sexta-feira, 1 de agosto de 2008



01 de agosto de 2008
N° 15680 - David Coimbra


Mulher dirige mal

É óbvio que as mulheres dirigem pior do que os homens. Todo mundo sabe disso.

Você está levando o carro tranqüilão, ouvindo o Pretinho Básico e, na sua frente, uma Ç!*&¨%$%¨@ de uma caminhonete roda a 30 por hora, entre as duas pistas, trancando o tráfego inteirinho. É uma mulher que está atrás do volante. Claro. Sempre é.

Ou: algum pústula demora cinco minutos para fazer uma curva ou corta a sua frente bruscamente - é mulher ao volante, só pode ser mulher.

Pior: as mulheres não têm nenhuma solidariedade no trânsito. Uma mulher não espera para você entrar na avenida ou para tirar o carro do local em que está estacionado. Uma mulher atravessa a *&¨@*%$ da sua caminhonete na rua e ocupa duas vagas em vez de uma.

As mulheres dirigem mal, cara.

Mas é raro uma mulher causar um acidente importante. Com vítima fatal, então, é quase nunca. Os homens são responsáveis por mais de 85% dos acidentes com morte, talvez até mais.

Por que isso? Porque as mulheres têm medo.

O homem, cheio de confiança na sua perícia, voa pelas ruas. Se não há muito trânsito e ele ouve uma sonzeira, tipo, sei lá, a Amy Winehouse, aí, sim, o cara se emociona e dirige como se estivesse num filme, ele sendo o herói, ele sendo o Brad. É nessas que o homem bate com o carro e mata ou machuca gente.

O medo, portanto, faz bem. Nem sempre, lógico. A Cláudia Laitano, por exemplo. A Cláudia Laitano comprou um carro, certa feita. Bom carro. A Cláudia Laitano pagou pelo carro, mandou buscar o carro, colocou o carro na garagem. O passo seguinte foi aprender a dirigir.

O que se transformou num drama para a Cláudia Laitano. Ela não conseguia. Rodou várias vezes no teste da auto-escola, a baliza para ela era formada pelas traves da dor. Até que passou. Tirou a carteira. Um dia, a Cláudia Laitano decidiu sair com seu flamante veículo.

E, tesa na direção, angustiava-se com os outros carros a sua volta, com os ônibus que a acossavam, com as carroças que dobravam esquinas, com os pedestres temerários. Decidiu vender o carro. Hoje só anda de táxi. O medo foi maior do que seu desejo de independência no transporte.

Já outra colega nossa decidiu enfrentar o medo. Dirigia pela cidade com o psicanalista aboletado no banco de trás, indagando-lhe sobre a mãe e talicoisa. Por Deus que ela fez isso. E, ao contrário da Cláudia Laitano, ainda dirige por aí.

Só que medonhamente. Já obtive relatos horripilantes a respeito da maneira canhestra como ela guia. Não revelarei sua identidade, é evidente. Só conto que vem de uma cidade com nome de um bicho que estava fora de forma ao ser homenageado.

Nesse caso, o medo seria positivo. Muitas vezes é. Os percentuais de acidentes de trânsito só caíram, desde a implantação da Lei Seca, devido ao medo da punição.

Não é por causa do índice de álcool permitido, a tal tolerância zero. É a multa, o recolhimento da carteira, a impossibilidade de o infrator dirigir durante um ano.

Se o índice fosse o mesmo da lei antiga, os tais 0,6 pontos, os percentuais de acidentes teriam igual queda. Desde que a punição fosse certa e inevitável. Foi isso que mudou. Foi o medo. E aí, está provado, foi um medo bom.

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