sexta-feira, 11 de maio de 2018



Tropicália 

Detalhe da capa do livro REPRODUÇÃO/JC Jaime Cimenti Neste ano que lembramos, analisamos e comemoramos os acontecimentos de 1968, o importantíssimo movimento cultural Tropicália, que surgiu entre 1967 e 1968, deve ser visto como um de seus protagonistas. A Tropicália se iniciou com músicos criativos como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé, Capinam e outros, e contou com cantoras do porte de Gal Costa, artistas plásticos como Hélio Oiticica e cineastas como Glauber Rocha. 

O legado da Tropicália, que criou novos padrões, mas respeitou algumas tradições, se faz sentir até hoje. Tropicália - Gêneros, identidades, repertórios e linguagens (Educs, 344 páginas), segunda edição ampliada e atualizada, traz 14 textos de vários autores, organizados pelas professoras-doutoras Ana Mery Sehbe De Carli e Flávia Brocchetto Ramos e também dois trabalhos delas. 

O hibridismo semiótico da Tropicália, a relação com a Bossa Nova, a suprassensorialidade da arte, Gil e Caetano, arquitetura e contracultura, o antropofagismo musical no Rio Grande do Sul e outros tópicos estão na obra. Mesclando aspectos arcaicos e modernos, os músicos baianos a partir de 1967 buscavam inserção no mercado da produção cultural e na sociedade de massa, sem, contudo, deixar de criticá-los. 

Questionavam a direita reinante e ao mesmo tempo uma estética de esquerda que menosprezava a forma artística surgida. Escreveu Lúcia Santaella, na contracapa: "Além da evidente herança antropofágica do tropicalismo, lembrada por muitos dos seus teóricos e críticos, um dos seus traços mais marcantes encontra-se na mistura de gêneros, identidades, repertórios e linguagens. Essa mistura é tratada neste livro como manifestação criativa de um hibridismo semiótico, capaz de amalgamar o popular e o erudito, a criação e a crítica, o deboche e a festa, a música e sua teatralização. 

Opondo-se aos preconceitos de que só há redundância nos meios de massa, a Tropicália soube trazer para o meio televisivo o 'biscoito fino' de um enredo sonoro novo: corrosivo, risível, mas, sobretudo, inventivo". Tropicália - Gêneros, identidades, repertórios e linguagens apresenta diversos olhares sobre o movimento, a partir de vários ângulos, através de ensaios apresentados no colóquio sobre o movimento, realizado na Universidade de Caxias do Sul em 2007. A obra inspira novos estudos e mostra que a Tropicália vive. 

lançamentos 

Alcides Cruz: perfil parlamentar (14º volume da Série Perfis, organizada pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, edição da Assembleia Legislativa do RS), homenageia o homem negro nascido em 1867 em Porto Alegre, onde faleceu em 1916. 

Foi jurista, jornalista, professor universitário e deputado estadual por várias legislaturas com grande brilho, num cenário contrário aos negros. Importantíssimo resgate para todos. Enfeitiçados todos nós (Editora Insular, 120 páginas), do consagrado romancista e contista gaúcho Lourenço Cazarré, é a nova edição da coletânea de contos que venceu o importante Prêmio Nestlé da Literatura Brasileira em 1984, acrescida de três contos. 

Vidas sofridas de moradores de vilas humildes são narradas em prosa forte, clara e envolvente. Cazarré tem o que contar e sabe como. Nina - Desvendando Chernobyl (Editora AGE, 160 páginas), contos da psicanalista, romancista e contista Ariane Severo, retoma a temática de Svetlana Aleksiévitch, Nobel de Literatura de 2015, sobre os que sofreram com a terrível catástrofe de Chernobyl, ocorrida em 1986 e que matou mais de cem mil pessoas. 

Nina, psicanalista brasileira nascida em Moscou volta à União Soviética para ajudar pessoas e entender o desastre de sua própria vida. - Jornal do Comércio http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2018/05/colunas/livros/626156-tropicalia.html

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