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sexta-feira, 27 de agosto de 2010
27 de agosto de 2010 | N° 16440
DAVID COIMBRA
A capital da muquiranagem
Eu mesmo quase nunca penso no Piauí. Ontem à noite, partilhava chopes cremosos e dourados e gelados com amigos. Cinco horas de charla e libação. E ninguém citou o Piauí. Nem nos jornais, nem na rádio, na TV, nada. Zero. Traço.
Jamais tenho notícias do Piauí. Não recordo de William ou Fátima algum dia terem pronunciado a palavra Piauí antes da novela. Não devem ocorrer tragédias por lá, suponho. O que será que acontece nas profundezas do Piauí?
Garanto que nossos gaúchos que tão bem sabem entoar o hino rio-grandense, que se ufanam de suas tradições pampianas e que se exibem dizendo que este é o Estado mais politizado e alfabetizado e bibibi, garanto que esses gaúchos fazem pouco do Piauí.
Pois lhes darei uma notícia: sabiam que há sete escolas de Teresina, capital do Piauí, mais bem classificadas no Enem do que qualquer escola de Porto Alegre, capital de todos os gaúchos? Eu disse SETE.
Mais: no país, há 184 escolas mais bem classificadas do que a primeira de Porto Alegre, o Colégio Israelita. Entre essas, escolas da Juazeiro do Norte, do Padim Ciço; do pequeno Cachoeiro, do Rei Roberto; de Ilhéus, de Jorge Amado; além de Conselheiro Lafaiete, Itatiba, Valinhos, Avaré, Alfenas, Ipirá, Simões Filho, Três Marias e tantas e tantas.
Surpreso? Eu não. Pelo seguinte: porque sei que, no Rio Grande do Sul, os partidos políticos são contra a meritocracia no ensino. Porque sei que Porto Alegre, que já foi a terceira cidade do Brasil, hoje é a 12ª. Porque ando pela cidade pichada, depredada e malcuidada. Aponte uma rua de Porto Alegre que não tem buraco e, como prêmio, você poderá ver o pôr do sol no Guaíba inteiramente de graça.
Com que se preocupam os administradores de Porto Alegre quando vão realizar uma obra? Em primeiríssimo lugar, com o preço. É a muquiranagem cidadã.
Um exemplo prosaico: as obras no Arroio Dilúvio. As pedras de grés que revestem os taludes do riacho estão sendo retiradas e, no lugar, a prefeitura coloca placas de concreto. As pedras de grés estavam ali por um motivo: porque se harmonizavam com o conjunto do riacho, com seus canteiros, suas pontes históricas.
O concreto desfigura a obra. Mas quem se importa? Concreto é mais barato. Além disso, o Arroio Dilúvio nem riacho é considerado, mas valão. Contraditório para uma população que diz cultivar suas tradições.
Mas não estou aqui a culpar só a prefeitura. A prefeitura não picha, não mutila monumentos e telefones públicos, nem joga lixo na rua. As culpas são várias. E levantá-las nem é importante, talvez seja ruim.
Prova-o a situação da Educação. Você pergunta por que a Educação do Rio Grande do Sul é pior do que a do Piauí e o Cpers responderá que a culpa é do governo e o governo responderá que a culpa é do Cpers. Todos apontam culpas, ninguém indica soluções.
Porto Alegre tem solução. Não a Porto Alegre da muquiranagem pública ou da falta de educação do público. Tem solução a Porto Alegre que, ainda esta semana, lotou um auditório de 3 mil lugares para ouvir e aplaudir Daniel Cohn-Bendit no incomparável Fronteiras do Pensamento. Tem solução a Porto Alegre da Feira do Livro. Do Em Cena.
Dos museus do Centro. Tem solução a Porto Alegre da boa vontade. Não tem a da rançosa oposição.
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