaturo, foi empurrado antes do tempo para o jogo adulto da política.
Depois
dos protestos de março e abril deste ano, Kim passou a frequentar a alta
sociedade liberal-conservadora como estrela do Movimento Brasil Livre. Fez
palestras, concedeu entrevistas, virou celebridade.
No
dia 24 de abril, acionou a Grande Marcha a Brasília. Vinte e duas pessoas (em
contagem do site G1) saíram a pé de São Paulo em direção ao poder. Iriam pedir
o impeachment da presidente Dilma Rousseff, na maior procissão política desde a
Coluna Prestes, do começo do século 20. O Brasil não seria o mesmo depois da
marcha que chegaria ao Planalto Central com 50 mil pessoas.
Mas
os líderes da oposição ficaram nas redes sociais e abandonaram Kim na estrada. Desistiram
do impeachment, talvez para não aparecerem na foto ao lado de Eduardo Cunha,
Renan Calheiros, Ronaldo Caiado, José Agripino, Bolsonaro e outros. Os 22 do
começo da caminhada foram reduzidos à metade.
Mesmo
assim, a marcha continuou. Em alguns momentos, tinha 10, em outros tinha 11,
uns saíam, outros entravam. Há fotografias desses bravos em peregrinação pelas
rodovias dos Bandeirantes e Anhanguera.
Romeiros
anticorrupção engrossariam o grupo de cidade em cidade. Assim se constrói um
momento épico. Mas poucos aderiram à trupe, que caberia em uma Kombi.
Na semana
passada, a marcha chegou a Brasília. Ninguém sabe ao certo quantos eram quando
a Coluna Kataguiri tomou a Esplanada dos Ministérios. Segundo a PM, formou-se
depois um grupo de 300 a
400 pessoas, incluindo participantes do Movimento Brasil Limpo e da Banda Louca.
Na Câmara, os líderes protocolaram o pedido de impeachment e se dispersaram.
A
caminhada foi um fracasso até no Facebook. Velhas raposas atiçaram Kim e depois
saltaram fora. Gastaram os tênis de um jovem promissor.
A
nova direita pode ter aprendido com a experiência que não há como avançar sem
alguém que entenda de marchas e contramarchas.
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