02 DE JULHO DE 2024
EDITORIAL
Era esperado que o tema da adaptação às mudanças climáticas e das medidas para mitigar as consequências de eventos meteorológicos extremos fosse uma das principais pautas da eleição municipal de 2024. Este espaço tratou dessa questão em novembro último, após os três episódios de enchentes e enxurradas no Estado ao longo do ano passado.
À época, já se ressaltava que a prevenção a desastres naturais deveria estar ao lado de outras preocupações tradicionais, como saúde e educação. A cheia já mexe com as estratégias de campanha na Capital, como mostrou reportagem de Fábio Schaffner publicada ontem em Zero Hora.
É positivo que as candidaturas busquem informações e consultem especialistas para formular seus programas de governo ou de atuação legislativa nas câmaras de vereadores. Bons planejamentos precisam estar ancorados no conhecimento. A prioridade deve ser a elaboração e a apresentação de propostas robustas e factíveis.
No caso de Porto Alegre e outros municípios da Região Metropolitana, a principal atenção será com os sistemas de proteção de cheias. Em outras regiões, como a Serra e os vales, temas como proteção de encostas, recuperação de mata ciliar, remoção de moradores de áreas de risco e planos diretores estarão no centro dos debates. Cada município tem a sua realidade.
Espera-se que o tom predominante ao longo da campanha eleitoral seja o propositivo, em vez de ataques e trocas de acusações. O primordial é sinalizar aos eleitores o que será feito, como será executado e com quais recursos. Apontar eventuais erros e omissões é inevitável. Mas o basilar é saber quais medidas poderão ser tomadas em âmbito municipal para evitar mais prejuízos materiais e perdas de vidas no futuro.
Conta-se também que candidaturas e partidos, notadamente nas regiões mais atingidas pela última enchente, tenham o senso de responsabilidade de aguardar o período formal de campanha, que terá a largada em agosto. O momento, nos municípios afetados, é de reconstrução. Essa é a prioridade. Nesta fase, a politização é um desserviço ainda maior. Tende a acirrar ânimos e fomentar divisões na sociedade. Prejudica a união necessária para reerguer as cidades. O próprio eleitor deve estar atento aos oportunistas e aos que se dedicarão mais a maldizer adversários do que a apresentar soluções exequíveis.
A adaptação às mudanças climáticas deixou de ser uma discussão apenas teórica, com possíveis reflexos distantes no tempo. As consequências são visíveis e palpáveis, na forma de destruição de casas, prejuízos financeiros, infraestrutura arrasada e mortes. Dos menores aos maiores municípios gaúchos, é dever olhar não apenas para os próximos quatro anos, mas décadas adiante. Os futuros administradores e legisladores têm de estar à altura do desafio à frente. O custo do desleixo e da inépcia é demasiado caro.
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