sexta-feira, 31 de maio de 2013

Jaime Cimenti

Direita, centro e esquerda, volver?

Esse negócio de esquerda, centro, direita, centro-direita, centro-esquerda, liberal de esquerda, tá difícil. Na real, nunca foi muito fácil. No tempo da Revolução Francesa, na Assembleia Nacional, a coisa era mais clara.

O cara sentava do lado esquerdo ou direito e estava pelada a coruja. Agora a coisa está complicada. Parece futebol e conversa de técnico: não há mais ponteiros avançados, os caras do centro andam para a frente, para trás, para esquerda e para a direita, os jogadores dos setores de esquerda e direita por vezes circulam pelo centro ou pelas áreas opostas do gramado e por aí vai.

Os times têm um projeto, estão em progresso permanente, não estão preocupados com as derrotas recentes e estão sempre buscando metas futuras e, quando necessário, dão a cara para o torcedor dar umas batidinhas. Jogamos bem, mas o adversário jogou melhor.

Perder, ganhar ou competir é relativo - como diria Einstein -, mas desde que com os pilas na conta no início, meio e fim do mês. É meio tipo assim na política. Tem uma mensagem brincalhona na internet que fala de direita e esquerda. Diz que os de direita são mais pragmáticos, não mudam tanto as coisas, resolvem por si os problemas e que os de esquerda gostam mais de mudanças e de se meter em tudo, ou quase tudo, até na vida dos outros.

Os políticos de hoje, espertos como sempre, fogem de definições e rótulos, dizem que gostam de ir pra frente, sem falar em direita ou esquerda. Ainda bem que no trânsito, nos mapas, nas bússolas e no GPS ainda temos algumas direções mais ou menos claras. Ao menos por enquanto. Pode alguém daqui a pouco dizer que tem o direito de transitar por onde bem entende, que não pode ter sua liberdade tolhida e tal, que pretende matar e morrer.

Alguém pode dizer que estas convenções, sinais e regras são de direita (ou de esquerda) e que precisam de alteração. Hoje em dia nunca se sabe. Antigamente também não se sabia, vá lá. Não há o que não haja, como diz o outro.

Tudo o que é sólido desmancha no ar, disse o professor aquele. Essa indefinição tipo assim pós-moderna esquerda-direita nos deixa muitas vezes à deriva. Coca-cola é esquerda ou direita? Há uns 40 anos perguntaram para o Lula se ele era comunista. “Sou metalúrgico”, ele respondeu.

Pois é, se me perguntarem se sou de direita, esquerda, centro, centro-esquerda, liberal de esquerda ou direita, volante, atacante, goleiro, ala ou comunista, vou responder que sou apenas um modesto cronista latino-americano, mas, modéstia à pqp, colorado, que as pessoas e o mundo têm de andar pra frente, acho.

Jaime Cimenti

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