Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
31 de agosto de 2010 | N° 16444
MOACYR SCLIAR
Poesia eleitoral
Deveríamos ter dois tipos de eleição. Uma que escolheria pessoas dignas, sérias e competentes para ocupar cargos públicos. Outra que selecionaria os candidatos, digamos assim, mais criativos; aqueles que fazem a propaganda mais imaginosa, em termos de apelidos, de lemas. Nesta segunda eleição, os autores de versinhos teriam seu talento reconhecido.
Tomem o caso do Tiririca, que nas últimas semanas foi presença constante no noticiário, graças ao “Vote Tiririca, pior que tá não fica”, que Camões, ou Drummond, ou Quintana dificilmente aplaudiriam, mas que todo mundo repete.
Numa entrevista, o candidato confessou que nada sabe de legislativo e que não tem muita idéia do que vai fazer; mas, seja ou não eleito, seu bordão está consagrado, e talvez inaugure uma nova tendência, um novo gênero literário, a poesia eleitoral.
Se, digamos, os colegas colunistas aqui de ZH quiserem se candidatar, alguns slogans emergem de imediato. Por exemplo, o Verissimo: “Seu voto não é levíssimo, portanto vote no Verissimo”. Ou a Martha (não a Suplicy, a nossa): “Em Atenas ou Esparta, nós só votamos na Martha” (Atenas ou Esparta nada têm a ver com as eleições gregas, é simples figura de retórica). E o mais popular dos colunistas: “Para os políticos dou uma banana, eu só voto no Sant’Ana”. E olhem só essa: “Vim, vi e venci, porque eu só voto no David”.
O D mudo no final atrapalha um pouco, mas se não impediu o David bíblico de derrotar o feroz Golias, também não serve de obstáculo para libertária poesia. E já que falamos em David, evoquemos o Moisés: “Se para o futuro tu tendes, vota no Moisés Mendes”.
Lembrando os companheiros de sala do Moisés: “Da corrupção vou rir, votando no Olyr”; e “Confiança não me falta para votar no Clovis Malta”, finalizando com (ela é de uma fantástica dedicação): “Corrupto comigo não se mete, porque eu voto na Suzete”.
Falando em David, e em crônica esportiva: “À urna alegre fui, e, claro, votei no Ruy”. Ou: “Mesmo sob a ação do martini, não deixo de votar no Zini”. Uma monarquista: “Se for votar para rei, meu candidato é o Wianey”. E vejam essa: “Se os recursos são parcos, pensem no Mário Marcos”. Nome lendário: “Em matéria de tradição, sou sempre o grande Falcão.”
Saindo da crônica esportiva, entra o Roger: “Vá ver se estou na esquina e depois vote no Lerina”. E olhem só esta, para a Mariana Bertolucci: “Aqui está um belo tip, vote na moça do RSVIP” (tip no sentido de conselho, obviamente). Falando sério: “Com a democracia tenho um trato, só voto no Liberato”.
E esta, inspirada: “Em mim a mosca azul não pousa, eu só voto no Nilson Souza”. Jovens colunistas: “Se só por bem é que tu ages, deves votar na Claudia Tajes”. Ou: “A democracia precisa de ar, portanto vote no Carpinejar”.
Mais uma: “Entra ano, sai ano, a candidata é a Cláudia Laitano”. Outra: “Votar bem é uma delícia, quando a candidata é a Letícia”. Cultural: “O futuro realidade é, quando votamos no Carlos André”. Grandiosa: “Do futuro sobre o dorso, voto na Diana Corso”.
Esta deu um pouco de trabalho: “Candidato que não seja vetusto? Fischer, o Luís Augusto”. Uma que veio fácil: “Candidato varonil, é o grande Assis Brasil”. Ainda na área cultural: “Tranquilo e sereno, eu voto no Moreno”. Querem mais? “Em silêncio, sem barulho, trabalha o grande Tulio” e “Lépida e fagueira, triunfa Rosane de Oliveira”.
O espaço está terminando, e não cheguei sequer a um décimo dos candidatos que eu recomendaria, porque a RBS é um colossal reduto de talentos: faltou rádio, faltou tevê, faltaram os outros jornais. Ou seja, faltou ar. Quem diz isso é o Moacyr Scliar.
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2 comentários:
Muito obrigada por ter postado isso! Realmente, estou maravilhada por reencontrar esse tesouro perdido. É do David Coimbra, li na Zero Hora e jamais esquecerei! Parabéns e obrigada ao autor do blog :) assinado: uma mulher gaúcha, antes menina, que ainda se deslumbra ao ver uma cena assim: um homem desfilando um saco de carvão à caráter, com toda a pompa e circunstância de um lorde bagual!
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