sábado, 9 de novembro de 2013

Eike Batista é a cara do Brasil?
6 de novembro de 2013 | 19h24
Gustavo Santos Ferreira

Atualizado às 10h33 de 7/11
Eike Batista, há três anos, era o maior símbolo para o governo federal da então pujante economia do Brasil. Como bem lembrou a Forbes faz alguns meses, o empresário era a resposta da qual dispunha o ex-presidente Lula àqueles que duvidavam da verve capitalista de um ex-líder sindical.
Com generosos empréstimos do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em caixa – R$ 6 bilhões, até hoje -, Eike viu o valor de mercado de sua petroleira OGX dobrar entre 2008, na abertura de capital na bolsa, e 2010. E, no lastro de tanto sucesso, garantia se tornar o homem mais rico do mundo em pouco tempo.
Símbolo. Se o empresário era a marca do sucesso nacional, agora é o carimbo do fracasso?
Simultaneamente, a economia do Brasil também pareceu decolar. Tinha ritmo de crescimento de 7,5% ao ano, com baixo desemprego e incentivos ao consumo com crédito fácil na praça, que prometiam ser capazes de elevar o País da figura de eterna futura potência à gigante real.
Mas todo mundo sabe o que aconteceu.
Se antes era o 7º homem mais rico do mundo, nem mais bilionário Eike é. Sua OGX, em estado de recuperação judicial, passou de 6.ª empresa mais relevante do Ibovespa para mera listada em bolsa, repelida do índice num estalar de dedos.
A economia brasileira, por sua vez, patina desde o adeus de Lula ao poder. Apresentou crescimento de 0,9% em 2012 e se mostra incapaz de ultrapassar os 2,5% de expansão neste ano e no próximo. O modelo de crescimento por consumo se exauriu e a indústria de transformação, que perdeu espaço na composição do PIB (produção de bens e serviços) – de 19%, em 2004, para os atuais 13% -, não tem bala para sustentar a retomada da expansão.
Enfim, muita coisa mudou etc e tal. Mas continuaria Eike Batista a ser o símbolo da economia brasileira hoje, se não para o bem, para o mal? Ou seja, se era a marca do sucesso, é agora o carimbo do nosso fracasso?
Lilian Furquim, professora de Macroeconomia da Fundação Getúlio Vargas, opina:
A economista não interpreta os fatos exatamente assim. Para ela, no fim das contas, Eike nunca poderia ter sido alçado para a posição de símbolo do Brasil, nem mesmo no seu auge.
“Tanto Lula e quanto Dilma usaram a imagem dele como o empresário de um novo Brasil”, diz. “Mas a relação entre as personagens acaba aí.”
Para Lilian, Eike nunca passou de mero “homem arrojado” que percebeu uma “oportunidade de ganhar dinheiro” num momento de prosperidade. E que faliu. Como tantos outros na história do mundo.
“O importante é tentar entender porque deixamos Eike ir tão longe e qual o papel da Comissão de Valores Mobiliários no episódio”, afirma.
De acordo com ela, foram e continuam simbolizando o poder da economia brasileira homens como Jorge Gerdau (Grupo Gerdau) e Benjamin Steinbruch (Grupo Vicunha) – esses, sim, exemplos de sucesso concreto.
“O exemplo de Eike serve para pensarmos da seguinte maneira, usando uma metáfora do futebol, como o ex-presidente Lula tanto fazia: o Brasil não está com esta bola toda.”

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