domingo, 22 de julho de 2018


20 DE JULHO DE 2018
INDICADORES

Modernidade líquida

Somos pessoas com enormes desafios quando o assunto é olhar para o novo com entusiasmo. Prova disso é que, em junho, o Índice de Medo do Desemprego, medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), ficou acima da média histórica, com 67,9 pontos e com um aumento de 4,2 pontos em relação à pesquisa trimestral concluída em março de 2018.

A instabilidade econômica, as novas eleições presidenciais e a queda em investimentos e cortes de custos das empresas são fatores que aumentam esse temor, mas esses números também me fazem refletir sobre outros pontos.

Um deles está relacionado às transformações corporativas. Considerando que a estrutura tradicional de cargos e salários e de crescimento vertical já fazem parte do passado, muitas organizações vêm se esforçando em discutir novas abordagens e têm investido no desenvolvimento de programas de engajamento e satisfação no trabalho.

Zygmunt Bauman, sociólogo polonês e professor da London School of Economics, tem uma famosa teoria respeitada por diversos profissionais do meio chamada Modernidade Líquida. Nela, ignora-se tudo o que é sólido, não há divisões e barreiras, e, sim, formas, ocupando espaços e diluindo certezas, crenças e práticas.

Nesta semana, conversando com uma profissional sênior, o principal dilema trazido por ela foi o caminho certo a seguir neste momento de sua carreira. Ela estava insegura e com dúvidas se focava no mercado corporativo ou potencializava a sua consultoria iniciada há pouco tempo.

Na minha visão, ambas decisões estão corretas e, se feitas em paralelo, melhor ainda. Estamos na era da trabalhabilidade, da pós-modernidade. Ter um único meio de sobrevivência, depender só do emprego, são posicionamentos que contrariam a fluidez do líquido.

Estamos nos apropriando de muitos papéis. São muitas divisões e isso, de fato, assusta. Nunca vivemos em uma época tão vasta de quebra de paradigmas, de diversidade de ideias, de posições, de descobertas. Hoje, já não há um modelo certo a ser seguido, porque tudo é possível neste novo cenário.

Nesta coluna, tenho a oportunidade de compartilhar as principais tendências de carreira e levar luz para a mudança comportamental que precisamos incorporar para sair desta zona de conforto e, provavelmente, do índice de medo do desemprego que expus no começo deste artigo.

A resistência de sair do sinal analógico e tomar coragem para entender e ver como esse ambiente sem forma funciona é nosso principal modelo a ser seguido. É nesse mundo líquido de descoberta que iremos nos reinventar e nos assegurar de inúmeras possibilidades que já estão à nossa frente.

Rafael Souto escreve às sextas-feiras, mensalmente. Na edição de fim de semana, Alfredo Fedrizzi.

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