quinta-feira, 24 de março de 2022


24 DE MARÇO DE 2022
PINIÃO DA RBS

OS ADOLESCENTES E A DEMOCRACIA

O ato de votar em uma eleição não se resume a escolher quem gostaríamos de ver em cargos no Executivo e no Legislativo nos quatro anos vindouros - ou oito, no caso dos senadores. A cada pleito, junto ao sufrágio está embutida uma visão de caminho para a edificação do futuro. É como se o eleitor, a partir de seus ideais e valores, ajudasse a apontar a direção de um projeto de longo prazo construído para um município, um Estado ou para o país. Sendo assim, nenhuma faixa etária da população deveria estar mais preocupada com as décadas à frente do que a dos jovens.

É frustrante, neste contexto, constatar o aumento do desinteresse dos adolescentes de 16 e 17 anos em comparecer às urnas. A Constituição de 1988 incluiu o direito de votar para esses menores de idade de modo facultativo. Mas os números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam a contínua redução da disposição desses jovens no alistamento eleitoral. Conforme a Corte, de fevereiro de 2012 ao mês passado, a quantidade de adolescentes de 16 e 17 anos com título caiu 55% no Brasil. No Rio Grande do Sul, a queda foi ainda mais acentuada, de 61%.

É até compreensível que jovens, idealistas por natureza, mostrem pouca empolgação diante do quadro da política brasileira nos últimos anos. O que se assistiu recentemente foi a escândalos de corrupção às mancheias e à proliferação de uma miríade de partidos sem identidade ou programa. Demonstram mais preocupação com as próprias conveniências do que com os destinos do Brasil e entes subnacionais. A incivilidade predominante, da mesma forma, não parece ser fator de inspiração para aumentar o interesse na política.

Mas todas essas vicissitudes deveriam servir de estímulo para uma maior participação cívica dos jovens, colaborando para oxigenar o debate e fortalecer a imberbe - mas já cheia de vícios - democracia brasileira. Pelo voto e outras formas de manifestação e engajamento, a juventude pode ter a força necessária para promover as causas que mais merecem sua atenção e que despertam inquietações. Afinal, o futuro pertence às novas gerações.

Assim, devem ser alvo de ampla divulgação os prazos e meios para o alistamento eleitoral de adolescentes, o que inclui quem hoje tem 15 anos, mas completa 16 até antes de 2 de outubro, data do primeiro turno das eleições gerais de 2022. O TSE tenta uma mobilização por meio de uma campanha centrada especialmente em redes sociais. O processo para obter o título é simples e, além dos cartórios eleitorais, pode ser feito no site do TSE, o que adiciona facilidades. A data-limite, importante frisar, é 4 de maio. Quem tem o direito de votar e se exime, deixa que os outros decidam por si. Tomar parte do processo democrático revela consciência e desejo de começar a construir um país melhor e com mais oportunidades. 

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