quarta-feira, 22 de maio de 2013



22 de maio de 2013 | N° 17440
PAULO SANT’ANA

O ouvidor surdo

Não era de acreditar na notícia que saiu na semana passada: o corregedor-geral do Departamento de Trânsito foi preso por estar dirigindo embriagado.

O corregedor-geral é o homem encarregado de corrigir a tudo e a todos no trânsito e até fora dele. Pois é ele que é surpreendido e corrigido pela polícia de trânsito dirigindo embriagado. Dá para acreditar?

Notícia mais curiosa do que essa só mesmo aquela de anos atrás, quando no governo Simon foi nomeado um ouvidor-geral que era surdo. Chamava-se Bachieri Duarte.

Evidentemente que não foi esta a intenção do ex-governador ao nomear um surdo para a sua ouvidoria, mas, que era sujeito ideal para que o governo não fosse chateado com nenhuma reclamação, disso não se tem dúvida.

A pessoa que costuma embriagar-se fica bêbada durante todas as horas do dia e da noite em que está acordada. Evidentemente que, a menos que faça como eu e contrate um motorista, terá de dirigir durante o dia. E, se o fizer, estará dirigindo embriagada.

Quando endureceu a Lei Seca para motoristas, determinadas pessoas que iam para os restaurantes e ingeriam bebidas alcoólicas passaram a ter a sensatez de se fazerem acompanhar de laranjas, que dirigiam para elas na volta para casa.

O problema era só se o laranja se entusiasmasse e também bebesse. É como sempre dizia minha madrasta Zica: “É preciso confiar em apenas duas categorias de pessoas, no laranja e na ex-mulher”.

Mas os tempos são mesmo de notícias insólitas. Agora veio esta de que os ministros do Supremo Tribunal Federal baixaram norma pela qual, quando suas esposas viajam junto com eles para o Exterior em missão oficial, elas têm todas as suas despesas pagas pelo erário federal.

E chega a ser cômica a cláusula que juntaram à medida: só poderão viajar à custa dos cofres públicos para o Exterior as esposas de ministros que forem indispensáveis a seus maridos nas viagens.

E eu que pensei que toda e qualquer esposa de brasileiro fosse indispensável a seu marido em qualquer lugar ou circunstância. É vergonhoso, ainda mais que a norma observa que as esposas ou maridos de ministros(as) devem viajar na primeira classe nos aviões.

A ausência de vergonha tomou conta do país em todas as instâncias. Só um dilúvio salvaria este país desses odiosos privilégios.

Nenhum comentário: