quinta-feira, 20 de abril de 2023


20 DE ABRIL DE 2023
ZÉ VICTOR CASTIEL

Combate ao ódio

Faz muito tempo que, estarrecidos, ouvimos falar de massacres em escolas. Normalmente, esses atentados isolados e solitários aconteciam, principalmente, nos Estados Unidos, quando jovens, em geral desequilibrados e sofrendo bullying, nutriam durante muito tempo uma raiva imensurável, que acabava culminando na invasão de alguma escola ou universidade e resultando em mortos e feridos.

Por aqui, no Brasil, todos nós - ou, pelo jeito, quase todos - ficávamos estarrecidos e amedrontados. O que se comentava era que isso era coisa de americano, e nunca ninguém parou para pensar nos reais motivos pelos quais aconteciam tamanhas barbáries. Julgávamos serem apenas fatos aleatórios protagonizados por jovens com problemas psíquicos e vontade de serem notados por seus colegas e pela sociedade. Isso jamais chegaria por aqui. Somos um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza.

Ao ser descoberto no Brasil um considerável grupo de neonazistas, cuja intenção não só era difundir suas teses como também causar o caos e o terror, veríamos que a comunicação global era, sim, capaz de ser a gênese dessa prática odiosa.

Agora, estamos parecidos com os Estados Unidos, com a diferença de que as pessoas que estão perpetrando esses massacres não são necessariamente estudantes das escolas atacadas e muito menos sofrem bullying. Os atos decorrem simplesmente do prazer de difundir ideias de ultradireita e propagandear seus pensamentos doentes. Ao investigar a fundo, a Polícia Federal se deu conta de que esses ataques eram orquestrados e manipulados por jovens e pessoas de diversos Estados brasileiros. Tudo feito pela internet e com planejamento muito bem engendrado.

No entanto, me satisfaz o fato de que a grande maioria da população e do poder público esteja imbuída no sentido de extirpar este tipo de prática. Os Estados Unidos, neste quesito, jamais poderiam ter sido nosso paradigma.

Espero, sinceramente, que isto seja apenas uma coisa passageira e que a violência e o neonazismo sejam combatidos com muito rigor, conforme dita a Constituição da República brasileira.

Admiro demais os Estados Unidos, mas nunca nesta parte solerte da violência gratuita. Podemos e devemos imitá-los em muitas coisas, mas nunca erigindo fábricas de tragédia. Sejamos, pois, patriotas de verdade e, juntos, digamos não à covardia e ao tresloucado ato de se impor pela violência.

ZÉ VICTOR CASTIEL

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