14 DE SETEMBRO DE 2018
ARTIGOS - GABRIEL MAGADAN
A FACA E O SUS
O ferido foi imediatamente conduzido a um hospital do SUS, nesse caso uma Santa Casa - como tantas outras que conhecemos e temos aqui no Rio Grande do Sul -, e um médico cirurgião que almoçava com a família foi acionado e imediatamente entrou em campo, somando-se à equipe que já prestava os primeiros socorros. Com isso, evitou-se que o paciente, exangue, viesse a óbito. Em bom português: a vida foi salva.
Devido à importância da vítima, um candidato a presidente, a repercussão do caso foi imediata e varreu o país, além de despertar a atenção da imprensa internacional. Por isso, ganhou logo depois visibilidade também o fato de que o atendimento com sucesso havia sido feito por uma equipe do SUS.
Os médicos cumpriram com competência (o cirurgião vascular tem pelo menos 10 anos de formação) e dedicação, assim como toda a equipe, a sua missão: salvar vidas.
Não importa que o procedimento realizado para reverter o trauma no abdômen da vítima, com toda a complexidade demonstrada na situação, tenha a remuneração de R$ 367,06 pela tabela do SUS. Ou mesmo que a instituição filantrópica enfrente milhões de prejuízos pelo descompasso entre o que o governo paga e os custos da saúde.
Neste momento, milhares de médicos estão em meio às dificuldades de um SUS falido e desmontado, vencendo todos os obstáculos e salvando centenas, ou melhor, milhares de vidas. São pessoas simples, desconhecidas, que jamais serão notícia de jornal, mas o zelo, a competência e a dedicação são exatamente os mesmos.
A esses heróis anônimos que, em silêncio, com estudo permanente, continuam salvando vidas, a nossa homenagem. Aos que podem mudar o quadro de falência da saúde pública citado mais acima, o alerta foi dado.
Advogado, doutor em Direito UFRGS magadan@magadanemaltz.adv.brm
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