22 DE AGOSTO DE 2018
POLÍTICA +
MERCADO E PARTIDOS DÃO VALOR EXCESSIVO A PESQUISAS
Odólar quebrou a barreira dos R$ 4, ontem à tarde, impulsionado pela histeria do mercado com a divulgação de duas pesquisas coincidentes, com resultados que deixaram os analistas apreensivos. Tem sido assim nos últimos anos: qualquer possibilidade de segundo turno entre dois candidatos que não têm a bênção dessa entidade chamada mercado derruba a bolsa e provoca alta do dólar.
Desta vez, o pânico foi provocado pela interpretação de que as pesquisas do Ibope e do MDA indicam a possibilidade de segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. As pesquisas comportam outras leituras, como a de que a campanha acabou de começar e qualquer um dos cinco primeiros poderá estar no segundo turno, mas o tal mercado é um ser nervoso. Não quer esperar pela propaganda de rádio e TV nem pelas próximas pesquisas. Se há um cenário para preocupação, os sinais luminosos se acendem.
Se prestassem atenção à evolução das pesquisas nas eleições anteriores. os que se agitam com os resultados destas primeiras sondagens respirariam fundo e esperariam mais alguns dias para entrar em pânico. Eleitores mudam de ideia com o andamento da campanha, indecisos se definem, pessoas dispostas a votar nulo ou em branco repensam e escolhem um candidato. Por isso, as pesquisas se alteram.
Por esta época, em 2016, quem liderava as pesquisas para prefeito de Porto Alegre era Luciana Genro, que sequer chegou ao segundo turno. Em segundo, vinha Raul Pont, que também ficou fora. O vencedor, Nelson Marchezan, estava em terceiro lugar, com 12%.
Em agosto de 2014, Ana Amélia Lemos era líder, com 39%. José Ivo Sartori amargava o terceiro lugar, com 7%. Ana Amélia ficou fora do segundo turno e Sartori derrotou Tarso Genro no final.
Oito anos antes, em 2006, a um mês e meio da eleição as pesquisas indicavam a reeleição de Germano Rigotto. Uma movimentação de última hora para tirar o PT do segundo turno acabou deixando Rigotto fora da final e Yeda Crusius se elegeu governadora.
Em 2002, o mesmo Rigotto fora protagonista de uma virada histórica. Em agosto, Antônio Britto tinha 36% e Tarso Genro, 30%. Britto ficou fora do segundo turno e Rigotto se elegeu governador.
Fernando Haddad estreou na campanha eleitoral pela Bahia, terra do ex-governador Jaques Wagner, fantasiado de candidato a vice, mas preparado para entrar em campo como titular a qualquer momento.
Governada pelo PT, que tem boas chances de reeleger Rui Costa, a Bahia é o ponto de partida de um roteiro de Haddad pelo Nordeste, região em que o ex-presidente Lula obtém os melhores índices nas pesquisas.
Wagner disse que não adianta querer vestir o ex-prefeito de São Paulo de Lula:
- Ele não é o Lula, como Dilma não era. Cada um tem o seu jeito. Mas não sei se é bom ser igual. Acho bom que seja alguém diferente, que aposte na renovação. Não podemos ficar reféns de um jeito. A gente tem de defender uma ideia.
Parece óbvio, e é, mas a mensagem contém um conselho: Haddad terá de ser ele mesmo, um professor universitário com perfil bastante diferente do de Lula. Quando foi eleito prefeito de São Paulo, brincou que era "o segundo poste de Lula". O primeiro seria Dilma Rousseff. FANTASIADO DE VICE
ROSANE DE OLIVEIRA
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