quinta-feira, 30 de maio de 2013


Atuação de Hereda e Tereza desagrada Dilma

Por Caio Junqueira e Bruno Peres | De Brasília
Entre segunda e terça-feira, a presidente Dilma Rousseff convocou três vezes ao Palácio do Planalto, o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, a quem pediu providências contra a desestabilização do sistema de pagamento do programa Bolsa Família causada, em parte, por erro da CEF.
Hereda foi também aconselhado por amigos e políticos do PT a demitir um de seus vice-presidentes, José Urbano, apontado como responsável pela trapalhada que resultou na boataria que correu 13 Estados, notadamente do Nordeste, sobre o fim do Bolsa Família, um dia depois de ser alterado pela CEF o sistema de pagamento.
O presidente da Caixa ainda resiste à recomendação de fazer demissões. O PT garante Hereda no cargo e confia que ele permanecerá apesar da irritação da presidente com a atuação da Caixa. O clima no banco, ontem, foi de grande tensão, à espera de uma definição do destino do seu presidente.
O mesmo ocorreu no Ministério do Desenvolvimento, executor do programa. Segundo avaliações feitas ontem no Palácio do Planalto, a ministra Tereza Campello sofreu críticas nos gabinetes da Presidência por ter passado uns dias em férias durante a pane administrativa do programa.
Fontes avaliam que a situação de Hereda e Tereza estaria "muito ruim" por causa do episódio. Dilma teria orientado ambos a se recolher neste momento, permanecendo longe dos holofotes.
Também contribuiu para as especulações de que os dois estariam sob ameaça o cancelamento da viagem de Dilma para Foz do Iguaçu, nesta quarta-feira. A presidente acompanharia operações das Forças Armadas contra o contrabando e o tráfico de drogas nas fronteiras do país, mas cancelou o programa sem detalhar as razões.
Na segunda-feira, Jorge Hereda admitiu publicamente erros de informação da Caixa sobre os boatos que levaram mais de 900 mil pessoas às agências do banco, nos dias 18 e 19 de maio, resultando em saques de R$ R$ 152 milhões.
Hereda confirmou que o banco permitiu intencionalmente que beneficiários retirassem recursos antecipadamente no último dia 17, véspera dos boatos sobre o fim do programa - ou seja, não se tratou de medida emergencial para conter a onda de saques, como divulgado anteriormente pela Caixa.
Hereda pediu desculpas pelo engano e disse que só foi informado da liberação dos saques antecipados depois que o tumulto já tinha ocorrido. Quanto à demora de uma semana para esclarecer as informações ao público, ele justificou que precisava de tempo para juntar os dados e entender claramente a situação.
Em outra frente, a Polícia Federal interroga esta semana os primeiros beneficiários que fizeram saques do programa no sábado, dia 18. A PF recebeu da Caixa uma lista de mais de 200 pessoas que retiraram dinheiro nessa data e serão ouvidas. Os relatos de mensagens telefônicas gravadas, dando conta do fim do Bolsa Família, que teriam sido enviadas pouco antes dos primeiros saques, levaram à suspeita de uso de uma empresa de telemarketing. (Colaborou Maíra Magro).

Nenhum comentário: