sexta-feira, 4 de maio de 2018



Vida além da ficção 

Gigante figura (Livros do Riacho, 176 páginas), do professor universitário e escritor Fabrício Silveira, é sua primeira narrativa de ficção. Silveira é autor de Grafite expandido e rupturas instáveis (Modelo de Nuvem, 2012); Entrar e sair da música pop (Libretos, 2013); e Música pop e cultura underground em Manchester (Belas Letras). 

A obra apresenta desenhos noir de Denny Chang. A história é inspirada na vida de Ugo Battista, considerado o homem mais alto do mundo em apresentações circenses na passagem do século XIX para o XX. A trajetória fascinante de Battista, nascido em Vinadio em 1876, no Norte da Itália, e falecido em Calgary em 1916, em plena Belle Époque, no dizer da jornalista e escritora Julia Dantas, na apresentação, é um daqueles casos em que a vida supera a ficção. 

Diz Julia que o autor não fez mera biografia e, sim, utilizou a rica matéria-prima para elaborar literatura das boas, com narrativa estruturada de modo engenhoso, linguagem precisa e estilo envolvente, além de unir entretenimento com qualidade técnica irrepreensível. Battista era lenhador e tornou-se atração de circo, virando uma espécie curiosa de celebridade no período de transição para o mundo moderno. Ficou conhecido como o "Gigante dos Alpes Marítimos" e testemunhou acontecimentos marcantes da Europa e dos Estados Unidos. 

A história de Battista serviu para uma leitura afiada e analítica do que era uma sociedade urbana estabelecida em padrões do corpo e comportamento. Silveira diz que fez um exercício de transficcionalidade, no qual um personagem real é atravessado por ficções no contexto do surgimento dos freak shows. O autor consultou livros e filmes sobre o período. A narrativa de Silveira é atravessada por outra narrativa de ficção, o breve romance biográfico Figura gigante, escrito pelo crítico literário italiano Nico Orengo sobre a vida de Ugo Battista. 

O escritor Daniel Galera escreveu sobre a obra: "a linguagem adotada é curiosa e bem particular, uma espécie de ficção enciclopédica, não no sentido de ser prolixa e transbordante de situações e detalhes, mas no sentido de sua condensação: o desenvolvimento da ação é sucinto, sóbrio, quase analítico. Existe uma tensão no estilo do texto: uma narrativa histórica temperada de ficção, de caráter quase fantástico, mas narrada com uma certa frieza de historiador. O resultado é original e intrigante". 

Deve ser saudada a estreia literária de Fabrício Silveira, madura e promissora. 

lançamentos 

Um cara coçava as costas da minha mãe no baile (Kotter Editorial, 92 páginas), do consagrado escritor e professor Paulo Ribeiro, autor de Vitrola dos ausentes e O transgressor, entre outros, trata da vida de Achilles, filho de mãe solteira. 

Ele é garçom no baile em que ela é mulher mais exuberante. Na festa, Led Zeppelin, Beatles e Yoko Ono vão proporcionando a formação musical de Achilles. Press - AD Advertising (edição 184), revistas de jornalismo e publicidade dirigidas pelo jornalista e editor Júlio Ribeiro, apresentam matérias sobre a ditadura dos likes no jornalismo, sobre Assis Chateaubriand, o nosso cidadão Kane, e pesquisa sobre erros nos lançamentos de campanhas e produtos. Coluna de Ana Paula Jung sobre ética e texto sobre John Emory Powers também na edição. 

A mandala do sabor (AGE Editora, 42 páginas, R$ 26,00), da escritora Denise Weinréb, com ilustrações de Luiza Coutinho, apresenta poemas, música e brincadeiras sobre alimentação saudável, dirigida a crianças. A obra tem patrocínio do Banrisul via Ministério da Cultura. De A a Y, o livro fala de frutas, verduras e cereais, de modo lúdico e atraente para os pequenos. - 

Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2018/05/colunas/livros/624900-vida-alem-da-ficcao.html

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