quarta-feira, 16 de março de 2022


16 DE MARÇO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

APOIO NO MOMENTO DE DIFICULDADE

A conjugação de economia emperrada e juros nas alturas costuma ser desastrosa para as empresas. As de menor porte, com fôlego mais curto para suportar solavancos, são especialmente afetadas. Elas são responsáveis, como mostram os números do Sebrae, por mais da metade dos empregos formais do país. São bem-vindas, portanto, todas as iniciativas voltadas a dar suporte para os pequenos negócios. O mesmo é válido para os chamados microempreendedores individuais (MEIs), alternativa à tibieza do mercado de trabalho encontrada por milhões de brasileiros para se formalizarem em uma atividade como autônomos.

Neste contexto, mostra resultados interessantes o Programa Juro Zero, lançado no final de janeiro pelo governo gaúcho, que conta com R$ 100 milhões para subsidiar taxas de operação de crédito para MEIs, micro e pequenas empresas. Os números, até a semana passada, indicam que 16,9 mil empreendimentos no Estado buscaram os recursos em condições especiais. Significa quase 85% da procura estimada inicialmente pelo Piratini, o que indica uma boa adesão. São, até agora, cerca de R$ 440 milhões em empréstimos em fase de contratação, contratados ou com recursos já liberados por instituições financeiras parceiras. O dinheiro deve ser utilizado para finalidades como investimento e capital de giro.

O país atravessa um momento extremamente conturbado em relação às condições de financiamento. Um ano atrás, em março de 2021, a taxa Selic estava na casa dos 2% ao ano, um patamar nunca antes visto. Mas, naquele mesmo mês, o ressurgimento da força inflacionária obrigou o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) a iniciar um novo ciclo de alta do juro. Hoje, a taxa está em 10,75% ao ano e, tudo indica, no final da tarde desta quarta-feira será anunciado novo aperto. O crédito ficará mais caro, e a atividade econômica, em situação ainda mais desafiadora para retomar o crescimento.

Ter a possibilidade de contar, neste momento, com condições um pouco mais favoráveis para tomar crédito pode ser decisivo para essas pessoas jurídicas. Tanto para um investimento que permita ampliar o negócio quanto para apenas sobreviver em meio a um ambiente econômico hostil, à espera de dias melhores. Empreendimentos que conseguem algum auxílio para se manter têm melhores perspectivas de conservar os empregos que geram e, os que encontram espaço para evoluir, podem abrir novos postos.

Essa pulverização de crédito pode ser uma política mais eficaz para combater os altos índices de desocupação, um dos grandes dramas do Brasil atual. É uma calamidade verificável não apenas com estatísticas frias, mas provada por cenas como as proporcionadas pela longa fila de cidadãos que se formou ontem em frente ao Sine da Capital para o Feirão de Empregos 250 anos de Porto Alegre, que transcorre até amanhã. O apoio a pequenos negócios também é uma política voltada a criar um mercado de trabalho mais salutar e dinâmico.

OPINIÃO DA RBS

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