sexta-feira, 7 de setembro de 2018


Jaime Cimenti

Virando o jogo na segurança 


Um dos problemas mais graves do Brasil é, sem a menor dúvida, a falta de segurança. Nas conversas nas casas, nas ruas, em todo lugar e, principalmente, nas campanhas eleitorais, o tema é recorrente. Com aproximadas 63 mil pessoas assassinadas por ano, 503 mulheres agredidas por hora, com taxas de homicídio cinco vezes maiores que a média global e com índice 30 vezes maior de homicídios que os da Europa, nosso País tem mais homicídios que dezenas de países somados. Entre as 50 cidades mais violentas do mundo temos 17. O Brasil é campeão mundial em números absolutos de homicídios.

Governos municipais, estaduais e federal têm feito algumas coisas, as pessoas, as empresas, as entidades não governamentais e instituições como igrejas têm promovido algumas ações com relação à violência, que segue crescendo. Segurança pública para virar o jogo (Zahar, 144 páginas), de Ilona Szabó, empreendedora cívica, especialista em segurança pública e políticas de drogas e diretora do Instituto Igarapé, mais Melina Risso, doutora em administração pública pela FGV e ex-diretora do Instituto Sou da Paz, é obra que vem em boa hora, no calor dos debates eleitorais.

O prefácio do livro é de autoria de Luís Roberto Barroso, Ministro do Supremo Tribunal Federal e professor titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Para as autoras, segurança pública é prioridade e elas acreditam que, com estratégias corretas podemos virar o jogo, como, aliás, aconteceu em locais violentos como Nova Iorque e Medellin. Países como Portugal, Holanda e Uruguai trabalham com políticas públicas em relação a drogas e é preciso observar suas experiências.

Os oito sintéticos capítulos da obra, que mostra simplicidade profunda e objetiva, dados e aponta soluções, tratam de entender a violência, do panorama da segurança pública no Brasil, da prevenção na segurança pública, das polícias no Brasil, de punição e prisão, da questão crucial das drogas, das polêmicas sobre armas e, na parte final, as autoras falam do importante papel que cidadãs e cidadãos podem e devem exercer no tocante à segurança pública. O ministro Luís Roberto Barroso, no prefácio, escreve: "Este é um livro despretensioso na sua aparência, mas transformador no seu conteúdo. Foi escrito por duas pensadoras originais, que conjugam pesquisa séria, atitudes concretas e didática impecável.

Para mim é um privilégio associar meu nome, neste breve prefácio, a um trabalho admirável, que lança luz intensa sobre um tema que não comporta soluções simplistas nem pode ser vítima de populismo eleitoral". Por que o Estado não consegue proteger seus cidadãos? Que fatores potencializam essa realidade trágica? Quem governa a segurança?

Qual o papel das polícias? Essas e outras questões são enfrentadas no volume. Realmente, a obra das autoras é, acima de tudo, um guia claro e acessível para entendermos de uma vez por todas a crise que enfrentamos nesse setor e é leitura indispensável para eleitores e candidatos.

a propósito...

Segundo as autoras, as soluções para esse problema gigante passam pela adoção do policiamento inteligente, maior esclarecimento de crimes para reduzir a impunidade, melhor gestão dos presídios e a aplicação de modelos alternativos à prisão para crimes não violentos.

As soluções também passam pela melhoria no atendimento à primeira infância, a redução da evasão escolar e criação de espaços públicos que contribuam para a convivência, a revisão da política de drogas e uma regulação responsável de armas. Quem se identificar com as propostas do livro pode acessar www.paravirarojogo.com.br ou #paravirarojogo e colaborar com auxílios, informações e sugestões. (Jaime Cimenti) -

Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/colunas/livros/2018/09/646844-garota-injusticada-ou-assassina-fria.html)

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