Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 2 de março de 2010
02 de março de 2010 | N° 16262
MOACYR SCLIAR
Privada e privacidade?
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, fez manchetes com sua campanha contra o péssimo hábito de urinar na rua. Uma questão que não se resolve pela simples proibição: a pessoa faz xixi ao ar livre movida por uma necessidade que não raro adquire o caráter de urgência.
A solução é o chamado “fraldão”, um mitório de rua, criado pela firma holandesa Patent (cujo nome, como se vê, condicionou destino).
Uma estrutura muito simples, em que a pessoa (homem, obviamente) tem um orifício pela frente e, por trás, uma espécie de porta, de uns 50cm de altura, e que oculta apenas a cintura pélvica. Não chega a representar uma defesa completa do pudor, mas já é algo.
Agora: nem todo mundo tem vergonha de urinar, ou mesmo de evacuar, em público. O Nobel de literatura V.S. Naipaul, que é caribenho, mas de origem indiana, visitou o país dos antepassados e ficou surpreso ao ver várias pessoas aliviando-se na rua. E muita gente não protestou por estar sendo observada.
No passado, fazer as necessidades em público era parte da rotina diária, inclusive da realeza. Na França, os reis recebiam as pessoas sentados num trono que era um trono mesmo, e não no sentido humorístico do termo: uma combinação de cadeira com vaso sanitário.
Quando um assessor dizia que tinha levado uma mijada do soberano, estava descrevendo o que em parte tinha acontecido. O povo em geral só contava com os lugares públicos. O fedor dos jardins no palácio de Versalhes era insuportável.
Estranho? Talvez, mas temos de lembrar que, no passado, tudo era público, todos os fatos da vida: as mulheres, por exemplo, davam à luz em meio a outras mulheres. Aí surge a noção de privacidade, e a privada (significativa denominação) passa a fazer parte da vida cotidiana: já não era possível viver sem o toalete.
Em 1694, a Duquesa de Orleans, que estava numa casa de campo, escreveu a uma amiga: “Você tem a sorte de poder evacuar quando quer. Eu não: a casa não tem latrina. Tenho de sair à noite para defecar lá fora. Todos os que passam podem ver meu traseiro.”
Ou seja, para esta aristocrata francesa, o fraldão seria um luxo. Conclusão: apesar de tudo, a humanidade evolui.
Agradeço as mensagens de Lucio Carvalho, Ricardo Lubisco, Irene Pinto Martins, Mar Wieczorek, Denise Ceroni, Alberto Oliveira, Antonio Xavier Balbe, José Diogo Cyrillo da Silva, Dirceu Reis da Silva. O Dr. Flory Guedes, que é médico e escritor, estranha o uso da palavra “poeta” para uma autora, e pergunta se a palavra não é masculina. É, Dr. Flory, mas mulheres que fazem poesia não gostam de ser chamadas de “poetisas”, com certa razão: o termo ficou meio depreciativo.
A propósito da matéria que escrevi sobre Punta del Este, recebi cumprimentos de Maria Martha Aldunate, representante no RS do Ministério do Turismo e Esporte do Uruguai. Já a professora Maria do Carmo Vasconcellos Passos diz que jovens gaúchos que se envolveram numa briga em Punta foram presos e maltratados pela polícia, contra o que ela protesta.
E um comentário médico: nos últimos tempos, o processo de arteriosclerose tem sido cada vez mais associado com inflamação dos vasos e com infecções. Esta hipótese já havia sido levantada pela médica gaúcha Maria Inês Azambuja Reinert num congresso em Montreal (1994).
Artigo da doutora Maria Inês aparece no último número do The Lancet, o que é motivo de orgulho para a medicina gaúcha.
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