quarta-feira, 23 de março de 2022


23 DE MARÇO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

O PERMANENTE COMBATE À DENGUE

Era final de novembro do ano passado e, enquanto a maior parte das atenções estava voltada à covid-19, o Ministério da Saúde emitiu um alerta para o Rio Grande do Sul: o crescimento da ocorrência de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Àquela altura, já eram registrados quase 10 mil casos de dengue, um considerável aumento de mais de 150% em relação ao ano anterior. Desta forma, o Estado surgia como a terceira unidade da federação com o maior avanço na presença da enfermidade ao longo de 2021. No caso da chikungunya, apesar de a incidência ser bem menor, era verificado salto superior a 500% na quantidade de casos, ressaltava a pasta.

A preocupação óbvia era com a chegada do verão, quando o ambiente fica mais favorável à reprodução do inseto transmissor. A orientação, portanto, era dar atenção à eliminação dos focos do mosquito. Mais de três meses e meio depois, portanto, não se pode dizer que o Rio Grande do Sul foi exatamente surpreendido pelo aparecimento de surtos de dengue em diversos municípios e mesmo em regiões da Capital.

O verão no Estado foi seco, mas a chuva retornou ao território gaúcho com maior frequência nas últimas semanas, facilitando o acúmulo de água parada - onde o mosquito deposita seus ovos - em recipientes e objetos como pneus e vasos de plantas. O cenário é mais grave em cidades como Rodeio Bonito, no Norte, que chegou a decretar situação de emergência devido à explosão de casos, e Igrejinha, no Vale do Paranhana, que também experimenta um quadro nunca antes visto no município. Na Capital, a preocupação se concentra nas zonas Leste e Sul, mas também há episódios pontuais em bairros de outras áreas.

Neste momento, o esforço tem de ser centrado no combate aos potenciais focos, onde a água fica armazenada muitas vezes involuntariamente, em pátios de residências e terrenos baldios, por exemplo. Municípios estão recorrendo a pulverizadores para espargir larvicidas e inseticidas. Algumas prefeituras alegam que os agentes de saúde tiveram o trabalho de fiscalização prejudicado no período mais crítico da covid-19. 

Agora, portanto, a tarefa tem de ser redobrada. Apela-se para que a população compreenda a gravidade do momento e, tomados os cuidados com a identificação dos fiscais, permita o ingresso dos profissionais em seus endereços. Mesmo os cidadãos devem ser cada vez mais bem informados e conscientizados sobre as precauções para evitar os criadouros das larvas do Aedes aegypti. Espaços públicos também têm de ser devidamente vistoriados. Ações educativas nas escolas são outra recomendação.

O mais recente informativo do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS/RS) registrou, até a semana epidemiológica encerrada no dia 12 de março, 840 casos de dengue confirmados no Rio Grande do Sul nesse ano, sendo 753 autóctones. Levantamento de GZH, no entanto, confirmou em apenas três municípios um número bem superior. Até agora, foi confirmada uma morte em 2022, na cidade de Chapada. Ano passado, foram 11 óbitos. Os sintomas, como dor no corpo e febre alta, muitas vezes são confundidos com os da covid-19.

Os surtos de dengue no Estado preocupam e merecem resposta, mas a melhor estratégia para frear a doença não é advertir e agir apenas quando há disparada de ocorrências da enfermidade. A estratégia ideal é o combate permanente ao vetor, tanto pela população quanto por autoridades e agentes da área de saúde, com cuidados para evitar o aparecimento de focos. A batalha contra o Aedes aegypti, baseada em ações simples, deve ser uma tarefa cotidiana.

OPINIÃO DA RBS

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