
10 de outubro de 2013 |
N° 17579
ARTIGOS - Carlos Alberto
Fuhrmeister*
A desinformação oportunista
No artigo Fraudes contra o SUS
publicado neste espaço ontem, é possível constatar que a desinformação pode
levar ao desrespeito. Um médico sanitarista, mal informado ou dotado de
safadeza, trouxe dado impreciso publicado no dia 6 de março do corrente ano em
matéria do Informe Econômico da Zero Hora.
O ignorante articulista (no
sentido expresso da palavra por desconhecer) não teve a dignidade de verificar
a correção da informação feita no dia seguinte (7 de março), no mesmo espaço.
Ali está corretamente citado que a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
realiza 65% do total dos seus atendimentos ao Sistema Único de Saúde, conforme
preconiza a Lei da Filantropia.
O desinformado articulista não
tem o mínimo conhecimento de que a Santa Casa de Porto Alegre é a segunda
instituição privada sem fins lucrativos do país em volume de atendimento ao
Sistema Único de Saúde, são mais de 2 milhões por ano. Também desconhece a
importância dos 35% dos demais atendimentos a convênios e particulares como
parcela das fontes geradoras de resultados para equilibrar o custo e a receita
na assistência ao SUS. São mais de R$ 70 milhões/ano de déficit (já
considerados os benefícios sociais de direito), viabilizados pela própria
instituição no pleno exercício da sua missão social, bicentenária. A grandeza e
a história da Santa Casa de Porto Alegre não merecem tamanho desrespeito.
A desinformação do médico
sanitarista foi além, atingindo as 2,1 mil instituições filantrópicas do
Brasil. Essa rede responde por 51% das internações SUS. Sem esses hospitais,
150 milhões de brasileiros não teriam quem cuidasse da saúde deles. Fala o
desinformado articulista sobre a tabela do SUS. Sabe ele da defasagem histórica
dos pagamentos? Sabe ele que as instituições trabalham com um déficit anual
superior a R$ 5 bilhões? Também deve desconhecer que os benefícios inerentes a
ser filantrópico não chegam a R$ 2 bilhões/ano. O ilustre articulista não sabe
dessa realidade, ou não quer conhecê-la.
No Rio Grande do Sul, a rede de
hospitais filantrópicos, formada por 245 instituições, não é complementar ao
atendimento SUS, e sim a principal estrutura da saúde deste Estado. Atende mais
de 70% dos pacientes SUS gaúchos, acumulando déficit anual superior a R$ 400
milhões. É de registrar que a sensibilidade dos atuais gestores tem ajudado
parcialmente no enfrentamento desta questão.
O desinformado médico sanitarista
deixou claramente expressa a fundamentação oportunística da sua manifestação
quando opina que os hospitais deveriam ser “desapropriados”, demonstrando sua
avidez de contrariedade ao que é privado, mesmo sabendo que o público custa
para a sociedade até oito vezes mais. A ideologia comprometida, varrida das
melhores intenções, com certeza, não faz bem à saúde pública.
Talvez a maior fraude contra o
SUS está na expressão dos comprometidos desinformados e alheios à verdade do
que significa fazer o bem, mesmo que encontre pela frente pessoas que queiram
destruir.
*Diretor-geral e
administrativo da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto
Alegre
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