terça-feira, 7 de agosto de 2018



07 DE AGOSTO DE 2018
+ ECONOMIA


OS MOTORES QUE REAGEM

Se mais segmentos reagissem como a indústria automotiva, seria possível encher a boca para falar em retomada e até em recuperação da economia no Brasil. Não é uma alta sem engasgos, mas o avanço de 17,7% nas vendas de veículos registrado em julho, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, é um desempenho positivo de exceção.

De janeiro a julho, a reação também mostrou torque e potência: alta de 14,5% sobre igual período de 2017. Sim, o resultado mensal, de 217,5 mil unidades, ainda é mais de um terço inferior aos recordes alcançados antes da crise. Mas se a recuperação total não foi alcançada, aumentos consistentes de dois dígitos são tão raros no Brasil da retomada gradual e, até agora, mais arrastada do que propriamente lenta.

As contradições do difícil processo de saída do país da recessão estão contempladas nas estatísticas da Anfavea, que representa as montadoras. As exportações tiveram forte recuo.

A venda para o Exterior de veículos e máquinas agrícolas caiu 13,1% ante o mês anterior e 12,4% na comparação com igual mês do ano passado. Como a coluna havia previsto, em boa parte é resultado da redução das vendas para Argentina e México. Apesar de a crise no país do tango ser menos visível do que no Brasil, está lá, e tende a se agravar.

Embora empresas tenham certa inclinação para o otimismo, caso contrário desistiriam do negócio, é uma boa perspectiva para a economia no segundo semestre que alimentou as vendas de julho. Conforme a própria Anfavea, o crescimento das vendas reflete antecipação dos distribuidores ao aumento da procura dos consumidores que costuma ocorrer nesse período.

Nos próximos meses, a disputa eleitoral e o potencial ofensivo às economias emergentes à guerra comercial declarada por Donald Trump vão determinar se as concessionárias foram otimistas ou se anteciparam, corretamente, a tendência animadora.

Com a Expointer lançada, e à espera de melhorias prometidas no parque Assis Brasil há ao menos seis anos, a coluna compartilha benchmark feito por conta própria em Palermo, a feira argentina equivalente, encerrada em 30 de julho. Além da infraestrutura física de fazer inveja - as áreas de exposição de animais se parecem mais com shoppings com que os galpões de Esteio -, La Rural de Palermo ainda oferece outras inspirações para modernizar a feira. Exibições, por exemplo (foto) não são focadas só nas lides do campo. O adestramento rende espetáculos para multidões. Claro, o fato de ser realizada em área nobre de Buenos Aires ajuda. Mas é possível encurtar a distância entre os atrativos de Palermo e Expointer. OLHO EM PALERMO

A RECEITA LÍQUIDA DE R$ 1,85 BILHÃO DA MARCOPOLO NO PRIMEIRO SEMESTRE FOI 43,3% MAIOR DO QUE NO MESMO PERÍODO DE 2017. NO SEGUNDO TRIMESTRE, O LUCRO FOI MODESTO (R$ 6,3 MILHÕES), MAS REVERTE PREJUÍZO EM IGUAL PERÍODO DO ANO PASSADO.

marta.sfredo@zerohora.com.br - MARTA SFREDO

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