terça-feira, 14 de abril de 2009



14 de abril de 2009
N° 15938 - PAULO SANT’ANA


Os shoppings cederam

Eu confesso que não sei bem o que deva ser feito, mas é assustador o nível de criminalidade a que chegamos.

Pensava-se que os shoppings fossem o último reduto de segurança da sociedade chamada organizada.

Com estacionamento, delimitação uniforme da localização das lojas, saídas e entradas distintas, podendo ser vigiadas por seguranças privados, os shoppings eram considerados, por comerciantes e clientes, ilhas de segurança.

No entanto, os dois assaltos a joalherias dos shoppings Total e Bourbon Ipiranga ocorridos no último fim de semana revelam a fragilidade também da segurança nos shoppings.

Em ambos os assaltos, os bandidos obtiveram êxito e carregaram as joias das joalherias.

Além desses dois assaltos, um outro causou estupefação no fim de semana: uma quadrilha organizada submeteu durante toda a madrugada o Hipermercado Carrefour a total domínio, abrindo com maçaricos os cofres e levando os valores.

Visivelmente, a segurança privada dos shoppings e dos supermercados está engatinhando em face da eficiência das quadrilhas de assaltantes.

Não é crível a facilidade com que são assaltadas joalherias em shoppings, com saídas localizadas. Simplesmente são feitas “limpas” nas lojas, sem qualquer vigilância efetiva do sistema de segurança dos shoppings.

É de se supor que no caso das joalherias, que guardam objetos de grande valor, a segurança sobre elas deveria ser especial, principalmente dentro de um shopping.

Compreende-se que, diante da insegurança geral, as lojas de rua, isoladas, sozinhas em uma quadra, com facilidade de fuga dos assaltantes, sejam totalmente devassáveis.

Não há estabelecimento comercial de rua que não tenha sido assaltado em Porto Alegre. Muitos deles já foram assaltados várias vezes, cada um.

Mas assalto a lojas de shoppings assume um nível de irrazoabilidade.

Porque se imagina que um shopping seja uma fortaleza, uma edificação segura, onde os comerciantes se refugiaram pela segurança que o estabelecimento inspira.

Mas não, com esses assaltos pontuais a lojas dos shoppings, elas começaram a se igualar aos comércios de rua na insegurança total.

Suponho que, como os shoppings cobram muito caro dos lojistas, taxas realmente volumosas pelos aluguéis e outros itens, compreendendo certamente segurança, tenham eles responsabilidade civil solidária com os comerciantes neles estabelecidos, no caso de prejuízos com assaltos.

No caso do Hipermercado Carrefour, surpreende também que um complexo de tal monta tenha se revelado completamente desprotegido não contra um assalto, mas contra uma verdadeira ocupação que os assaltantes realizaram lá no fim de semana.

Os shoppings e os supermercados vão ter de mudar completamente a sua estratégia de segurança. Elas vão ter de se tornar rígidas, equivalentes à dos carros-fortes nos transportes de valores, com guardas bem treinados e fortemente armados.

Porque desses assaltos se transmite uma ideia de falta de segurança nos shoppings que se contagia entre a população.

Assim como os shoppings transmitiam a ideia de segurança entre seus frequentadores, agora começam a transmitir medo.

Não tem mais limites a ousadia e impiedade dos assaltantes: eles atacavam colégios, creches, igrejas em pleno culto, capelas funerárias e houve até, pasmem, assaltos a quartéis, com roubo de armamento.

Mas essa de assaltos nos shoppings é demais. Assim não há mais lugar para viver sem medo. Ou, melhor, sem terror coletivo.

Nenhum comentário: