Jaime Cimenti
Sexo,
mistério, morte e História
O livro dos prazeres proibidos está sendo considerado a
incursão mais audaz do consagrado escritor e psicanalista argentino Federico
Andahazi pelo relato erótico. Ele é autor do romance O anatomista, best-seller
mundial traduzido em mais de 30 idiomas, e de romances como As piedosas,
envolvendo temas históricos, mistérios e erotismo.
O protagonista de O livro dos prazeres proibidos é ninguém
menos do que Johannes Gutenberg, conhecido como o inventor da prensa. O autor
reconstrói impecavelmente cenários medievais e transporta os leitores para
diversas cidades europeias do século XV, como Mainz, onde as ações começam.
Gutenberg está sendo acusado de comercializar livros clandestinos, de roubar e
praticar bruxaria e satanismo juntamente com seus parceiros comerciais, Johann
Fust e Petrus Schöffer.
Encarregado das acusações, Sigfrido de Mogúncia, considerado
o maior copista de seu tempo, tem um interesse especial no caso, já que a
Bíblia que os réus copiaram, prova irrefutável do caso, é fruto de seu
trabalho. Ao mesmo tempo em que se desenrola o processo contra Gutenberg, o
terror se espalha pela cidade, em especial no Mosteiro da Sagrada Canastra, um
bordel de luxo às margens do rio Reno cujas prostitutas são adeptas das
práticas dos “prazeres proibidos”.
Um assassino anda à solta e suas vítimas são sempre as
prostitutas do bordel, que são mortas com brutalidade e têm as peles
meticulosamente arrancadas. O burburinho comum do local dá lugar ao silêncio e
os homens da cidade, acostumados a visitar as “adoradoras da Sagrada Canastra”
e a praticar rituais bem peculiares, estão bem quietinhos, trancafiados em suas
casas, assim como as meninas de programa.
Que relação haveria entre os crimes horríveis e o inventor
da prensa? Um documento guardado por Ulva, a mais antiga das profissionais do
Mosteiro, parece conter a resposta. O thriller histórico de Andahazi mistura
com perfeição intriga, suspense, erotismo, sensualidade e História. O caráter
complexo e fascinante do protagonista, revelado desde a infância, a reinvenção
da história da prensa e as alegações de que os livros de Gutenberg eram fruto
de um pacto com o demônio, além de fatos nunca antes relatados, dão ao romance
intensidade e interesse especiais à narrativa. Gutenberg foi um grande
falsificador de livros, um vigarista perspicaz?
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