sábado, 9 de agosto de 2008



09 de agosto de 2008
N° 15689 - PAULO SANT’ANA


Cravo e ferradura

Recebo de entidade sindical do Grupo Hospitalar Conceição e transcrevo: “Caro jornalista Paulo Sant’Ana.

A tua coluna tem prestado uma enorme contribuição à sociedade gaúcha, principalmente quando te referes a temas como educação, segurança e saúde. As tuas publicações sobre a situação da saúde pública têm sido de excelência, demonstrando uma incontida indignação que nós, trabalhadores da saúde, infelizmente, somos obrigados a compartilhar.

O sistema de saúde pública está mergulhado numa crise sem precedentes, podemos afirmar até crônica, muito mais pela má gestão do que em razão da falta de recursos financeiros.

Trabalho no Grupo Hospitalar Conceição há praticamente 20 anos e nesse período nunca ocorreu atraso nos repasses provenientes do Ministério da Saúde, por outro lado, a partidarização da gestão do GHC levou à balcãnização e à proliferação de chefias superiores freqüentemente desprestigiadas por sua falta de competência e pela parcialidade.

Muitos servidores deixaram de ser responsabilizados e dignificados em função de seu mérito e esforço, instalando-se um ‘salve-se-quem-puder’.

Os 7 mil trabalhadores do grupo estão submetidos a uma administração loteada entre PC do B, PT e PMDB, cada um com seus vários assessores de livre nomeação e mais 21 gerências (se estivéssemos em um país sério, não passariam de oito).

Somos obrigados a conviver com um número sem fim de coordenações e assistentes, cargos loteados para ex-deputados, ex-vereadores, irmão de deputado, esposa de vereador e uma penca de apadrinhados políticos que recebem todo mês, religiosamente, salários entre R$ 10 mil e R$ 20 mil.

Querido Paulo Sant’Ana, dá para acreditar que uma organização que recebe repasses anuais na ordem de R$ 700 milhões pode ser bem gerida quando os seus máximos dirigentes só se mantêm em seus postos por quatro anos?

Como é difícil, para não dizer impossível, encontrarmos entre os apadrinhados um administrador minimamente preparado para a função pública, que não busque sobrepor as suas conveniências e comodidades à defesa de uma visão de Estado, seja ela qual for.

Precisamos no serviço público, e em especial na saúde, uma gestão profissionalizada e não partidarizada, caso contrário, a população continuará clamando por atendimento médico, leitos e, quando conseguir, contar com ajuda divina para não ser acometida por uma infecção hospitalar, que continua a infestar os hospitais da Capital.

Para finalizar, nos hospitais do Grupo Hospitalar Conceição temos capacidade instalada e mão-de-obra qualificada para atender muito mais e com melhor qualidade, necessitamos apenas de direção e gestão eficiente. (ass.)

Arlindo Nelson Ritter, presidente da Associação dos Servidores do Grupo Hospitalar Conceição e representante dos trabalhadores junto ao Conselho de Administração do GHC. Fone: 3013-6200”.

A resposta chega a tempo de sair na mesma coluna: “Prezado Paulo Sant’Ana. Pela tua parceria histórica em defesa da saúde e dos direitos da população, portanto, do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) e do SUS, queremos te passar algumas informações referentes à instituição:

1. Os hospitais do GHC (Conceição, Criança Conceição, Cristo Redentor e Fêmina) atendem 100% pelo SUS, de portas abertas 24 horas nas suas emergências.

2. Nos pautamos por uma Agenda Estratégica (2007-2010), com diretrizes e metas, aprovada pelo Conselho de Administração do GHC.

3. Do quadro geral dos funcionários do Grupo, de 7.248 trabalhadores, apenas sete são assessores de livre nomeação. Do total de 307 funções gratificadas, 97,71% são concursados do GHC ou das esferas municipal, estadual ou federal. Dessas, 90,22% são concursados do Grupo.

4. Em números de atendimentos no primeiro semestre de 2008, o GHC registrou, mensalmente, 64.449 consultas programadas, 4.772 internações (36% das internações de Porto Alegre), 2.758 cirurgias, 874 partos (50% dos partos realizados pelo SUS em Porto Alegre), e uma média de 1.838 atendimentos diários em suas emergências.

5. Neste primeiro ano de gestão, citamos algumas ações desenvolvidas: criação de 700 novas vagas de trabalho; inauguração da nova emergência do Hospital da Criança Conceição, aumentando a capacidade instalada para 226 leitos; este ano, a UTI do Hospital Conceição contará com 30 novos leitos; em construção a nova emergência e UTI do Hospital Cristo Redentor, com ampliação de 12 leitos; criação da Linha de Cuidado Saúde do Trabalhador e ampliação da licença-maternidade às trabalhadoras do GHC para 180 dias;

6. Em um ano de gestão, recebemos o prêmio Top of Mind 2008, da Revista Amanhã, símbolo do reconhecimento dos usuários e comunidade, onde o Conceição é o segundo hospital mais lembrado pelos porto-alegrenses, ficando apenas 0,8% atrás do primeiro colocado, o Mãe de Deus, e o mais popular entre as classes D e E. O Hospital Cristo Redentor foi o mais citado pela classe C.

Um abraço amigo da Jussara Cony, diretora superintendente do Grupo Hospitalar Conceição”.

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