sexta-feira, 30 de dezembro de 2022



30 DE DEZEMBRO DE 2022
+ ECONOMIA

Diálogo sem palavras

O recorde em número de mulheres no ministério anunciado ontem pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva - 11, uma a mais do que no primeiro governo de Dilma Rousseff - ainda é só um terço do total. Embora as mais saudadas tenham sido Marina Silva, no Meio Ambiente, e Sônia Guajajara, em Povos Indígenas, coube a Simone Tebet o momento de maior protagonismo.

Para a ex-candidata que, ao aderir à campanha de Lula no segundo turno, pediu aos petistas que vestissem branco, Simone fez um gesto que não pode ser considerado casual: vestiu camisa vermelha. Na hora da fotografia, fez questão de chamar o futuro colega da Fazenda, Fernando Haddad.

Mas a simbologia do gesto não parou aí, ganhou dois reforços eloquentes: pediu a Haddad que se posicionasse para a imagem do outro lado do presidente, deixando Lula entre os dois.

Ao desfazer a coreografia, ainda disparou uma piscada para o novo titular da Fazenda, como se dissesse "fiz como combinamos". O significado do gesto não pode ser mais claro: cada um de seu lado, com Lula no meio, como árbitro de eventuais divergências.

O que se sabe da conversa entre Lula, Simone e Haddad é que ela se comprometeu a manter críticas à condução econômica do futuro governo entre eles. Na entrevista ao jornal O Globo, Haddad já havia referendado o relato de bastidores:

- O presidente fez reunião conosco na terça-feira, às 15h, durante uma hora e meia. Simone tem minha simpatia pessoal, é uma pessoa transparente, que vai colocar, somar e refletir junto. E ela falou que em mais de 90% da agenda ela e eu chegaríamos à mesma conclusão. E, naquilo que porventura houver divergências, há uma instância de arbitragem, que é a Presidência da República. Vamos estar juntos no Conselho Monetário Nacional, na Camex.

MARTA SFREDO

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