sexta-feira, 29 de setembro de 2023


29 DE SETEMBRO DE 2023
DANIEL SCOLA

Final feliz para Shakira

A chuva intensa que atingiu o Vale do Taquari no início de setembro deixou um rastro de destruição. Moradores de diversos municípios perderam casa e móveis em decorrência da enxurrada. É o caso de José Carlos Zerwes, de Roca Sales. Durante a tempestade, na madrugada do dia 6, ele buscou abrigo na casa de um vizinho, como relatou ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha.

Ao contabilizar as perdas e a necessidade de reconstruir a residência, ele e a esposa decidiram cortar custos. E uma saída foi colocar à venda a égua Shakira. O casal não contava, no entanto, com um gesto de solidariedade: a família recebeu uma proposta inusitada, com o comprador aceitando pagar o valor desde que Zerwes ficasse com a égua.

Além disso, o "novo dono" da égua repassou mais R$ 1 mil para outros custos com Shakira. Sensibilizado com o gesto nobre, Zerwes aceitou a oferta.

- Tinha optado por vender minha égua para diminuir custos. Não é nem pelo valor que ia arrecadar com ela, porque é baixo. É uma égua não documentada, já tem idade e não valeria muito pelo valor financeiro, mas pela manutenção dela, que custa R$ 250 por mês. No momento é bastante - disse.

A manutenção de Shakira na família também carrega outro simbolismo. Durante anos ela participou da celebração de Natal na cidade.

- Durante as cavalgadas, ela levava o Papai Noel. Na véspera de Natal, tinha um grupo de amigos que juntava bala. E eu a emprestava para o Papai Noel distribuir balas pela cidade - afirma Zerwes.

Perdas

Apesar do susto, ele afirma que a família teve apenas perdas materiais.

- A gente perdeu a casa, outros perderam alguém da família. Garanto que essa gente que perdeu alguém da família trocava tudo que eu perdi para ter essa pessoa de volta - destaca.

No dia da chuva, Zerwes diz que a água tomou conta da casa rapidamente.

- A gente sempre se preparava, tirava parte dos móveis. Uma parte a gente erguia, só que veio muito rápido a enchente - frisa.

Da janela do segundo piso da casa do vizinho, eles observavam outras pessoas buscando refúgio em cima do telhado durante a chuva. Alguns, inclusive, pedindo por socorro.

- A correnteza era muito forte, não tinha como socorrer alguém durante a noite. Então foi triste - relembra.

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